Economia

Dólar abre em baixa com dados do IPCA-15 e guerra comercial dos EUA no foco

DM Online

Publicado em 27 de maio de 2025 às 19:30 | Atualizado há 1 dia

O dólar abriu em leve baixa nesta terça-feira (27), à medida que os investidores seguem de olho em notícias sobre a política comercial dos Estados Unidos, enquanto avaliam dados de inflação no Brasil.
Às 9h07, a moeda americana caía 0,17%, a R$ 5,6658. A inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) desacelerou a 0,36% em maio, após marcar 0,43% em abril, revelaram dados divulgados nesta terça pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O novo resultado ficou abaixo das projeções do mercado financeiro, cuja mediana era 0,44%, segundo a agência Bloomberg. A taxa de 0,36% é a menor para meses de maio em cinco anos, desde 2020 (-0,59%).
Com o resultado de maio, a alta do índice desacelerou a 5,4% no acumulado de 12 meses, após marcar 5,49% até abril. A taxa, contudo, segue acima do teto de 4,5% da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central) em 2025.
Por ser divulgado antes, o IPCA-15 sinaliza uma tendência para o IPCA. Uma das diferenças entre os dois é o período de coleta das informações.
Na segunda (26), o dólar fechou em alta de 0,53%, cotado a R$ 5,675, e a Bolsa subiu 0,22%, a 138.136 pontos.
Os investidores repercutiram a decisão do presidente Donald Trump de adiar a implementação de tarifas de 50% sobre a União Europeia para julho, bem como o rescaldo da reforma do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) na cena doméstica.
No domingo, o republicano concordou em estender o prazo para negociações comerciais com a UE até 9 de julho, atendendo ao pedido da presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen.
A chefe do órgão executivo da UE disse que “um bom acordo” demandaria mais tempo, depois que Trump afirmou, na sexta-feira, que tarifas de 50% sobre produtos do bloco começariam a incidir em 1º de junho.
A jornalistas, Trump disse que as conversas começariam “rapidamente”.
Em 2 de abril, no autoproclamado Dia da Libertação, o presidente norte-americano impôs uma taxa recíproca de 20% sobre a maioria dos produtos da UE. A escalada para 50%, na sexta, foi em resposta à insatisfação do presidente sobre o ritmo das negociações comerciais.
O recuo marcou outro alívio temporário para os mercados, mas também foi um lembrete da postura errática do republicano em relação à política comercial global. A expectativa, agora, é por anúncios de novos acordos, depois que já foram acertados entendimentos com o Reino Unido e com a China.
Os efeitos desse recuo, porém, foram diluídos na sessão em virtude do feriado Memorial Day, que fechou as negociações nos Estados Unidos. Como consequência, os investidores estiveram mais cautelosos em fazer grandes apostas em qualquer direção.
Na cena doméstica, os operadores ainda mantiveram no radar o recuo do governo federal em relação às medidas de aumento do IOF em operações cambiais.
Na quinta (22), com o mercado à vista de câmbio já fechado, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) baixou um decreto para aumentar o IOF de uma série de operações de câmbio e crédito de empresas, com previsão de arrecadação de R$ 20,5 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026. Também foi divulgado o congelamento de R$ 31,3 bilhões de despesas do Orçamento deste ano.
As mudanças levaram o dólar futuro a acelerar antes do fechamento, às 18h. Diante dessa e de outras repercussões negativas no mercado, o governo convocou uma reunião de emergência e decidiu rever parte das medidas sobre o IOF.
Houve a reversão para zero de uma alíquota de 3,5% anunciada na véspera sobre aplicações de fundos de investimentos do Brasil em ativos. A mudança deve reduzir o ganho de arrecadação em aproximadamente R$ 6 bilhões até 2026.
As operações com cartões de crédito e débito internacionais, cartão pré-pago internacional, cheques de viagem para gastos pessoais, cuja alíquota passou de 3,38% para 3,5%, serão mantidas.
No Rio de Janeiro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta manhã que o governo tem até o fim desta semana para decidir como compensará a arrecadação que o Executivo deixará de levantar com o recuo em parte dos aumentos das alíquotas.
As discussões sobre o IOF também foram alçadas à cena política. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), criticou o governo e disse que o Brasil não precisa mais de impostos.
“O Executivo não pode gastar sem freio e depois passar o volante para o Congresso segurar. O Brasil não precisa de mais imposto. Precisa de menos desperdício”, afirmou no X (ex-Twitter)
Mesmo com o alívio das medidas, o mercado ainda refletiu as incertezas com o cenário fiscal do país. “A história do IOF ainda fez um pouco de preço hoje. O investidor está preocupado sobre o próximo passo do governo, se ele ficará nas medidas anunciadas ou trará algum imposto novo”, diz o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
Já Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Pine, vê que o aumento do IOF demonstra que o governo não está disposto a fazer um ajuste fiscal pela ótica de corte de gastos, mas pelo aumento de arrecadação de impostos, o que torna a medida uma ferramenta rápida, porém controversa, para o ajuste fiscal.
“Embora contribua para o equilíbrio fiscal, o uso do IOF como instrumento arrecadatório cria precedentes problemáticos e amplifica a percepção de incerteza tributária, especialmente num contexto em que os ajustes fiscais recaem cada vez mais sobre elevação da carga tributária”, afirmou.

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