Brasil quer superar cultura do desperdício para voltar a crescer
Redação DM
Publicado em 16 de setembro de 2016 às 15:32 | Atualizado há 5 mesesO Governo Federal, após a consolidação do afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, quer agora retomar o tempo perdido. Por isso, o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços Marcos Pereira vem a Goiás lançar hoje dois programas para tentar retomar o crescimento. O Plano Nacional da Cultura Exportadora (PNCE) e o programa Brasil Mais Produtivo são baseados em um novo modelo de economia: que reduz a burocracia da produtividade, observa novos cenários de mercado e realiza maior aferição dos ganhos e perdas no processo. A regra é não desperdiçar mais, adiantou o ministro ao Diário da Manhã.
A cultura do desperdício é um dos problemas que o país terá que enfrentar para voltar a crescer. É grave, pois faz parte da cultura nacional. “O Brasil é campeão de perdas em estoque, transporte e processamento”, explica Marcus Tadeu de Souza, economista da PUC-GO.
O economista diz que é comum flagrarmos o desperdício quando um caminhão com produtos passa pelo meio urbano e a cada metro despeja pequena parte do produto. “Você vê muito em carregamento de soja, por exemplo. Em cada cem corridas, cem viagens, perdem duas ou três. Isso não acontece, por exemplo, no exterior, onde ocorre um controle estatístico da perda”, diz.
Para se ter ideia das perdas, apenas o Mato Grosso contabilizou que perdeu nas estradas 115 mil toneladas de soja.
O lançamento dos programas do Governo Federal ocorre hoje na Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) e traz a base da economia que o governo tenta repassar aos empreendedores: reduzir a superprodução, tempo de espera, transporte, excesso de processamento, inventário, movimento e a quantidade de defeitos.
Para o ministro, o programa vai, sobretudo, ajudar a gerar empregos. A matemática dele é a seguinte: menos gastos, mais produção. E mais vendas devolvem para o mercado mais postos de trabalho. “Se você aumentar a produtividade, com certeza, você irá gerar empregos. Por isso este programa”, diz.
Marcos Pereira esteve em Goiás no primeiro semestre e se encontrou com o segmento empresarial na Fieg. Na pauta, pedido aos empreendedores goianos que se preparem para às mudanças que ocorrerão no setor, tendo em vista a urgência da crise. “Queremos que o ministro explique as bases do programa para colocá-lo em prática. Existe uma longa cultura do desperdício no Brasil. Inclusive de alimentos”, diz o deputado federal João Campos, um dos articuladores da vinda do ministro Marcos Pereira para lançar o programa.
DEFEITOS
Um dos problemas do país, diz Marcus Tadeu, é desprezar o defeito. “É comum principalmente no mercado de peças automotivas. Temos em Goiânia o acompanhamento de uma empresa que, em 2009, perdeu R$ 1 milhão em peças. Neste estudo, identificamos que o erro produtivo mais grave é o defeito, pois afeta na imagem do produto. Muitas vezes o produto acabado não atende às características de qualidade exigidas pelo consumidor. O retrabalho custa caro. Se vai fazer, faça bem feito e de uma só vez”, diz.
[box title=”De olho no estoque”]
O hábito do brasileiro de ter fartura na mesa é levado para o segmento produtivo, diz o economista Marcus Tadeu. O problema é que a regra não vale para o processo produtivo. Ou pelo menos não deveria valer.
Ele diz que a superprodução é sintoma de um empreendedorismo amador. “Não tem lógica a pessoa vender 200 garrafas de suco de laranja – e isso acontece em Goiânia – e do nada elevar a produção para 500 e achar que conseguirá vender e distribuir”. O economista explica que a venda é gradual. Existem cálculos e projeções determinadas pela matemática de produção.
Quando a empresa produz além das necessidades do próximo processo ou subestima o mercado ela quebra, explica.
É a superprodução a mãe de outros desperdícios. O ministro Marcos Pereira diz que deste problema sairá, por exemplo, o estoque lotado. E estoque lotado demanda ocupação de área e manutenção dos itens estocados.
“É aqui que começam a desaparecer os produtos, com os bens sendo levados ou apropriados por acharem que o dono não dá o devido valor”, diz Tadeu.
[/box]
Ministro dá posse a novo superintendente do Inmetro
O ministro Marcos Pereira dará posse também nesta sexta-feira ao goiano André Abrão na Superintendência do Inmetro no Estado de Goiás.
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia, o Inmetro está vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e atua, dentre outras áreas, na aferição da normalização e qualidade industrial.
A autarquia tem como meta fortalecer as empresas nacionais e aumentar a produtividade por meio da adoção de mecanismos destinados à melhoria da qualidade de produtos e serviços.