Tarifas de Trump atingem 77 mil toneladas de frutas do Brasil
Redação Diário da Manhã
Publicado em 20 de julho de 2025 às 09:34 | Atualizado há 4 horas
A partir de 1º de agosto de 2025, o governo norte-americano, liderado por Donald Trump, implementará uma tarifa de 50% sobre a importação de produtos brasileiros. A medida afeta diretamente cerca de 77 mil toneladas de frutas prontas para exportação aos Estados Unidos e já provocou a suspensão dos embarques de frutas, pescados, grãos e carnes destinados ao mercado norte-americano.
Entre os setores mais impactados está o de frutas frescas e processadas, um dos pilares do agronegócio nacional. O risco de prejuízos é elevado: somente o suco de laranja, que tem os EUA como segundo maior destino, gerou mais de US$ 1,3 bilhão na safra 2024/2025, valor que agora pode ser comprometido pela nova sobretaxa.
Além da perda de receita, há risco de desperdício imediato. Ao menos 2,5 mil contêineres de frutas já estão prontos para exportação, ameaçados de deterioração ou de serem vendidos a preços muito abaixo do mercado. Agricultores da região do Vale do São Francisco, principal polo exportador de mangas, alertam para o risco de demissões em massa e colapso logístico, caso não haja uma solução diplomática. Internamente, a tentativa de realocar a produção no mercado brasileiro poderia derrubar os preços e inviabilizar economicamente os produtores.
Em resposta, o governo brasileiro iniciou negociações com a administração Trump na tentativa de adiar a tarifa por ao menos 90 dias. Estão em pauta medidas como a manutenção de canais diplomáticos formais, campanhas de conscientização junto a empresas e consumidores americanos sobre os impactos no preço de produtos como suco de laranja e café da manhã, além da possibilidade de retaliações entre elas, aumento na taxação de plataformas digitais americanas e sanções em setores estratégicos. Também se cogita o envio de missões parlamentares aos EUA para pressionar por uma reversão ou suspensão da medida.
Diferentemente de episódios anteriores, esta tarifa possui forte componente político, sendo interpretada como uma forma de pressão econômica ligada ao cenário eleitoral brasileiro e à situação do ex-presidente Jair Bolsonaro. Fontes do governo avaliam que as chances de sucesso nas negociações são limitadas.
Sem um acordo à vista, a medida ameaça a sustentabilidade de importantes setores do agronegócio, coloca em risco milhares de empregos e pode provocar efeitos devastadores em economias regionais.