Economia

Shell registra queda de 56% nos lucros do quarto trimestre de 2015

Diário da Manhã

Publicado em 4 de fevereiro de 2016 às 02:20 | Atualizado há 9 anos

LONDRES – A Royal Dutch Shell, que está prestes a completar o maior acordo do setor petroleiro em um década com a compra do BG Group, registrou queda de 56% nos lucros do quarto trimestre de 2015, para US$ 1,8 bilhão, ante US$ 4,2 bilhões no mesmo período do ano anterior. O resultado segue em linha com expectativas de analistas. No total do ano, os ganhos recuaram 80%, de US$ 19 bilhões em 2014 para US$ 3,84 bilhões.

Apesar do resultado negativo, as ações da empresa subiram 5% na Bolsa de Amsterdã, já que a Shell anunciou que vai manter seus dividendos, pagando pelo menos US$ 1,88 por ação em 2016 aos acionistas. Tal promessa é uma das poucas maneiras de compensar as perdas dos investidores em momento de retração das empresas de petróleo devido à queda dos preços da commodity. No entanto, analistas questionam até quando os pagamentos podem se sustentar se a cotação do barril continuar a recuar.

Em teleconferência com a imprensa na quinta-feira, Ben van Beurden, diretor executivo da Shell, afirmou que a aquisição pendente do BG Group por US$ 50 bilhões, que deve se concretizar nas próximas semanas, seria uma oportunidade para otimizar as operações da empresa diante dos desafios da indústria. Segundo ele, fusão “marca o começo de um novo capítulo na Shell, rejuvenescendo a companhia e melhorando os retornos aos acionistas”.

— Estamos fazendo mudanças substanciais na companhia — afirmou Van Beurden. — Nós refocamos a Shell em resposta aos preços baixos do petróleo.

MENOS TRABALHADORES

O CEO da Shell disse que a empresa já cortou cerca de 7,5 mil postos de trabalho integrais e que uma adicional de 2,8 mil vagas seria demitido das empresas após a fusão. Van Beurden também prometeu “decisões impactantes” em assuntos ligados às despesas. A Shell reduziu custos operacionais em US$ 4 bilhões, cerca de 10%, no ano passado, e planeja reduzir mais US$ 3 bilhões em 2016. A empresa prevê gasto total de capital de US$ 33 bilhões este ano, ante estimativa prévia de US$ 35 bilhões.

Em ação imediata para preservar o capital, a petroleira afirmou que adiaria dois grandes projetos: a operação de gás natural liquefeito no Canadá e a produção de petróleo e gás em águas profundas na Nigéria.

Após a conclusão da compra do BG Group, a companhia pretende vender US$ 30 bilhões em ativos, o que pode ser difícil devido à retração do balanço patrimonial de possíveis compradores também por causa da queda nos preços do petróleo. A maior parte das cisões este ano deve ocorrer na segunda metade do ano, segundo Van Beurden.

— O BG agora se torna importante para a Shell porque ajuda a crescer e aumentar a qualidade dos ativos — afirmou Brendan Warn, analista da BMO Capital Markets, à Bloomberg. — Dá oportunidade à Shell de desinvestir ativos de alto custo e se concentrar nos projetos do BG de margem alta.

PRODUÇÃO DE BARRIS

Segundo a companhia, cada mudança de US$ 10 no preço do barril equivale a um impacto de US$ 3,3 bilhões em ganhos anuais. Em 2015, a Shell produziu 1,1 bilhão de barris.

A Shell estimou nesta terça-feira que suas reservas de petróleo e gás em solo e no fundo do mar caíram em 1,4 bilhão de barris no ano passado para 11,7 bilhões, já que a queda dos preços levou a empresa a remover alguns deles de seus registros. Para garantir a continuidade das operações, as petroleiras precisam aumentar as reservas para substituir a produção. Essa é uma razão para a Shell investir no BG, que acrescentaria cerca de 3,6 bilhões de barris aos estoques.

Na semana passada, a Chevron informou que teve sua primeira queda trimestral desde 2002. Na terça-feira, a BP relatou queda de US$ 3,3 bilhões no quarto trimestre. No mesmo dia, a Exxon Mobil afirmou que seu lucro para o período caiu 58%.

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