Barril de petróleo e dólar caem, mas inflação continua
Redação DM
Publicado em 30 de março de 2022 às 12:58 | Atualizado há 3 anos
A pandemia e a guerra entre Ucrânia e Rússia tem mexido com o mercado financeiro. Se há dois meses era difícil imaginar o dólar abaixo de R$5, isto tem acontecido nas últimas semanas. Este momento, até poderia ser favorável para o país, no entanto, com a inflação em alta desde o começo da pandemia, produtos agrícolas e combustíveis ainda estão subindo. Para explicar toda esta movimentação e com o isso atinge o bolso dos brasileiros, o Diário da Manhã com o professor adjunto da Faculdade de Economia (FACE) da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edson Vieira.
Conforme as explicações do professor, uma das principais razões que têm motivado a queda do dólar em relação ao real, diz respeito ao processo de elevação da taxa básica de juros pelo Banco Central, a famosa Taxa Selic. No mesmo período do ano passado, ela estava em 2% e, como é utilizada pelo Banco Central para controlar a inflação, desde então vem sofrendo aumentos e agora está em 11,75%.
“Como reação a esse aumento da inflação, o Banco Central tem elevado essa taxa básica de juros, porque o objetivo desse movimento é de tentar colocar a inflação dentro da meta, que para esse ano é de 3.5% medidos pelo IPCA e, atualmente, anualizada, essa taxa está em muito mais do que isso, está em cerca de 10,5%”, detalha.
Pela taxa de juros do Brasil estar mais de 20 vezes maior que a dos Estados Unidos, o professor Edson explica que tem tido mais interesse dos investidores em aplicar no Brasil. “Nessa linha destaco ainda o conflito entre Rússia e Ucrânia, porque muitos desses investidores, que estão em busca de maior rentabilidade e poderiam, eventualmente, aplicar seus recursos na Rússia, mas não vão fazer, isso porque, como se sabe, o risco nesse momento de se aplicar na Russia é o máximo possível”.
Sendo assim, este movimento pode ser favorável, pois atrai recursos para o Brasil e outros países emergentes com a elevação maior dos commodities agrícolas e combustíveis. “Como o Brasil é exportador, tanto de commodities agrícolas como de petróleo (que também importa), com o aumento dos preços desses produtos no mercado internacional, a tendência é de que o valor das exportações no Brasil aumente, fazendo com que haja a entrada de mais dólares dos exportadores”, prevê o professor.
Em compensação
Segundo o professor, a inflação continua alta porque os preços das commodities agrícolas minerais e dos combustíveis no mercado internacional têm aumentado muito. “Embora a taxa de câmbio esteja diminuindo, tem uma coisa compensando a outra: o dólar caindo, o preço das commodities continuando a subir, especialmente por conta da guerra”.
Em relação à guerra, nesta terça-feira (29), o dia terminou com boas notícias que influenciaram o preço do barril de petróleo Brent, principal referência internacional. Depois que a Rússia disse que vai reduzir suas operações militares e a Ucrânia propôs que não se juntaria às alianças militares, como a Otan, nem hospedaria bases militares em seu território, o barril de petróleo Brent caiu 2,18%, cotado a US$ 110,03.