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ENTRETENIMENTO

Um tributo à lacração

Contando com a participa­ção de jovens de todo o País, o 42° Conubes movimen­tou o Setor Leste Universitário nes­ta semana. Um evento de propor­ções megalomaníacas que reuniu música, filme, política, diversida­de estética e tombamento. A pega­da do congresso é uma aposta de que para mudar os rumos do País a aposta é o voto, apesar de que a ten­dência popular é a descrença com política partidária, como mostram os números das últimas eleições. Em 2012 foram 26% de votos bran­cos, nulos e abstenções, em 2016 a porcentagem foi para 32,5%.

Secundaristas todos trabalha­dos nas cores, nas bandeiras, tanto de movimentos identitários quan­to de partidos políticos, ocuparam a mega estrutura para receber cer­ca de 10 mil participantes duran­te todo o congresso. Além de de­bates sobre educação, política e o futuro da juventude, Goiânia foi palco de atividades culturais gra­tuitas durante o evento. Os shows foram abertos a toda população e aconteceram na Praça Universitá­ria Honestino Guimarães. A parte cultural, do palco principal, ficou por conta de Karol Conka e a festa Eu Amo Baile Funk.

Com dança, batuque, gritos e irreverência, a sexta-feira do Conubes em Goiânia foi mar­cada por mais de sete mil estu­dantes nas ruas. Advindos de várias partes do País se manifes­taram contra a intitulada “Esco­la Sem Partido”, que, de acordo com os estudantes, não contem­pla a diversidade e os anseios da juventude. O desfile com se­cundaristas contra este mode­lo de educação fez parte das ati­vidades do Congresso. No carro de som e nas ruas, as bandeiras e palavras de ordem denuncia­ram que a chamada “Lei da Mor­daça”, já apresentada pelo poder Legislativo em diversos municí­pios, estados e até no Congres­so Nacional, não representa uma neutralidade no ensino.

CONUBES CULTURAL

Na quinta-feira o palco princi­pal foi tomado pelo projeto cario­ca Eu Amo Baile Funk, composto, entre outros, pela MC Pocahon­tas, o DJ Grandmaster Rafa­el e dançarinos do Imperadores da Dança. Já na sexta foi a vez da curitibana Karol Conka animar o público com sucessos como Tom­bei, É o Poder e Bate a Poeira. Karol é uma das artistas mais conheci­das no Brasil atualmente.

O Congresso também teve um espaço de discussões sobre a cul­tura e o lançamento do Circus (Circuito de Cultura Secundaris­ta), projeto nacional da Ubes vol­tado a essa área. Os debates con­taram com a participação da atriz e diretora de cinema Ana Petta, do rapper Flávio Renegado e do representante da Liga do Funk Bruno Ramos. Ana Petta e Pau­lo Celestino trouxeram também ao Conubes a pré-estreia do filme Primavera, que aborda as ocupa­ções de escolas por estudantes em 2015 e 2016 contra os retroces­sos na educação. O longa-metra­gem emocionou os estudantes que se viam nas histórias conta­das por eles próprios.

O evento também deu espaço para atrações regionais em palcos paralelos. Na quinta-feira teve apre­sentação da Liga os Monstros, uma coligação de vários nomes do rap goiano. Os grupos Boca Seca, So­ciedade Clandestina, Ápice, Relatos da Leste e o músico goiano Kaverna Manse apresentaram para a juven­tude do Conubes. O rap em Goiás, assim como em outros lugares, tem o poder de dar voz à galera das pe­riferias ao invés de se apropriar do produto que é oferecido pelo mer­cado fonográfico. O grupo goiano de percussão feminina Coró Mu­lher também se apresentou na noi­te de abertura do congresso.

LANÇAMENTO DO FILME PRIMAVERA

Um dos auditórios monta­dos na Praça Universitária Ho­nestino Guimarães, em Goiânia, esteve foi completamente ocu­pado pelos secundas de todo o Brasil que vieram para a abertu­ra do 42º Conubes, na noite des­ta quarta-feira (29). “Sejam todos bem-vindos e bem-vindas à nos­sa sessão extraordinária de cine­ma”, disse a presidenta da Ubes, Camila Lanes, pouco antes do pré-lançamento do filme Pri­mavera, documentário que re­lata experiência dos estudantes nas ocupações secundaristas.

Carrinho de pipoca e muita expectativa marcaram a chegada dos jovens, que iriam ver retrata­das as lutas de todos eles em seus estados. O filme é uma produção independente da Clementina Fil­mes, mas contou com o apoio da Ubes. “Vivemos num momen­to muito difícil no País, duro para quem acredita numa sociedade mais justa, e poder sentir o que vocês sentem me dá muita espe­rança. Por isso, quero dizer que esse é um filme de esperança”, disse a diretora do documentá­rio, Ana Petta. “Este é um primei­ro corte, o filme não está finaliza­do, mas não poderíamos perder a oportunidade de apresentá-lo pela primeira vez aqui, para vo­cês”, acrescentou.

O filme Primavera retrata uma juventude com sede de mudança, que ocupou suas escolas, trans­formou e foi transformada pela experiência. Além das pautas co­muns às ocupações secundaris­tas, como a luta contra a reorgani­zação escolar, contra o Escola sem Partido, a Reforma do Ensino Mé­dio e a PEC do Fim do Mundo, os estudantes trouxeram outras rei­vindicações, como a melhoria da estrutura em suas escolas.

“Quando começaram as ocu­pações pelo Brasil, comecei a compreender mais ainda o que é essa tal educação pública que todo mundo diz que está sucate­ada”, relatou no filme a presidenta da Ubes, que percorreu as escolas ocupadas na Primavera Secun­darista.

A partir dos relatos dos secun­daristas, o filme apresentou o dia a dia deles nas ocupações, seus medos, suas transformações, suas músicas, poesias e o lega­do que ficou dessa nova forma de protestar. A exibição emocionou os estudantes, que vibraram em diversos momentos e dessa forma inauguraram o maior Congresso da Ubes de todos os tempos.

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