Foguetes do Cerrado
Diário da Manhã
Publicado em 21 de novembro de 2017 às 22:28 | Atualizado há 4 meses
Uma fotografia que mostra o Jardim de Maytreia, um dos cartões-postais mais famosos da Chapada dos Veadeiros, em Alto Paraíso de Goiás, ganhou menção honrosa na categoria belezas naturais. Com o título de ‘Fireworks’ (ou ‘foguetes’ em português), a imagem do fotógrafo brasiliense Márcio Cabral ficou entre as 20 finalistas da categoria, e ganhou de seu autor a seguinte descrição: “Um belo pôr do sol em um campo florido de Paepalanthus – uma flor bastante rara encontrada apenas no Brasil, no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.” O registro dessa peculiar paisagem goiana também rendeu a ele 25 mil euros com o prêmio de fotografia do ano no festival Nature Talks, realizado no último dia 18 em Ede, na Holanda.
SIENA
O norte-americano Randy Olson, que trabalha com fotos de natureza, ganhou o prêmio máximo do Festival Internacional de Fotografia de Siena, chamando atenção para as mudanças climáticas e para os impactos da urbanização na diversidade de vida no planeta. Em sua terceira edição, o Sipa recebeu mais de 50 mil inscrições de fotógrafos amadores e profissionais de 161 países, o que faz do evento um dos concursos de fotografia com maior adesão internacional na atualidade. Durante todo o mês de outubro e início de novembro várias atividades relacionadas ao festival movimentaram a cidade milenar, capital da região de Toscana, na Itália central. As inscrições para a edição de 2018 já estão abertas no site oficial do concurso (sipacontest.com).
De acordo com a organização, a meta do festival é promover uma iniciativa cultural internacional para transformar a cidade de Siena em um ponto de encontro de fotógrafos e de ideias de todo o mundo, trazendo uma percepção da atualidade global através de imagens de diversas origens. Em resumo, tem foco em valores comuns, expressos de diferentes formas, mostrando a distância e a proximidade das pessoas em meio ao atual fluxo de informações. “Uma jornada através de imagens criativas com forte significado emocional e valor artístico inquestionável a ilustrar cenas da vida, memórias e aventuras, um resumo dos olhares e expressões, esportes, viagens, vida selvagem, paisagens, meio ambiente, valor cultural da alimentação, etc”, concluem.
O concurso não é restrito a um só tema e qualquer imagem pode encaixar-se em alguma das nove categorias: narrativa (fotos em sequência), gelo frágil, esportes, arquitetura e espaços urbanos, animais em seu habitat, belezas naturais, faces e personagens fascinantes, jornadas e aventuras, preto e branco, e cores em geral. Também foi criada uma categoria especial para fotógrafos com menos de 20 anos. Além de vários prêmios em dinheiro para os vencedores, as melhores fotos são impressas no volume anual do fotolivro Beyond The Lens, publicado pelo festival em parceria com Mark Getty, co-fundador do Getty Images, um banco de imagens norte-americano fundado em 1995 que já conta com mais de 80 milhões de fotografias, além de 50 mil horas de vídeo em catálogo.
VENCEDORES
O grande vencedor do festival de Siena, Randy Olson, traz o resultado de diversas intervenções humanas em áreas anteriormente ricas em biodiversidade. A foto retrata a migração dos grous-canadenses, uma das aves mais antigas do mundo (segundo estudos com fósseis), que realizam uma extensa migração entre a Sibéria e América do Norte. “Esta fotografia retorna ao momento em que os Estados Unidos tinham córregos e espaços suficientes para a migração dos grous-canadenses. Agora, apenas uma pequena área do Rio Prata, em Nebrasca, pode acomodar todos eles. Voluntários do Crane Trust contaram recorde de 413 mil na tarde desta foto. Eles estão ficando sem habitat na passagem pelo país”, declarou Olson.
A primeira colocada na categoria Belezas Naturais foi capturada pelo norte-americano James Smart, e retrata uma tempestade no estado de Dakota do Sul, nos Estados Unidos. “Perseguir esta tempestade em Black Hawk foi incrível. Após esperar horas por alguma coisa para desenvolver, a tempestade começou a tornar-se uma supercélula que invadiu toda a área”, comenta o autor. Uma fotografia de Tim Clayton do time britânico de ciclismo, medalhista de ouro nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, foi a premiada na categoria esportes. A fotógrafa suíça Alessandra Meniconzi levou o prêmio na categoria jornadas e aventuras, com a imagem de uma garotinha enfrentando temperaturas extremamente negativas na Sibéria (-40ºC).