Economia

Caiado critica demora do governo Lula em reagir à crise comercial com EUA

Redação Online

Publicado em 24 de julho de 2025 às 21:09 | Atualizado há 23 horas

Caiado realiza quinta reunião com representantes do setor produtivo: tarifaço ameaça exportações de carnes e açúcar orgânico
Caiado realiza quinta reunião com representantes do setor produtivo: tarifaço ameaça exportações de carnes e açúcar orgânico

A dificuldade do governo federal em negociar uma saída diante da crise comercial entre Brasil e Estados Unidos foi alvo de críticas do governador Ronaldo Caiado durante entrevista ao vivo à rede CNN nesta quinta-feira (24/7). Segundo Caiado, a União tem ignorado as consequências para os estados e municípios da tarifa de 50% imposta pelos EUA aos produtos brasileiros com início previsto para agosto.

Cobrando resultados das negociações diplomáticas, o governador afirmou que o presidente Lula deve “ter a noção da liturgia do cargo e sentar com o presidente Donald Trump para conversar”. “Tem que dizer: ‘olha, nós somos parceiros, nós queremos desenvolver a economia do meu país’. Este é o nível de discussão que se espera de um presidente da República”, acrescentou.

Caiado ressaltou que países como Japão, Indonésia e o bloco da União Europeia já conseguiram renegociar suas condições comerciais, enquanto o Brasil segue inerte, a apenas oito dias de a taxa entrar em vigor, em 1º de agosto. Caiado deixou claro que é “100% contrário ao tarifaço” e revelou que a crise o levou a antecipar sua volta ao Brasil, interrompendo uma missão oficial no Japão.


Dianteira
Goiás foi o primeiro estado brasileiro a anunciar medidas emergenciais para mitigar os impactos da crise comercial entre Brasil e Estados Unidos. O Fundo de Equalização do Empreendedor (Fundeq) oferece subsídios para o pagamento de encargos em operações de crédito. Já o Fundo Creditório possibilitará a abertura de uma nova linha de crédito, a partir de créditos de ICMS, com expectativa de disponibilizar R$ 628 milhões em recursos.

Em Goiás, devem ser especialmente afetadas as produções de carne, couro, minérios, citricultura, açúcar orgânico e tilápia. “As consequências vão repercutir principalmente na cadeia de carnes. A arroba, que chegou a R$ 320, caiu para R$ 270. Isso afeta confinadores, produtores de ração e toda a cadeia de comercialização”, disse Caiado.

Reunião
Pouco antes da entrevista, na manhã de quarta-feira (24/7), o governador comandou a quinta reunião com o setor produtivo, desta vez com representantes da cadeia sucroenergética. Na ocasião, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), André Rocha, destacou a liderança goiana na produção de açúcar orgânico. “Goiás é o maior produtor nacional de açúcar orgânico. Produzimos esse açúcar especial que começou lá na Jales Machado, em Goianésia, e também é feito em Goiatuba, pela Goiasa”.

Representando a companhia Jales Machado, o empresário Henrique Pena explicou que, somando a nova tarifa de 50% aos já existentes US$ 357 por tonelada, o açúcar orgânico brasileiro passará a pagar 98% em tributos para entrar nos EUA, enquanto concorrentes como a Colômbia devem pagar 58% — ou até menos, em casos de acordos bilaterais. “Devemos perder mais ou menos aí 40% da demanda que a gente exporta anualmente para os Estados Unidos”, concluiu.

Fotos: Wesley Costa

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