BC divulga estatísticas do setor externo da economia brasileira
Redação DM
Publicado em 23 de abril de 2015 às 01:09 | Atualizado há 10 anosDa Redação, com assessoria
A partir de nota publicada ontem(22), o Banco Central do Brasil passa a publicar as estatísticas do setor externo da economia brasileira em conformidade com o a sexta edição do Manual de Balanço de Pagamentos e Posição Internacional de Investimento (BPM6), do Fundo Monetário Internacional (FMI). Desde 2001, essas estatísticas eram divulgadas pelo BCB de acordo com a quinta edição do Manual de Balanço de Pagamentos (BPM5). As séries históricas de balanço de pagamentos sob o BPM5 foram descontinuadas.
Os padrões metodológicos internacionais oferecem recomendações para a compilação e apresentação das contas macroeconômicas. O objetivo é assegurar não apenas a consistência entre as várias estatísticas macroeconômicas, mas também permitir a comparabilidade entre os países. Ao mesmo tempo, o BPM6 contempla desenvolvimentos econômicos e financeiros da economia mundial nos últimos quinze anos.
O BPM6 define Balanço de Pagamentos (BP) como a estatística macroeconômica que sumariza transações entre residentes e não residentes ao longo de um período. Compreende a conta de bens e serviços, conta de renda primária, conta de renda secundária (que compõem as transações correntes), conta de capital e conta financeira. Dentre as modificações, incluem-se o formato da apresentação do BP; nomenclatura de algumas contas; convenções de sinais e conceitos. Maiores detalhes a respeito das estatísticas do setor externo brasileiro sob o padrão metodológico definido pelo BPM6 estão disponíveis em
http://www.bcb.gov.br/?6MANBALPGTO.
Balanço de pagamentos – Março de 2015
Em março, as transações correntes apresentaram deficit de US$5,7 bilhões, acumulando, nos últimos doze meses, saldo negativo de US$101,6 bilhões, equivalente a 4,54% do PIB. Na conta financeira, as captações líquidas superaram as concessões líquidas em US$5,2 bilhões, destacando-se o ingresso líquido de US$4,3 bilhões em investimento direto no país.
A conta de serviços registrou despesas líquidas de US$3,9 bilhões no mês, aumento de 6,4% na comparação com o resultado de março de 2014. As despesas líquidas com transportes recuaram 16,2%, na mesma base de comparação, atingindo US$584 milhões. O item viagens internacionais registrou despesas líquidas de US$955 milhões, redução de 26,5%, comparativamente ao ocorrido em mesmo mês do ano anterior. O resultado foi influenciado pela retração de 18% nos gastos de turistas brasileiros em viagens ao exterior e aumento de 2,9% nas despesas de viajantes estrangeiros ao Brasil. Destacaram-se as elevações nas despesas líquidas com aluguel de equipamentos, 28,9%, e telecomunicação, computação e informações, 51,9%; e os recuos nas despesas líquidas com serviços de propriedade intelectual e seguros, na ordem, 19,3% e 8,4%.
As despesas líquidas de renda primária, antes denominada “rendas”, atingiram US$2,2 bilhões no mês, retração de 26,2% na comparação com março de 2014. As despesas líquidas de lucros e dividendos atingiram US$1,2 bilhão, ante US$2,1 bilhões em mês correspondente do ano anterior, recuo de 42,7%, enquanto as despesas líquidas de juros somaram US1,1 bilhão, expansão de 11,1% no período comparativo. As saídas líquidas de renda de investimento direto totalizaram US$1 bilhão, 37,2% inferiores ao observado em março de 2014. As despesas líquidas de renda de investimentos em carteira atingiram US$991 milhões, compostas por despesas líquidas de lucros e dividendos, US$594 milhões; de juros de títulos negociados no mercado externo, US$396 milhões; e no mercado interno US$1 milhão. A despesa líquida de renda de outros investimentos somou US$461 milhões, elevação de 17,8% comparado ao mês equivalente do ano anterior, enquanto as receitas de reservas diminuíram 15,8%.
