Entretenimento

A rua está para a música

Diário da Manhã

Publicado em 25 de janeiro de 2018 às 22:45 | Atualizado há 4 meses

Quem trabalha ou estu­da pelos lados do se­tor Leste Universitário já pode ter observa­do um fenômeno impressio­nante. As vezes a gente sai do trabalho, ou da faculdade, e os pés se encaminham sozi­nhos para a distribuidora que fica na rua do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da UFG. Nesta mesma rua acon­tecem os ensaios do proje­to de percussão Coró de Pau. Não é raro que após os en­saios a galera acabe fazendo uma extensão sonora na dis­tribuidora, trata-se então de um lugar comumente sonoro.

Dizem por aí que essa gera­ção de jovens já não é tão en­volvida com as ruas de suas cidades. Isto não é absoluto, existem aos montes os resis­tentes, que apreciam tomar sereno e pessoas diferentes, conversas presenciais e risa­das audíveis. Para estas pes­soas foi pensado o Música na Rua, projeto de músicos goia­nos que querem firmar a rua 226 do Universitário como um lugar de cultura e convi­vência. O projeto está sendo tocado pelo cantautor Kleu­ber Garcêz , a cantora Janaína Soldera e sempre um músico convidado.

O trio se apresenta na Dis­tribuidora Universitária a par­tir das 20h e vai até as 22:30 dos sábados. Neste sábado a dupla convida o músico, can­tor e compositor César Henri­que, que também é integrante da banda Mundhumano. O re­pertório prioriza a música pre­ta brasileira. Sambas, samba­-reggae, reggae, afoxé, ijexá, cumbia, groovies e batuques. Sem cobrança de couvert, é só chegar e relaxar. O Música na Rua se aproveita da mania goiana de beber em frente as distribuidoras, que acabam se convertendo em bares por for­ça da clientela.

As ruas e a boêmia goiana

“A Goiânia dos idos anos de 1980 era uma cidade com vida noturna ativa, com centenas de bares sempre lotados, com turistas e frequentadores lo­cais assíduos. Tinha até um slogan propagado entre os bo­êmios que dizia que “Goiânia não tem mar, mas tem bar”. Era nos bares ao longo da Ala­meda Ricardo Paranhos e da República do Líbano concen­trados nos arredores da Praça Tamandaré que muitos can­tores e compositores fizeram história e se consolidaram em suas carreiras” conta Kleuber.

O músico continua: “A era do barzinho fez história. A par­tir dos anos de 1990 essa cultu­ra aos poucos foi deixando de existir, muito por conta do au­mento da violência, mas tam­bém por conta de uma mudan­ça de hábito da cidade, onde o silêncio começou a imperar e as exigências de adequação em ambientes fechados desa­nimaram proprietários e artis­tas. Porém há uma cena de no­vos artistas que precisa deste espaço e um público que pre­fere estar com os amigos ao som de uma música ao vivo”

Kleuber relata como se ma­terializou o Música na Rua: “Eu fui conversar com o Ale­mão, do Coró de Pau, sobre a gente fazer um trabalho de ocupação no carnaval. Então ele me disse que um outro músico, começou um traba­lho com o dono dessa distri­buidora, mas era de uma ma­neira bem mambembe, ele levava um sonzinho, uma caixa e passava o chapéu. Aí o Alemão disse que o dono da distribuidora tinha interes­se em fazer algo com música, porque em Goiânia tem mui­to essa cultura das pessoas gostarem de beber, de um ha­ppy hour ao ar livre e não em ambientes fechados, como é nas maioria dos bares da ci­dade. Conversei com o cara e acertamos um piso, de forma que as pessoas não pagassem couvert, e fosse tranquilo pra que todo mundo participasse como público”.

Kleuber fala do protóti­po da ideia de fazer um som em lugares abertos, na oca­sião por uma iniciativa solidá­ria a um militante que sofreu uma grave agressão policial: “A nossa primeira tentativa foi em 2016 em uma onda solidá­ria, para arrecadar uma grana pro Mateus, tinha acontecido aquela tragédia que o policial agrediu ele na manifestação. E então juntaram-se alguns companheiros artistas pra fa­zer isso. Eu, Diego de Mora­es, Fernando Simplista, Mila Tuli, Bebel Roriz, Heróis de Botequim. Aí tocamos no Bar da Tia pra levantar uma grana e de lá fiquei com isso na ca­beça, de levar música para os espaços realmente abertos, principalmente distribuidora que a cerveja é mais barata”.

“Na edição anterior deu um público de mais ou menos 200 pessoas, os envolvidos ficaram muito felizes com a receptivi­dade do público. A princípio vamos fazer até o carnaval em todos os sábados. Mas j´á es­tou pensando em levar para outros lugares, principalmen­te lugares abertos, se forem distribuidoras melhor ainda. A gente quer levar música pras pessoas que querem ficar na rua mesmo.” conta o músico.

PROJETO MÚSICA NA RUA

Kleuber Garcez, Janaína Sol­dera e César Henquique (Trio Meio Mundhu)

SÁBADO, 27/01 ÀS 20H

DISTRIBUIDORA UNIVERSI­TÁRIA – Rua 226 n 528 setor Leste Universitário. Próximo ao DCE/UFG.

Sem cobrança de couvert

 

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