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Hip hop em mutação

Estamos nos aproximando do final da década, e o hip hop continua sendo um dos gêne­ros musicais mais influentes do século. No cenário internacio­nal, o ano de 2018 trouxe lan­çamentos inéditos de artistas já consagrados, como Kanye West (que produziu uma série de cin­co discos chamada Wyoming Sessions), e revelações, como Denzel Curry (antes conheci­do como um rapper de Soun­dCloud – plataforma popular de compartilhamento de músi­cas) e Devon Hendryx, com seu projeto JPEGMAFIA. As muta­ções estéticas são evidentes através de todos estes artistas e estão presentes nas batidas, letras e performances. Subgê­neros como o glitch e o trap, derivados da música eletrôni­ca, ganham novas roupagens, e o hip hop experimental apre­senta uma vasta safra.

A saga Wyoming Sessions, idealizada por Kanye West (que desde 2016 vivia vários confli­tos pessoais devido à sua saúde mental deteriorada) começou a ser revelada em maio, e é com­posta por cinco álbuns, todos produzidos por West. Em se­quência, foram lançados os dis­cos Daytona (do rapper Pusha­-T), Ye (do próprio Kanye West – disco no qual ele sugere ter transtorno bipolar, associando a condição mental a um superpo­der), Kids See Ghosts (uma du­pla criada por West e Kid Cudi), Nasir (do rapper Nas, responsá­vel por um dos maiores clássi­cos do rap de todos os tempos: Illmatic, de 1994) e K.T.S.E. (em parceria com Teyana Taylor). Daytona e Kids See Ghosts fo­ram imediatamente aclamados pela crítica, enquanto os outros receberam avaliações mistas.

De acordo com Clayton Pur­don, do jornal norte americano The AV Club, Daytona é “uma obra prima do minimalismo”, enquanto Ben Beaumont-Tho­mas, do britânico The Guar­dian, observa cada faixa como “uma lição de elocução”. Quan­to ao projeto Kids See Ghosts, Chuck Arnold do veículo En­tertainment Weekly repara na condução psicológica da mú­sica, “esperança, cura e assom­bro, diante da escuridão”. Jor­dan Bassett do NME avalia a atmosfera da obra: “soa ade­quadamente fantasmagórico e sobrenatural – um breve vis­lumbre de outro mundo”.

Considerado a surpresa do ano, o rapper Denzel Curry, au­tor do álbum TA13OO, afirma ter passado por um processo de amadurecimento meditati­vo para alcançar seus objetivos. “Tive que aprender a usar me­nos meu lado abrasivo, e a usar mais meu lado suave e calmo. Com isso aprendi como ser o que sou”. Ele refere-se ainda a seu último álbum, Imperial, que se comportava de manei­ra mais extrema. “Eu estava ar­dente, agressivo, malvado e frio, devido ao que eu estava passan­do naquele período”. Outra no­vidade do ano é o projeto JPEG­MAFIA, de Devon Hendryx. O álbum Veteran, lançado origi­nalmente em fita cassete, com­porta-se de maneira abstrata, agressiva e política. O rapper de­clarou recentemente que pro­duz “música para ser odiada”.

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