Retomada de navegação Tietê-Paraná favorece Goiás
Diário da Manhã
Publicado em 21 de março de 2022 às 12:18 | Atualizado há 3 anos
A Hidrovia Tietê-Paraná, administrada pelo Departamento Hidroviário de São Paulo, voltou a operar terça-feira passada, após meses de paralisação por causa da seca. A retomada acontece de forma gradativa, com calado inicial de 2,40m, e a previsão é que atinja a forma plena até o final do mês de março.
O trecho mais atingido por conta da falta de chuva na região, desde agosto do ano passado, foi o do pedral de Nova Avanhandava, em Buritama – entre Pederneiras (SP) e São Simão (GO), e por onde normalmente são escoadas as produções agrícolas para os reservatórios de Três Irmãos e Ilha Solteira.
“Temos no estado um corredor logístico de commodities que engrossa o PIB brasileiro, e leva mais emprego e renda para as populações de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. Além dos ganhos regionais, o transporte hidroviário é cerca de 30% mais barato se comparado ao ferroviário e 50% mais em conta em relação ao rodoviário. A hidrovia tem sido uma prioridade dessa gestão, com investimentos em obras e em novas tecnologias que estão ampliando a capacidade de transporte em toda a sua extensão”, completa Rodrigo.
“Com essa retomada, vamos fazer com que toda a capacidade de movimentação de carga do agronegócio, que vinha crescendo significativamente em São Paulo, volte a ter um bom desempenho. Isso é fundamental para a economia do país, proporciona o desenvolvimento econômico, gera renda e empregos”, afirma João Octaviano Machado Neto, secretário estadual de Logística e Transportes.
Para o diretor geral do Departamento Hidroviário, José Manoel de Oliveira Reis, inicialmente, será possível navegar com calado (distância entre a ponta do casco e o nível da água) de 2,40m. “Progressivamente vai aumentar até 31 de março, quando será possível navegar com o calado normal de 2,70m”, disse.
A decisão de liberar a Hidrovia Tietê-Paraná foi tomada após reunião entre representantes do DH, órgão vinculado à Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente de São Paulo, do Departamento de Águas e Energia Elétrica, Operador Nacional do Sistema Elétrico, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, do Ministério da Infraestrutura e da Casa Civil da Presidência da República.
A hidrovia Tietê-Paraná chegou a ter 10 comboios operando, de um total de 24 que funcionavam de janeiro a maio de 2021. Crises hídricas como a que estamos superando afetam diretamente o transporte da produção agrícola do Brasil. “É por isto que a Secretaria de Logística e Transportes entende que é importantíssimo mudar a matriz energética do país para diminuir a dependência das hidroelétricas”, emenda João Octaviano.
Produções agrícolas e ganho ambiental
Pela hidrovia são escoadas as produções agrícolas para os reservatórios de Três Irmãos e Ilha Solteira com destino a São Simão (e vice-versa). Dos 2.400 km de extensão de toda a hidrovia Tietê-Paraná, 800 km estão no Estado de São Paulo.
O Governo de SP, por meio do Departamento Hidroviário, tem investido na hidrovia com o objetivo de ampliar os canais de navegação e dar mais agilidade no transporte de cargas. Insistiu ainda nas tratativas com o ONS e outros órgãos envolvidos para garantir a retomada da navegação na hidrovia o mais rápido possível.
O transporte de cargas por hidrovia representa um importante ganho ambiental, já que cada comboio transporta em cargas o equivalente a 200 carretas pelas rodovias, o que representa uma diminuição significativa na emissão de gás poluente.
Níveis recordes
Antes da paralisação do pedral de Nova Avanhandava, em Buritama, a hidrovia Tietê, no trecho São Paulo, vinha transportando níveis recordes da produção agrícola brasileira, principalmente de soja e milho. Em 2020, somou 2,1 milhões de toneladas de cargas transportadas, mesmo com a pandemia. No ano anterior (sem covid-19), a movimentação foi de 2,5 milhões de toneladas no trecho de São Paulo, administrado pelo DH.
A hidrovia integra um grande sistema de transporte multimodal, apresentando-se como alternativa de corredor de exportação, conectando seis dos maiores Estados produtores de grãos: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. As principais cargas que opera são: milho, soja, óleo, madeira, carvão, cana de açúcar e adubo.