Economia

Dólar sobe e Bolsa cai com expectativa por acordos tarifários dos EUA

Redação DM

Publicado em 20 de maio de 2025 às 14:10 | Atualizado há 5 horas

O dólar está em leve alta nesta terça-feira (20), com investidores atentos às políticas comerciais e fiscais dos Estados Unidos.
Às 11h55, a moeda avançava 0,28%, cotada a R$ 5,670. Já a Bolsa marcava perdas de 0,29%, a 139.222 pontos.
Em dia de agenda esvaziada, o foco do mercado se volta novamente aos temas que têm orientado as negociações recentes, em especial as negociações comerciais dos EUA e preocupações com a dívida do governo norte-americano.
Os investidores esperam novos acordos tarifários do presidente Donald Trump com outros parceiros do país.
As próximas “duas ou três semanas” guardam novas definições sobre as sobretaxas de importação, segundo afirmou Trump na sexta-feira passada. Ele disse ainda que o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o secretário de Comércio, Howard Lutnick, “enviarão cartas essencialmente informando às pessoas” o que “elas pagarão para fazer negócios nos Estados Unidos”.
“Acho que vamos ser muito justos. Mas não é possível atender a todos que querem nos ver”, disse o presidente, acrescentando que são “150 países que querem fazer um acordo”. Ele não disse quantas, ou quais, nações receberiam cartas.
A sinalização indica um recuo do republicano em relação à postura combativa adotada no início do mês de abril, quando anunciou tarifas “recíprocas” aos parceiros comerciais dos Estados Unidos. O tarifaço despertou temores de uma recessão global por causa dos impactos nos fluxos internacionais, o que, por sua vez, instalou pânico nos mercados.
Com o derretimento de índices acionários em Wall Street, queda firme do dólar e, sobretudo, perda de credibilidade no Tesouro dos EUA, Trump suspendeu o tarifaço por 90 dias. A ideia era comprar tempo para negociar com os parceiros afetados, embora, nas últimas semanas, o presidente tenha se afastado da ideia de que cada parceiro comercial teria um acordo individualizado.
A falta de funcionários e capacidade técnica também impossibilita negociações simultâneas com todos os países envolvidos.
Por ora, há negociações em andamento com economias como Japão, Coreia do Sul, Índia e União Europeia. Trump recentemente firmou um acordo comercial com o Reino Unido e uma trégua tarifária temporária com a China para ganhar mais tempo para as negociações.
O presidente dos EUA disse na quinta-feira (15) que Nova Delhi fez uma oferta para eliminar tarifas sobre produtos americanos, uma proposta que o governo indiano não confirmou.
“Temos quatro ou cinco outros acordos chegando imediatamente”, disse Trump em 9 de maio, enquanto promovia seu plano para o Reino Unido. “Temos muitos acordos por vir. No final, estamos apenas assinando o restante deles.”
O tarifaço foi imposto sob a justificativa de equilibrar o déficit público dos Estados Unidos. No entanto, há uma legislação tributária em andamento no Congresso que, caso aprovada, estenderia os cortes de impostos promulgados por Trump em 2017 e acrescentaria trilhões de dólares à divida do governo.
Ainda, na sexta, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota de crédito soberano dos EUA. Ao diminuir de Aaa (máxima) para Aa1, a Moody’s afirmou que espera que os déficits federais aumentem para quase 9% do PIB (Produto Interno Bruto) até 2035, em comparação com 6,4% no ano passado, devido ao aumento dos pagamentos de juros sobre a dívida, gastos com direitos adquiridos e uma “geração de receita relativamente baixa”.
Esse rebaixamento acirrou preocupações com o cenário fiscal da maior economia do mundo, levando agentes financeiros a se desfazerem de algumas posições compradas no dólar e nos treasuries, os títulos ligados ao Tesouro dos EUA.
“A preocupação de que o governo norte-americano e o Congresso não vão buscar reequilibrar suas contas fiscais tem trazido uma certa fuga de ativos norte-americanos, e isso ontem beneficiou praticamente todos os ativos arriscados”, avalia Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Nesta sessão, as negociações estão próximas à estabilidade e sem grandes catalisadores. “Me parece uma acomodação depois de ontem, sendo natural que haja espaço para correção em um momento como esse”, afirma Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
Na cena doméstica, o foco está voltado à política monetária do BC (Banco Central). O presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, terá um encontro com o ministro Fernando Haddad (Fazenda) à tarde, e o mercado especula possíveis repercussões.
Na véspera, Galípolo afirmou que o Copom (Comitê de Política Monetária) dependerá de novos dados sobre a atividade econômica e a inflação para decidir o que fará com os juros nas próximas reuniões.
“Faz sentido que os juros fiquem em um patamar restritivo por mais tempo. Agora o momento é de pensar como vamos reagir, e não o que vamos fazer.”
Investidores calcularam que, com a garantia de juros restritivos por um tempo prolongado, o diferencial de juros entre Brasil e outros países continua favorável para a moeda brasileira, gerando ganhos para o real ao longo da sessão. As falas ainda teriam indicado comprometimento da autarquia com a perseguição da meta de inflação, um fator positivo também para os ativos brasileiros.

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