Produtores de leite se unem contra importações
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Publicado em 25 de março de 2024 às 13:47 | Atualizado há 1 anoOs produtores brasileiros de leite estão se unindo contra as importações que causam prejuízos em suas atividades. Goiás não ficou de fora como um importante Estado produtor no segmento. A F. Acredita-se que Ronaldo Caiado tomará alguma medida em prol dos produtores seguindo o exemplo do governador de Minas Gerais, Romeu Zema. Mas, ele se mantém reservado.
Em Belo Horizonte foi criado o movimento “Minas Grita pelo Leite”, organizado pela Faemg. No evento, o governador Romeu Zema anunciou a retirada das empresas importadoras de leite em pó do Regime Especial de Tributação. Com a exclusão do incentivo fiscal, os laticínios passam a pagar o ICMS de 18% na comercialização do produto importado. Representantes da Faemg, cooperativas, entidades do governo e lideranças políticas assinaram manifesto que será enviado ao presidente da República.
Em Goiás, as importações e os custos da produção afetam o setor. Os pastos alugados sofreram altas, com ênfase em Mozarlândia, Mara Rosa e Iaciara. Há criadores, sobretudo os pequenos, vendendo matrizes, porque não encontram outra saída.
O presidente da Frente Parlamentar de Agricultura, deputado federal Pedro Lupion, critica a “enxurrada de leite” que entra no mercado, o que faz com que o preço do produto caia e o produtor não consiga pagar suas contas. “A FPA tem trabalhado junto ao governo federal, conversado com o vice-presidente Geraldo Alckmin, com os Ministérios da Agricultura e da Fazenda e com a Presidência da República para exigir uma medida em relação a isso”, diz.
Contraproposta
O deputado estadual Amauri Ribeiro compareceu à manifestação dos produtores de Minas Gerais e comentou sobre a atual situação. “O produtor de leite, não só de Goiás, mas de todo o Brasil, passa pela maior crise de existência na sua história. Produzir leite nunca foi fácil, mas nunca foi tão difícil igual esse ano, principalmente com a abertura da porteira para o leite importado da Argentina e de outros países”, salienta.
Nessa reunião as indústrias apresentaram uma contraproposta a esse projeto, na qual solicitaram a redução do ICMS de 17 para 5%. “Desses 12% que serão reduzidos, 9,5% serão repassados à indústria e 2,5% ao produtor. Entende-se, assim, que não é o produtor de leite que está com dificuldades, é a indústria”, afirma.
Pesquisadores e analistas do Centro de Inteligência do Leite da Embrapa acabam de concluir estudos sobre o desempenho fraco das grandes economias globais e juros elevados na cadeia láctea este ano.
O analista José Luiz Belini acredita que este será um ano de solicitação para produtores e laticínios. “Depois de um ano difícil, 2024 ainda não será o ano da recuperação e continuaremos monitorando a exclusão de produtores menos eficientes e de pequenos laticínios, como tem ocorrido nos últimos anos”, lamenta.
Crise e dificuldades na produção
Em Goiás, Gilson Costa, criador de gado leiteiro em Itaberaí, sente no bolso o problema. Ele traça uma panorâmica: a safra da soja sofreu redução em torno de 30%. Os preços dos grãos também estão baixos.
Pela lei do mercado, num quadro ruim, é possível que os preços da ração sofram oscilações. Se já esteve a R$1,70 o quilo, hoje se estende de R$2,10. Em sua avaliação, com o milho a história tende a se repetir. Mas, Gilson crê numa média de R$2,50 para o litro do leite in natura. “Essa a esperança, senão fica difícil pagar as contas”, retruca.
O deputado federal Domingos Sávio (PL-MG) começou terça-feira a recolher assinaturas de congressistas para a instalação de uma CPI do Leite. Recém chegado de Israel, Ronaldo Caiado pode sentir no kibutz visitado, composto de brasileiros, que a média diária na produção leiteira é de 41 litros. No Brasil, essa média se limita a 27 litros. A produção total de leite israelense é de 1,6 bilhão de litros por ano.