Fim de ano desperta o empreendedorismo
Redação DM
Publicado em 14 de dezembro de 2020 às 17:30 | Atualizado há 6 meses
Enquanto a maioria dos empresários se preparam para fazer o balanço do ano, outros chegam ao mês de dezembro em clima de retomada, fazendo investimentos, parcerias e contratações. É o caso de Rafael Lemos, cabeleireiro e maquiador de renome no mercado Goiano que aposta na sua própria marca ao inaugurar o salão Studio de Beleza. Ele se destaca em um ano cheio de intempéries com o fechamento de mais de 700 mil empresas em função da crise sanitária, segundo Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e publicada em julho.
Embora o ano de 2020 tenha apontado um comportamento muito específico, a retração da economia já é uma realidade amargada no País há algum tempo. Segundo o órgão, o Brasil fechou mais empresas do que abriu entre 2014 e 2018, um reflexo da recessão de 2015 e 2016. A diferença entre as que entraram e saíram do mercado esse período foi de menos 65,9 mil. No total, 382,5 mil estabelecimentos foram fechados, o que levou a perda de 2,9 milhões de postos de trabalho. Os dados foram divulgados em outubro através do estudo Demografia das Empresas de Empreendedorismo 2018.

Na contramão desses números, Rafael acredita na retomada da economia. Por isso, depois de muitos anos atendendo em salões renomados da cidade, encara sua fase empreendedora. Vale lembrar, que os negócios de beleza foram um dos mais afetados pela crise provocada pelo coronavírus. Os salões tiveram suas portas fechadas pela obrigação do distanciamento social e mesmo depois de abertos, os estabelecimentos tiveram que encarar a queda no serviço diante da insegurança da clientela. Rafael lembra que mesmo depois da flexibilização do distanciamento social, as clientes que semanalmente frequentavam salões, não voltaram em sua totalidade.
Ele recorda que muitos profissionais talentosos tiveram que pedir ajuda a familiares ou tentar outros negócios. De acordo um estudo da Beauty Fair, até 84% dos cabeleireiros solicitaram o auxílio emergencial, mas apenas 39% receberam ajuda do governo brasileiro. “Outro fator que impactou muito foi a questão econômica. Diante da insegurança pelo emprego, por exemplo, os clientes elegeram outras prioridades”, diz.
A Beauty Fair mostrou também que 54% dos cabeleireiros atuam como Microempreendedores Individuais (MEI). Profissionais autônomos representam 51% dos respondentes, 23% trabalham em salões de terceiros e 22% são sócios ou proprietários. As respostas também indicaram que 4% ficaram desempregados durante o fechamento dos salões.No período em que a pesquisa foi aplicada, terceira semana de julho, 55% já haviam retomado as atividades no salão. O atendimento em domicílio também passou a ser uma realidade para 31% dos cabeleireiros, que ainda atendiam em suas casas ou na dos clientes.
Otimista, Rafael conseguiu enxergar oportunidades no cenário e se uniu a um sócio investidor para abrir seu novo salão. “Imaginei que os pontos comerciais poderiam estar mais fáceis de achar com uma possibilidade de esvaziamento e fechamento de empresas. Quando encontrei o endereço certo, percebi que tinha uma grande oportunidade. O Setor Marista é o mais desejado de Goiânia. Concentra inúmeros prédios comerciais e residenciais. Exatamente onde está minha clientela”, comemora. “Tudo tem a ver com dedicação. Tenho esperança, sou um trabalhador apaixonado pelo que faço antes de tudo”, ressalta ele ao lembrar que empreender no ramo de serviços para beleza sempre foi um sonho.