Crise oferece oportunidades de negócios
Diário da Manhã
Publicado em 17 de agosto de 2015 às 23:58 | Atualizado há 10 anosO jornalista Luís Artur Nogueira, editor da revista IstoÉ Dinheiro, ao apresentar o cenário e as perspectivas para a economia brasileira deste e do próximo ano, disse em Goiânia “que a crise também oferece oportunidades de negócios”. Ele observou, por exemplo, que com o envolvimento das grandes empreiteiras nos recentes escândalos, as portas de abrem para as médias e às pequenas empresas. Em sua fala, Nogueira disse que o próprio governo dispõe de vários planos de infraestrutura para o País que abrem novas perspectivas a essas construtoras. A sua palestra ocorreu ontem pela manhã no auditório do cinema do Shopping Bougainville, no Setor Marista, onde compareceram mais de trezentas pessoas convidadas pela agência de comunicação Casa do Palestrante.
Luís Artur fez uma panorâmica do cenário internacional e nacional, observando que a economia dos Estados Unidos está sendo recolocada nos eixos, após a bolha imobiliária que explodiu e alcançou até a Europa. Com referência à espionagem americana junto às autoridades brasileiras, as relações entre os dois países sofreram estremecimento. Agora, sanadas num recente encontro em Washington envolvendo os presidentes Barak Obama e Dilma Rousseff. “Essa aproximação favorece os negócios entre o Brasil e os Estados Unidos”, sustenta o jornalista econômico. Os norte-americanos tendem a recuperar o mercado importador verde-amarelo com o crescimento de sua economia.
agronegócio
A China perdeu o seu ímpeto de crescimento superior a dois dígitos, porém cresce a 7% ao ano, índices nada desprezíveis. A retomada do seu crescimento ocorre com investimentos em infraestrutura. Os chineses, na visão do jornalista da IstoÉ Dinheiro, sabem contornar a conjuntura adversa. O seu rápido processo de urbanização e crescente êxodo rural provocam mudanças de hábitos alimentares, o que tende a favorecer os brasileiros com a exportação de grãos, como a soja, e consequentemente o agronegócio. Importante para Goiás como Estado agropecuarista. O Brasil exporta para a China, além da soja, minério de ferro e petróleo.
A Europa vai gradualmente superando a crise econômica, mas existe forte desemprego em alguns de seus países, entre eles Portugal e a Espanha. “O problema europeu não é de ordem inflacionária e sim de deflação”, atenta. O desemprego na Europa é de 12%. Na Alemanha, 6,5%; na Grécia e na Espanha, 25%. “Mais cedo ou mais tarde entrará nos eixos”, acredita. Os gregos elegeram um governo de tendência esquerdista, ameaçaram deixar a zona do Euro (a moeda europeia). Mas, as autoridades resolveram manter o Euro, aceitar a orientação do FMI (Fundo Monetário Internacional) e suas finanças já apresentam os primeiros sinais positivos de recuperação.
Com relação à Argentina, o conferencista lembrou que os argentinos dependem muito do Brasil. Cerca de 80% dos carros exportados pelos brasileiros têm como destino o mercado argentino. O vizinho país vive uma crise econômica profunda, declarou moratória e perdeu a credibilidade dos países ricos. Em consequência, o investimento deixou de aportar ali. As próximas eleições presidenciais poderão encerrar o ciclo de Cristina Kirchner e alterar a política econômica entre os dois países. A crise argentina é também de confiança.
Plano Levy
Ao situar o Plano Levy, destinado a ajustar a economia brasileira no governo Dilma, Luís Nogueira observou que ele seria para ter efeitos rápidos, num prazo estimado de seis meses. O governo anunciou um plano de infraestrutura atraente para injetar recursos na economia brasileira. Contudo, nesse cenário o que está correspondendo é apenas o agronegócio. Os empresários da cadeia agropecuária, apesar das dificuldades, encontram a solução ao investirem em tecnologia, em genética, em gestão e o Brasil obtém saldos favoráveis em sua balança de pagamentos. O PIB (Produto Interno Bruto) apresenta dados positivos. “Goiás, sem dúvida, participa desses esforços”, comentou, demonstrando satisfação.
Luís Artur Nogueira vê no ministro da Fazenda, Joaquim Levy, figura proba, inteligente e capaz. Então porque o plano de estabilidade econômica parece andar como caranguejo? O ajuste fiscal não saiu rápido como o planejado. Em consequência, os investimentos ficaram paralisados e o plano de infraestrutura anda lento. As mudanças nas leis trabalhistas, embora necessárias, ainda sofrem impasses antes as tendências partidárias, ideológicas e sindicais. A máquina pública sofre com o inchaço. Em sua opinião, a presidente Dilma poderia extinguir metade dos 30 ministérios.
“Não seria tanto por economia, mas pelo simbolismo do seu ato teria repercussão na sociedade”, sugere. O executivo vê o Congresso Nacional ganhando cada dia mais independência. A Câmara Federal elege para seu presidente Eduardo Cunha, embora de um partido aliado (PMDB), que não “engoliu” o nome de um concorrente do PT. Os sucessivos escândalos, como Mensalão, Petrobras, Lava Jato, pioram o quadro. A presidente sofrerá cassação? Qual o novo passo? É uma incerteza de curto prazo.
Esses fatores contribuem para o agravamento da conjuntura nacional em sua visão. Mas, mesmo diante desses cenários, há oportunidades de negócios para as pessoas. “Há espaço para crescer, apesar do governo”, entende Nogueira. Para tanto, aponta a criatividade, os investimentos agora pensando no futuro, “porque a crise de hoje vai passar”. É necessário contratar talentos, o que abre novas perspectivas no mercado de trabalho, investir em propaganda e em marketing para impulsionar os negócios. “É por aí”, concluiu.