Economia

PDT votará contra aumento do IOF, em primeira divergência com governo após crise do INSS

DM Online

Publicado em 28 de maio de 2025 às 18:10 | Atualizado há 1 dia

O PDT votará contra o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre câmbio e operações de crédito caso o assunto seja levado ao plenário da Câmara dos Deputados, afirmou à reportagem o líder do partido, deputado Mário Heringer (MG).
Foram protocolados mais de 20 projetos de decreto legislativo para sustar o aumento instituído pelo governo. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), informou à oposição que decidirá na reunião de líderes na quinta-feira (29) se essas propostas devem ser pautadas no plenário.
Segundo Heringer, o PDT será um dos partidos que defenderá na reunião de líderes a inclusão dos projetos na pauta do plenário. “É um despautério esse aumento. Vai elevar as dívidas das pequenas empresas, não concordamos”, disse o líder pedetista. A sigla possui 17 deputados federais.
A votação será a primeira em que o PDT divergirá do governo Lula (PT) desde o rompimento com o Palácio do Planalto motivado pela demissão do presidente do partido, Carlos Lupi, do Ministério da Previdência em meio ao escândalo dos descontos de aposentados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
A sigla, embora não tenha entregado os cargos no Executivo, passou a se declarar como independente na Câmara e a defender que não faz mais parte da base aliada do governo. Os senadores do PDT, no entanto, discordaram e afirmaram que continuarão na base governista.
Lupi pediu demissão do ministério após o presidente Lula entender que ele não agiu para combater fraudes nos descontos de associações e sindicatos. O ex-ministro negou a falta de ações e afirmou na época, em entrevista à Folha de S.Paulo, que o governo não foi omisso.
Heringer se reuniu na terça-feira (27) com a ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, e recebeu o convite para que volte a participar das reuniões de partidos da base do governo no Palácio do Planalto.
Ele afirmou que voltará a frequentar os encontros em deferência à ministra, mas que manterá a posição de independência e avisará o governo sobre os assuntos com os quais o partido não concorda, como o aumento do IOF.
A alta no imposto foi anunciada com um conjunto de medidas do governo para zerar o déficit nas contas públicas em 2025. A intenção é arrecadar cerca de R$ 20 bilhões em 2025 e R$ 40 bilhões em 2026 com a medida.
Além disso, o governo congelou R$ 31,3 bilhões em despesas. O número pode subir caso a alta no IOF seja derrubada pelo Congresso ou revogada pelo próprio governo diante das pressões políticas e de empresários.
O próprio Hugo Motta já criticou a decisão do governo, em reação à fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o fim do rombo nas contas públicas depende mais do Congresso do que do Executivo.
“O Executivo não pode gastar sem freio e depois passar o volante para o Congresso segurar. O Brasil não precisa de mais imposto. Precisa de menos desperdício”, rebateu Motta, pelas redes sociais.
O presidente da Câmara, no entanto, ainda não indicou o que fará em relação ao tema. Ao anunciar que o tema será tratado na reunião de líderes de quinta-feira, ele dá prazo ao governo para negociar. A próxima semana não terá sessões deliberativas por causa do Fórum Parlamentar dos Brics, que será realizado no Congresso brasileiro.
Há a avaliação também de que a votação no plenário pode causar desgaste na relação da Câmara com o governo, mas ser inócua se não houver entendimento também com o Senado para derrubada do aumento do imposto. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), é um dos mais importantes aliados de Lula.

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