Ações de energia e saneamento disparam antes dos cortes na Selic e despertam interesse de investidores
Redação Online
Publicado em 9 de setembro de 2025 às 09:01 | Atualizado há 5 horas
As ações do setor de energia e saneamento vêm apresentando um desempenho impressionante nos últimos meses, impulsionadas pela expectativa de redução da Selic, que deve ser anunciada no início de 2026. Historicamente, companhias intensivas em capital e com alto endividamento são diretamente beneficiadas pela queda dos juros, já que o custo da dívida diminui e novos investimentos se tornam mais viáveis. Esse padrão não é novidade no mercado: análises de cinco ciclos anteriores de política monetária, nos anos de 2005, 2009, 2011, 2016 e 2023, revelam que o setor tende a se valorizar de forma antecipada aos cortes, acumulando ganhos expressivos mesmo antes da decisão do Banco Central. Em 2016, por exemplo, empresas de energia e saneamento subiram mais de 70% nos doze meses que antecederam o início da redução da taxa básica, além de mais de 50% nos seis meses anteriores, resultado que se consolidou como referência para investidores que buscam antecipar movimentos de mercado.
No atual ciclo, o índice UTIL B3, que reúne empresas de utilidade pública como distribuidoras de energia, companhias de saneamento e fornecedoras de gás, acumula alta superior a 38% entre janeiro e setembro, mais que o dobro da valorização do Ibovespa no mesmo período, que foi de 18,6%. Esse desempenho coloca o setor como protagonista na bolsa e aumenta a atratividade para investidores que buscam combinações de dividendos robustos com valorização de capital. A queda da Selic, além de baratear os custos de empréstimos, aumenta o fluxo de caixa disponível para distribuição, o que reforça a característica dessas empresas como pagadoras consistentes de proventos.
Entre as principais companhias destacadas por analistas estão Taesa, com histórico de lucros sólidos e distribuição generosa de dividendos, Engie Brasil, que se beneficia da diversificação em energias renováveis, Eletrobras, que após o processo de privatização ampliou sua competitividade, além de AES Brasil e Neoenergia, que possuem forte presença em projetos de expansão e podem aproveitar a queda do custo do capital para acelerar investimentos. Esses nomes aparecem recorrentemente em relatórios de casas de análise que recomendam posicionamento antecipado no setor, considerando que a valorização mais intensa tende a acontecer antes da efetiva mudança na política monetária, exatamente como mostram os levantamentos históricos.
No entanto, apesar da atratividade, os especialistas alertam que os riscos não devem ser ignorados. O setor de energia e saneamento é altamente regulado e sujeito a mudanças de tarifas, revisões contratuais e decisões políticas que podem impactar diretamente a rentabilidade das companhias. Além disso, fatores climáticos extremos, como secas prolongadas ou crises hídricas, podem afetar a produção de energia e aumentar custos, assim como oscilações no cenário internacional, principalmente ligadas ao fluxo de capitais em mercados emergentes. O diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos também exerce papel central, já que parte significativa dos investimentos nessas empresas depende da atratividade relativa em relação a ativos estrangeiros.
Diante desse quadro, a análise predominante é de que entrar no setor antes do corte da Selic pode ser uma estratégia vantajosa para investidores de médio e longo prazo, desde que acompanhada de cautela quanto ao ambiente regulatório e político. A valorização antecipada sugere que boa parte do movimento já está precificado, mas a queda efetiva da taxa pode consolidar ainda mais o setor como porto seguro de dividendos e estabilidade em um cenário de juros em declínio.