Crise financeira fecha as portas do Estaleiro Mauá
Diário da Manhã
Publicado em 6 de julho de 2015 às 15:41 | Atualizado há 10 anosRIO – Cerca de 200 manifestantes protestam no início da tarde desta sexta-feira na Avenida Presidente Vargas, em frente ao prédio Transpetro, contra o fechamento do Estaleiro Mauá. Acompanhados de um carro de som, eles também se mobilizam contra as demissões no setor naval e a construção de embarcações no exterior. O grupo é acompanhado por cerca de 20 policiais.
De acordo com o presidente eleito do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, Jesus Cardoso, os manifestantes formarão uma comissão para tentarem ser recebidos pela Transpetro.
— Vamos reivindicar uma solução para esse problema. A Caixa diz que o problema é com a Transpetro. A Transpetro diz que é com a Caixa. Os estaleiros dizem que o problema é com os dois. Vamos pedir para a Transpetro, que é responsável pelas obras, que é a armadora, que resolva isso.
O diretor de luta sindical do Sindicato de Metalúrgicos de Niterói, Gilberto Ramos, afirma que os cerca de mil trabalhadores dispensados na semana passada ainda não receberam a rescisão. Segundo ele, o Estaleiro Mauá no momento tem quatro embarcações em fase de acabamento.
— O prazo era até quarta-feira, mas não caiu nada na conta do trabalhador. Como sindicato, tomamos as providências necessárias.
A liderança do grupo de manifestantes afirma que ficará no local até serem recebidos pela Transpetro. Como parte do protesto, o grupo também ateou fogo em uniformes do Mauá.
O Estaleiro Eisa (antigo Estaleiro Mauá) fechou as portas, temporariamente, informou a empresa por meio de uma circular entregue aos trabalhadores na quinta-feira. De acordo com o documento, a paralisação se deve a uma “crise financeira cada vez mais profunda”.
“Ela está motivada tanto no desequilíbrio econômico dos contratos atuais, como na indefinição na liberação dos contratos para construção de mais oito navios. Soma-se a isto a situação atual do Brasil e especificamente da indústria naval, onde estão cortando investimentos e enviando obras para serem realizadas no exterior”, diz o documento. “É por essa razão que nos vimos forçados a encerrar momentaneamente as atividades, até que se consiga achar uma saída que possa garantir as mínimas condições de trabalho que todos merecem.”
Em reação ao comunicado, o Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói convocou os funcionários do Estaleiro Mauá para uma concentração na porta do Sindicato a partir das 8h desta sexta-feira para organizar uma passeata em direção à sede da Petrobras com atos também na sede da Transpetro, subsidiária da Petrobras e da Caixa Econômica Federal, todos no Centro do Rio.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Edson Rocha, repudiou a decisão da direção do Mauá. De acordo com ele, cerca de mil trabalhadores participam da passeata, que já passou por Niterói.
— Fechar o Estaleiro Mauá é cuspir na história dos trabalhadores e em todo esforço do governo para recuperar os investimentos no setor naval — disse Edson Rocha. — A Justiça deve punir as pessoas corruptas e não as empresas.
De acordo com Rocha, na última terça-feira, cerca de mil trabalhadores do estaleiro já haviam sido demitidos, sem receber rescisão. Os outros dois mil funcionários, que continuaram trabalhando até esta quinta-feira, não receberam os pagamentos referentes ao mês de junho.
— Ontem, entregaram uma circular para cada trabalhador informando que o estaleiro estaria fechado, que não teria como continuar com suas operações. Não deu previsão de quando sairia a rescisão ou quando seria feito o pagamento dos salários do mês de junho.