Entre os dias 20 e 28 de abril acontece, na cidade de São Paulo, a 9ª edição do “Visões Urbanas: festival internacional de dança em paisagens urbanas”. A novidade deste ano é que pela primeira vez um grupo do Estado de Goiás representará a região no evento, o Grupo Três em Cena.
Fazendo uso de técnicas do breaking para fazer dança com a cidade, os dançarinos Johnathans Paiva (Black), Weuter Vieira (Jerry-X) e Rafael Guarato criaram a peça “Desvios tático-estratégicos para sobreviver à vida urbana”, que se apresentará no dia 21 de abril, às 18h, nas escadarias do internacionalmente conhecido Instituto Tomie Ohtake.
DANÇAR COM A ESCADA
Escada é um objeto arquitetônico projetado para nos permitir subir e descer entre planos, certo? Para os artistas do Grupo Três em Cena de Goiânia, as escadarias das cidades são mais que isso. Elas se tornam o palco onde se faz dança. Com um repertório de movimento advindo das danças urbanas, o corpo se funde ao espaço público através das escadas com deslizamentos, encaixes e um gestual específico para se movimentar com as escadas.
O espetáculo “Desvios tático-estratégicos para sobreviver à vida urbana” é a mais recente criação do Grupo Três em Cena. A investigação para a criação foi baseada em estudos do antropólogo Michel de Certeau sobre o espaço urbano e o uso da técnica do breaking. Neste sentido, a forma do espaço público urbano é caracterizada pela organização cartesiana, focada na circulação de pessoas entre suas casas e seu ambiente de trabalho, ou entre eles e os locais construídos para o lazer do homem urbano, como parques, bosques e praças. Portanto, estão previstos lugares disponíveis em áreas urbanas para determinados fins, impondo padrões de ação corporal na vida comum.
A peça tem como objetivo abordar o espaço público usando truques que permitem refazer as formas de uso dos lugares, promovendo desvios. Portanto, as escadas arquitetonicamente concebidas para ser um lugar de deslocamento entre planaltos, uma vez desviados para uso de dança, torna-se uma área pitoresca, onde o corpo faz dela outros usos.
A prática de mudar o uso da escada no espaço urbano é a ação característica da peça. Na verdade, a proposta é não só “dialogar com a cidade”; antes disso, de práticas que buscam “fazer com” áreas urbanas.