Desmatamento põe em risco a segurança hídrica
Redação DM
Publicado em 26 de julho de 2021 às 11:45 | Atualizado há 4 anos
O desmatamento acelerado da Amazônia e do Cerrado está colocando em risco a segurança hídrica brasileira. A denúncia é da WWF-Brasil, organização da sociedade civil, de natureza não-governamental e constituída como associação civil sem fins lucrativos que trabalha para mudar a atual trajetória de degradação ambiental e promover um futuro onde sociedade e natureza vivam em harmonia. Suas manifestações públicas costumam gerar polêmicas porque em geral contrariam opiniões. Além do desmatamento, a seca prolongada está destruindo lavouras inteiras, atingindo milho, soja, sorgo, cafezais, hortaliças e pastagens.
Segundo a ONG, os alertas de desmatamento para a Amazônia em junho mostram um crescimento de 17% em relação ao primeiro semestre do ano passado, com uma área de 3.610 km2 desmatada em 2021. Foram 1.062 km2 apenas em junho, o que faz deste montante o maior valor aferido no sexto mês pelo menos desde 2016.
Apenas o Pará, que perdeu 438 km2 de florestas, responde por 41% de todo o desmatamento na região durante junho. O ritmo de desmatamento da Amazônia em 2021 indica que pelo terceiro ano consecutivo a floresta perderá mais de 10 mil km2.
Esse patamar é 60% superior à média da década anterior ao seu governo (2009-2018), que era de 6,4 mil km2. A meta apresentada pelo general Hamilton Mourão para a nova fase de Garantia da Lei e da Ordem na Amazônia não altera esse cenário. A redução de 12% em relação a 2020, proposta pelo vice-presidente, permitiria apenas retroceder ao nível de desmatamento alcançado em 2019, quando o desmatamento havia crescido quase 30% em relação ao ano anterior.
“É rápido desconstruir. O governo Bolsonaro perdeu duas décadas de combate ao desmatamento em dois anos. Provavelmente precisaremos de outras duas para recuperar o legado desse desmonte”, ressalta Maurício Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil. “A destruição da Amazônia e do Cerrado coloca em risco a segurança hídrica brasileira e, por consequência, nossa segurança energética, com sérias consequências para toda a economia. Essa provavelmente será a herança deste governo”, completa.
Com o Cerrado, a situação não é diferente: a destruição do segundo maior bioma do Brasil, considerado a caixa d’água do País devido ao grande número de bacias hidrográficas que nascem nele, cresceu 16,9% em junho e 6,3% no acumulado do primeiro semestre, na comparação com 2020. A área natural perdida em junho e nos primeiros seis meses deste ano é de 511 km2 e 2.638 km2, respectivamente. Goiânia vê seus bairros e vilas sofrendo com a falta d’água porque o Meia Ponte e afluentes sofrem com a seca prolongada.
Cafezais atingidos – A Conab segue monitorando a situação das lavouras atingidas pelas geadas em todo o Brasil. Para o café arábica, estima-se que as geadas ocorridas no dia 20 de julho tenham atingido uma área entre 150 mil e 200 mil hectares, com possibilidade de impactos de baixa, média e alta intensidade.
Estimativa da área total de café arábica no Brasil, em hectares – 1.806.584; Estimativa de área de café arábica coberta pelas geadas, em hectares – 860.000; Estimativa de percentual coberto em relação à área total – 48%; Estimativa de área de café arábica atingida pelas geadas, com possíveis danos leves, moderados ou severos, em hectares – 150.000 a 200.000; Estimativa de percentual de área de café arábica atingida pelas geadas, com possíveis danos leves, moderados ou severos, em relação à área total – 8% a 11%. Observação: O total de 1.806.584 hectares corresponde ao somatório das áreas em formação e produção, conforme estimativa publicada em maio/2021.