Economia

Merckel no Brasil acena com bons negócios

Redação

Publicado em 20 de agosto de 2015 às 23:45 | Atualizado há 10 anos

Agência Brasil

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, e o ministro de Alimentação e Agricultura da Alemanha, Christian Schmidt, alinharam ontem posições em relação ao acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, em fase de negociação entre os dois blocos. Durante encontro na manhã de ontem, Kátia Abreu disse que a Alemanha é fundamental para a tomada de decisão europeia sobre o acordo de livre comércio e Schmidt demonstrou ampla receptividade em estreitar as relações comerciais dos dois blocos.

A ministra prevê que, com a efetivação do tratado, as exportações do agronegócio brasileiro cresçam em torno de 20%. Schmidt disse que a Alemanha pretende ser um parceiro de igual para igual. Ele ponderou que a competitividade entre alguns produtos é natural e destacou a importância da redução das tarifas de exportação.

“Sabemos que comércio aberto significa competitividade. Concorrência é uma coisa que sempre vai existir. Queremos ser parceiros de igual importância, e o segredo é a desoneração de taxas aduaneiras e outras taxações”, acrescentou o ministro alemão.

Kátia Abreu pediu apoio alemão ao acordo sanitário e fitossanitário apresentado à União Europeia em maio deste ano. Pela proposta, Brasil e países-membros do bloco europeu vão harmonizar normas de defesa agropecuária, conferindo mais agilidade à burocracia comercial.

Em setembro, os comissários europeus para Saúde e para Comércio virão ao Brasil para desenhar o acordo. “Isso não vai influir em taxas. Continuaremos com as mesmas taxas, mas significa que harmonizaremos procedimentos documentais para exportação e importação”, explicou a ministra da Agricultura.

Schmidt apoiou o pleito brasileiro e disse que levará o assunto ao Ministério da Alimentação e Agricultura da Alemanha e a autoridades da União Europeia. “É importante buscarmos a simplificação nas regras e na legislação para que todos saibam do que se trata”, afirmou o ministro alemão.

 

Pesquisa e inovação

Durante encontro de ontem no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o ministro Aldo Rebelo e o vice-ministro alemão, Georg Schütte, assinaram cinco acordos de parcerias nas áreas de bioeconomia, pesquisa marinha e terras raras e na abertura de editais conjuntos nas áreas de educação e ciência, tecnologia e inovação. A reunião integra a agenda da visita da chanceler Angela Merkel ao Brasil.

Um dos principais documentos assinados foi a carta de intenções que renova o compromisso em torno do Observatório de Torre Alta da Amazônia, que será inaugurado amanhã (22) no município de São Sebastião do Uatamã, no Amazonas. Os instrumentos instalados a 325 metros de altura medem a emissão de gases de efeito estufa e permitem o estudo das partículas que formam as nuvens.

O observatório é resultado de cooperação entre o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e o Instituto Max Planck de Química, da Alemanha, com investimentos do governo alemão e da brasileira Financiadora de Estudos e Projetos.

“É uma experiência única e está ligada à preocupação dos dois países com o estudo das alterações do clima do planeta. Essa é a finalidade da torre, que vai fornecer elementos para pesquisadores do Brasil e da Alemanha”, disse Rebelo.

O vice-ministro alemão, Georg Schütte, manifestou interesse em investir mais em bioeconomia no Brasil. “Ficaríamos felizes com chamadas para investimentos nessa área, queremos muito trilhar esse caminho conjuntamente”, afirmou.

Os acordos assinados hoje não preveem repasse de recursos. “Os investimentos devem ser proporcionais à disponibilidade de cada um. Sempre vamos querer que eles ajudem com mais recursos, mas acho que eles só ajudarão se o Brasil investir também nessas pesquisas”, avalia Rebelo.

Aldo Rebelo acredita que os acordos de cooperação são o ponto de partida para parcerias nas áreas comercial, científica, tecnológica e cultural e defende que os dois países têm conhecimentos importantes para contribuir.

Ele destacou que, apesar de a Alemanha ter a ciência mais avançada que a brasileira, em muitas áreas, como a de fármacos e a nuclear, o Brasil tem laboratórios e empresas importantes, como a Embrapa, que tem muito a oferecer em setores como agricultura, pecuária e agroindústria.


Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias