Superávit é “positivo” mesmo com queda nas exportações, diz secretário
Redação DM
Publicado em 4 de janeiro de 2016 às 17:40 | Atualizado há 9 mesesMariana Branco – Repórter da Agência Brasil
O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Daniel Godinho, disse hoje (4) que superávit na balança comercial “é sempre positivo, uma vez que impacta positivamente nas contas externas do país”.

Para Godinho, minério de ferro, soja e petróleo bruto estão entre os produtos afetados pelo fenômeno da queda de preços em 2015
Daniel Godinho deu a declaração ao comentar o resultado da balança, que encerrou o ano passado positiva em US$ 19,6 bilhões, mas com queda de 14,1% na média diária das exportações. Foi a queda mais acentuada da média de importações, de 24,3%, garantiu o saldo positivo anual.
“É óbvio que queremos, nos próximos anos, registrar superávits com crescimento de exportações. É nisso que nós apostamos”, acrescentou.
Segundo Godinho, o resultado da balança em 2015 até novembro foi responsável pela redução de mais da metade do déficit em transações correntes (compras e vendas de mercadorias e serviços com o resto do mundo) do Brasil. “Quando atualizarmos [o número], [a influência da balança comercial] deve ser ainda mais relevante”, afirmou o secretário de Comércio Exterior.
Ele destacou que houve alta no quantum exportado pelo país e que a queda nos valores exportados reflete a redução de preços principalmente das commodities (produtos básicos com cotação internacional).
De acordo com dados do ministério, o volume total exportado pelo Brasil em 2015 foi de 637,6 milhões de toneladas. O número supera os 576,7 milhões de toneladas registrados em 2014, e é a maior quantidade desde o início da série histórica do governo, em 1997.
Entre os produtos afetados pelo fenômeno da queda de preços estão o minério de ferro, complexo soja e petróleo bruto. Segundo o secretário de Comércio Exterior, eles responderam, juntos, por cerca de 70% da queda total das exportações brasileiras em 2015.
O minério registrou queda de 44,8% no valor exportado, mas alta de 7,6% nas quantidades embarcadas. A soja, recuo de 8,8% no valor vendido e aumento de 20,3% nas quantidades. No caso do petróleo, o valor exportado caiu 27,1% e o volume embarcado subiu 48% em relação a 2014.
Por outro lado, houve itens da pauta de exportações que foram exceções e registraram alta no valor e na quantidade exportadas, mesmo com a tendência mundial de queda de preços. No caso da celulose, o valor exportado cresceu 6,9% e a quantidade, 9,8%, mesmo com queda de 2,7% nos preços no mercado internacional.
Os aviões também estão nesse grupo, com alta de 19% no valor vendido e de 21,9% na quantidade, mesmo com os preços recuando 2,3%. Os automóveis de passageiros tiveram elevação de 6,6% no valor exportado e de 9,9% na quantidade, apesar de queda de 3% nos preços. Conforme Daniel Godinho, nesses casos os volumes embarcados compensaram os preços em baixa.
Em 2015, o Brasil registrou queda no valor exportado para alguns de seus principais parceiros comerciais. As vendas para a China, por exemplo, recuaram 11,3% e para os Estados Unidos, 9,7%. O secretário de Comércio Exterior afirmou que 2015 foi um ano “difícil para o comércio internacional como um todo”.
Para Godinho, os 70 países que representam 90% de todo o comércio internacional tiveram, em conjunto, queda de 11% nas exportações e de 13% nas importações. Ele admitiu ainda que a redução nas importações brasileiras em 2015 esteve relacionada à queda na atividade econômica interna.

O aumento da safra de grãos deve melhorar o cenário das exportações em 2016
O secretário acrescentou que o governo projeta um cenário melhor para 2016, pelo menos para as exportações. Estas, segundo ele, devem ser beneficiadas pelo aumento da safra de grãos e pela expectativa de estabilidade nos preços das commodities agrícolas.
Além disso, o governo prevê dólar que o valorizado continuará ajudando as exportações de manufaturados. O secretário manteve previsão do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Armando Monteiro, de superávit da balança de US$ 35 bilhões em 2016.
Um dos destaques entre os parceiros comerciais do Brasil em 2015 foi a Argentina. Segundo Daniel Godinho, o Brasil reduziu a queda nas exportações para o país vizinho de 27%, em 2014, para 9% em 2015. “Nós apostamos que, mesmo com a desvalorização cambial [na Argentina], temos tudo para aumentar as exportações para lá.”
O novo presidente argentino, Maurício Macri, cumpriu promessa de campanha e eliminou as barreiras comerciais que tornavam difíceis as transações comerciais do Brasil com o país. No entanto, o governo de Macri também derrubou as restrições à compra de dólares, o que provocou uma valorização da moeda norte-americana desfavorável a que a Argentina importe bens.