Economia

Governo aciona Cade por possível fraude nos preços do botijão de gás e da gasolina

DM Online

Publicado em 28 de maio de 2025 às 16:10 | Atualizado há 1 dia

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, acionou o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para investigar possíveis fraudes no setor de gasolina, diesel e gás, que registram alta nos preços nos últimos anos.
Em dois ofícios, aos quais a reportagem teve acesso, o ministro elenca indícios de práticas anticoncorrenciais e anticompetitivas, e pede que o conselho avalie a adoção de providências sobre o setor.
O movimento acontece quando o governo se prepara para lançar o novo programa de subsídio ao gás de cozinha, e tenta baratear o preço do botijão.
Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) insinuou que havia algo de errado na cadeia de distribuição do produto à população.
“O botijão de gás é vendido pela Petrobras para as empresas a R$ 37. Não tem explicação [para] ele chegar para o povo a R$ 120, a R$ 130 a R$ 140. Alguém tá ganhando muito dinheiro”, disse em evento no último sábado (24), em Mato Grosso.
Os três produtos têm impacto direto no custo de vida da população e, portanto, também afetam a avaliação do governo Lula, que é vista como um dos principais problemas da atual gestão, um ano antes das eleições de 2026.
No ofício, Silveira aponta alguns indícios de fraude na distribuição do gás de cozinha.
Segundo o documento, o preço praticado por este setor, entre 2019 e 2025, cresceu muito acima da inflação e do aumento no custo operacional. Aponta ainda que as empresas brasileiras cresceram neste período quase 30% acima da média mundial.
Estudo da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) mostra que este é um dos principais motivos para o aumento no preço do botijão de 13 kg.
Silveira afirma ter relatos de não retirada de gás nas regiões Sudeste e Sul em outubro de 2024.
O caso envolveria uma série de empresas, segundo pessoas que acompanham o assunto.
Na ocasião, uma delas não retirou o produto, o que deveria fazer com que suas concorrentes o fizessem, para ganhar mercado. Mas, na realidade, nenhuma outra empresa se habilitou a fazê-lo -o que levantou a desconfiança de que as companhias poderiam estar em conluio.
“Essas análises apontam indícios acerca do comportamento deste e de outros agentes da distribuição que podem sinalizar para práticas anticoncorrenciais”, diz o ministro.
O documento se baseia em notas técnicas e informativas da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e da ANP (Agência Nacional de Petróleo e Gás).
Como mostrou a coluna Painel S.A., distribuidoras reclamam, sob condição de anonimato, que a Petrobras passou a reduzir a quantidade de gás normalmente vendida a elas, e ainda instituiu leilões para vender a diferença cortada, mas por um preço até 60% maior –o que causaria o aumento no preço do botijão.
Sobre a gasolina e o diesel, Silveira afirma que as refinarias privadas “têm praticado preços significativamente superiores não apenas àqueles praticados pelos demais fornecedores primários, como também do próprio preço de paridade de importação”.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, o governo calcula que o novo programa para subsidiar a compra de gás por famílias de baixa renda demande R$ 5 bilhões anuais do Orçamento.
Para isso, o governo considera o valor médio do botijão de 13 kg. Ou seja, se este preço diminuir, o custo para a União também cai.
Na última terça-feira (27), Silveira se reuniu com deputados e representantes do setor para debater o tema.
Nesta quarta (28), esteve com integrantes do governo, inclusive o presidente do Cade, para tratar do assunto.

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