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A continuação incrível de um filme já incrível da Pixar

Diário da Manhã

Publicado em 3 de julho de 2018 às 03:33 | Atualizado há 4 meses

Quando “Os Incríveis” foi lan­çado há 14 anos atrás, em 2004, o cinema não vivia essa era dos filmes de super-heróis como hoje. Este que já podemos chamar de um sub-gênero foi rea­vivado em 2000 – principalmente – com o primeiro X-Men e ganhou voo quando “Homem Aranha” se tornou um sucesso absoluto de bi­lheteria em 2002. A animação da Pi­xar foi uma guinada complementar neste formato e responsável por in­fluenciar, e impactar, toda uma ge­ração de espectadores ao conden­sar em um filme animado tanto a diversão habitual para a criançada quanto dilemas adultos que envol­viam escolhas familiares e pessoais de cada personagem.

Dirigido por Brad Bird (“Ratatou­ille”), o longa foi uma revolução téc­nica para as animações no quesito iluminação e trazia situações inspi­radas na vivência pessoal do próprio diretor e em sua paixão por obras de espionagem. A mescla dos elemen­tos de super heróis com a dinâmi­ca de filmes de espião é tão perfeita que tudo em “Os Incríveis” é essen­cialmente necessário e importante para a trama. Após 14 anos, Bird re­solve continuar justamente da últi­ma cena do original e dar sequência ao desenvolvimento da família Pêra quando estes voltam a ser super-he­róis após anos de reclusão.

“Os Incríveis 2” segue um cami­nho parecido em muitos aspectos com o primeiro, mas o faz com di­ferenças no contexto e na maneira em que isto é desenvolvido. Ainda que tais características extraíam o fator surpresa e façam desta conti­nuação menos impactante que fil­me anterior, o longa mantém o vi­sual caprichado e a dinâmica ágil e frenética, sem deixar de se preo­cupar em estabelecer as relações do público com cada um daqueles personagens tão amados.

Já o vilão é pouco surpreendente. Tudo bem que não era uma exigên­cia “Os Incríveis 2” ser uma com­pleta surpresa. É um filme de su­per-herói e estou contente em ver personagens tão queridos nova­mente em sintonia na tela grande. Mas em comparação com o ante­rior o vilão aqui segue uma dinâ­mica previsível e sem a profundi­dade emocional do Síndrome, cujo arco narrativo no filme original ha­via sido magistralmente estabeleci­do desde quando o personagem era criança. Já aqui, soa forçado a ten­tativa de criar outro vilão com mo­tivos emocionais fortes em relação aos heróis.

Mas nada disso interfere no óti­mo desenvolvimento de “Os In­críveis 2”. A excelente ação está lá – mesmo que sem uma cena me­morável como toda a sequência da ilha no anterior, por exemplo -, e a maravilhosa trilha sonora de Mi­chael Giacchino dá o tom e colabo­ra novamente com a estética envol­vente da obra.

O diretor Brad Bird já falou em entrevistas que nunca foi um lei­tor assíduo de quadrinhos, e talvez isso tenha favorecido desde sempre a criação de “Os Incríveis” na junção de dois estilos (herói e espionagem) de maneira fluida e sem amarras com quadrinhos. E “Os Incríveis” é uma criação original criada pelo próprio Bird sem adaptar de livros ou HQs, mas com o respeito, ova­ção e carinho que falta em muitos filmes de super-heróis por aí.

Portanto, ainda que este não su­pere o primeiro, “Os Incríveis 2” está longe de ser ruim. É um filme ex­celente que mata com louvor nos­sa saudade desses personagens tão amados que desde 2004 continuam conquistando milhares de pessoas. Recomendado!

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