100 ANOS de MARIA ANTONIETA ALESSANDRI
Arthur da Paz
Publicado em 18 de maio de 2018 às 23:44 | Atualizado há 4 meses
Benfeitora, Maria Antonieta fundou 16 obras filantrópicas espíritas que, hoje, atendem cerca de 8.000 pessoas carentes. Seu lema era ter as mãos molhadas de suor e abundantes de caridade
Começa, hoje, a 1ª Mostra Cultural Espírita Maria Antonieta, organizada pelo centro espírita Irradiação Espírita Cristã, para celebrar o memorial de 100 anos da benfeitora que é a segunda fundadora da instituição.
O evento, que dura até amanhã (20), tem programação voltada para todo tipo de público. O tema central é: Nada resiste ao trabalho, que pautará diversas atividades artísticas e culturais, oficinas de arte, momentos de convivência, almoço e uma série de palestras que serão ministradas por nomes conhecidos e renomados no Brasil.
José Leopoldo da Veiga Jardim, o Juquinha, atual presidente da Irradiação Espírita Cristã, explicou ao Diário da Manhã que “Maria Antonieta foi uma das pioneiras da Irradiação e legou uma série de obras e ações sociais ao longo dos 28 anos à frente da instituição. As várias obras atendem desde o recém-nascido até o idoso carente.”
Atualmente, a Irradiação mantém duas escolas: o Instituto Educacional Emmanuel, com média de 200 alunos e a Escola Espírita Tenda do Caminho, com 1000 alunos, do 1º ao 9º ano do fundamental. Três creches, hoje conveniadas com a Prefeitura de Goiânia: o CEI Lar de Matilde, com 234 crianças, no setor Santa Genoveva. CEI Casa Alvorada Cristã, com 120 crianças, no setor Negrão de Lima e o CEI Obra do Berço, com 80 crianças, na Vila Nova, na Rua 200.
A Irradiação também realiza trabalhos sociais nas periferias, como a Casa de Batuíra, no Recanto das Minas Gerais. O destaque das operações sociais da Irradiação é o foco na área doutrinária, tanto na parte dos estudos, quanto no atendimento espiritual, onde, hoje, auxilia mais de 600 pacientes.
Além da difusão da filosofia Espírita, por meio do ESDE, os Estudos Sistematizados da Doutrina Espírita, que tem mais de 500 alunos ativos, acontecem também reuniões públicas semanais que trazem palestras com a temática cristã. “É uma instituição que se projeta como divulgadora da doutrina Espírita, apoiada neste trabalho social. Isso se deve, e todos reconhecem, ao impulso inicial dado por Maria Antonieta”, registrou Juquinha.
Ao longo de sua vida, Maria Antonieta construiu relações com toda a sociedade política e artística de Goiás e usou esta teia de influências para ampliar o atendimento aos mais necessitados e garantir os recursos à comunidade carente que ela passou a atender, sempre apoiada por voluntários que seguiam suas orientações. A informação é da sua filha, a ex-secretária estadual de Educação Raquel Teixeira.
A ex-deputada federal, que segue passos semelhantes ao da mãe, embora na esfera política e da Educação, confidenciou ao Diário da Manhã detalhes da vida sua mãe.
VIDA E OBRA
A dedicação de Maria Antonieta às obras educativas e sociais começou na juventude, narra Raquel. Junto com outros abnegados espíritas, fundou a Irradiação que gerou a supracitada rede de projetos filantrópicos. Nascida em Monte Alegre, no Triângulo Mineiro, em 20 de maio de 1928, ela cursou o 1º grau na cidade natal e concluiu o Magistério em Uberlândia. Aperfeiçoou-se em Educação e Pedagogia em Belo Horizonte e estagiou no Instituto Pestalozzi, cuidando de crianças portadoras de necessidades especiais, sob a orientação da professora Helena Antippof.
Posteriormente, ela também formou-se em Pedagogia pela Universidade Federal de Goiás, em Goiânia, e em Filosofia, na cidade de São Paulo, sob orientação do professor Huberto Hoden.
“Às vezes ela ia andar nas esquinas e periferias para ver as crianças e as necessidades dos lugares e das ruas”, conta Raquel Teixeira.
“No último dia de vida, durante encontro de representantes espíritas com o então governador Alcides Rodrigues, ela comunicou a primeira-dama Raquel Mendes Vieira Rodrigues, que um certo bairro precisava de uma creche. Dona Raquel confirmou que iria arranjar os recursos para a construção da obra e minha mãe foi embora a pé, bem-humorada e despachada, como sempre foi”, continua.
“Mais tarde, um telefonema comunicou-me que minha mãe sentiu uma dor no peito. Avisei que estava a caminho. Quando a moça voltou do telefone, para avisar que eu estava a caminho, ela [Maria Antonieta] disse: — Abre a porta para ela entrar. Eu acho que já estou indo. — Virou para o lado, e foi. Aos 91 anos”, relembrou a filha. Na ocasião, o Diário da Manhã anunciou, na capa da edição do dia 16 de dezembro de 2009, o seguinte título, ao lado da foto de Maria Antonieta: Foi ser luz, e de fato, ela foi. O brilho do seu exemplo preserva ativas e funcionais todas as obras que ela iniciou, hoje, administradas por amigos e voluntários.
Convidada pela organização, Raquel Teixeira vai ministrar, hoje, uma palestra sobre a vida de sua mãe (veja na tabela acima).
COMEÇA HOJE
Aprogramaçãoteminícioàs8h30, no auditório principal da Irradiação e em seguida, uma palestra de ponta com o escritor Roosevelt A. Tiago, com o tema A capacidade de superação do espírito. Ele é considerado um dos grandes nomes da difusão da filosofia espiritualista organizada pelo professor francês Allan Kardec.