A conta de renda secundária, anteriormente denominada “transferências unilaterais”, registrou ingressos líquidos de US$129 milhões, recuo de 0,4% em relação a março de 2014. A receita de transferências pessoais, conceito mais amplo que a antiga “manutenção de residentes”, atingiu US$197 milhões em março, 17% acima do observado em mesmo mês do ano anterior.
A conta capital, que inclui as movimentações de ativos não financeiros não produzidos e transferências de capital, registrou ingressos líquidos de US$14 milhões em março e de US$76 milhões no primeiro trimestre de 2015.
Os investimentos diretos no exterior apresentaram redução de US$329 milhões, compreendendo recuo de US$757 milhões em participação no capital, incluídos US$281 milhões decorrentes do reinvestimento de lucros, e aumento de US$428 milhões proveniente de operações intercompanhias.
Os investimentos diretos no país aumentaram US$4,3 bilhões, dos quais US$3,4 bilhões em participação no capital, incluídos US$504 milhões decorrentes do reinvestimento de lucros, e US$824 milhões em operações intercompanhias. Em doze meses, os ingressos líquidos dos investimentos diretos no país somaram US$88,8 bilhões, equivalentes a 3,97% do PIB.
O investimento em carteira passivo apresentou elevação líquida de US$2,9 bilhões em março, compostos por ingressos líquidos de US$1,1 bilhão em ações, US$216 milhões em fundos de investimentos, e US$1,6 bilhão em títulos de renda fixa. Os investimentos em títulos de renda fixa negociados no país somaram ingressos líquidos de US$3,2 bilhões, incluído US$1 milhão referente aos juros reinvestidos. As operações com títulos soberanos negociados no exterior totalizaram amortizações de US$1,1 bilhão. Os demais títulos de renda fixa de longo prazo negociados no exterior apresentaram amortizações líquidas de US$713 milhões, enquanto os de curto prazo registraram ingressos líquidos de US$163 milhões.
Os outros investimentos ativos elevaram-se US$2,3 bilhões, compreendendo expansão de US$1,3 bilhão em depósitos de propriedade de empresas não financeiras e redução de US$791 milhões em depósitos de bancos brasileiros no exterior. Os créditos comerciais e adiantamentos aumentaram US$1,6 bilhão em março.
Os outros investimentos passivos registraram aumento líquido de US$3,2 bilhões. Os créditos comerciais e adiantamentos cresceram US$1,9 bilhão, concentrados em operações de curto prazo. Os empréstimos ampliaram-se US$1,3 bilhão, com destaque para as operações de curto prazo, US$925 milhões.
Reservas internacionais
As reservas internacionais no conceito liquidez totalizaram US$371 bilhões em março de 2015, redução de US$1,1 bilhão em relação ao mês anterior. O estoque de linhas com recompra atingiu US$8,3 bilhões, recuo de US$1,3 bilhão em relação à posição de fevereiro de 2015. A receita de remuneração das reservas somou US$208 milhões. As variações por preços elevaram o estoque em US$507 milhões, enquanto as variações por paridades o reduziram em US$2 bilhões. No conceito caixa, o estoque de reservas atingiu US$362,7 bilhões em março, elevação de US$197 milhões em relação ao mês anterior.
Dívida externa
A posição da dívida externa bruta estimada para março totalizou US$347,8 bilhões, redução de US$728 milhões em relação à posição de dezembro de 2014. A estimativa da dívida externa de longo prazo atingiu US$286 bilhões, redução de US$4,8 bilhões, enquanto o endividamento de curto prazo somou US$61,7 bilhões, elevação de US$4,1 bilhões no mesmo período.
Dentre os determinantes da variação da dívida externa de longo prazo no período, destacam-se os empréstimos tomados pelo setor não financeiro de US$1,5 bilhão; as amortizações de títulos de dívida do governo e do setor financeiro de US$1,7 bilhão e US$1,2 bilhão, respectivamente; e a redução provocada pela variação por paridades de US$3,6 bilhões. A variação da dívida externa de curto prazo no período é explicada principalmente por empréstimos de curto prazo tomados pelos setores financeiro e não financeiro de US$2,5 bilhões e US$1,3 bilhão, respectivamente.