Entretenimento

A vez de Hilda Hist

Diário da Manhã

Publicado em 23 de julho de 2018 às 22:05 | Atualizado há 4 meses

Um festival literário é algo muito maior do que a progra­mação de atividades. Isso por­que o encontro entre escritores e público é algo que ultrapassa as mesas de debate e apresenta­ções. Promover o contato ao vivo talvez seja a melhor parte desses eventos, pois a troca de saberes é, muitas vezes, impossibilitada pela distância física. Desde 2003, o Festival Literário Internacio­nal de Paraty, a Flip, exerce essa função ao colocar diversos es­critores em um mesmo ambien­te. Além disso, o evento promove uma conexão com a cidade mui­to específica, promovendo inter­locução de artes e da diversidade que existe na cultura brasileira.

Em cada edição, os curado­res do festival escolhem um au­tor para relembrar a obra, como forma de valorização da língua e literatura do Brasil. Cada edição carrega um eixo temático desen­volvido de acordo com o escritor homenageado na edição. Já pas­saram pela Flip escritores e escri­toras como Neil Gailman, Angéli­ca Freitas, Chico Buarque, Ariano Suassuna e outros. A edição de 2018, que começa na próxima quarta-feira (25/7), com encer­ramento no domingo (28), relem­bra a trajetória e a obra da poeta e escritora Hilda Hist.

PROFANA, HILDA

Hilda Hilst – Hilda de Almeida Prado Hilst (1930-2004) escreveu poesia, ficção, teatro e crônica,ten­do construído uma obra singular em língua portuguesa na segunda metade do século 20 em torno de te­mas como o amor, o sexo, a morte, Deus, a finitude das coisas e a trans­cendência da alma. Paulista de Jaú, Hilda era filha do casal Bedecilda Vaz Cardoso e Apolônio de Almei­da Prado Hilst, cafeicultor filho de imigrantes da Alsácia-Lorena. Seu pai foi diagnosticado com esqui­zofrenia e internado num sanató­rio quando Hilda tinha cinco anos.

O interesse pela literatura se deu desde a infância. Era leitora de Samuel Beckett, Friedrich Hölder­lin, Fernando Pessoa, Rainer Ma­ria Rilke, René Char e Saint-John Perse. Estreou na literatura aos 20 anos com um livro de poesia e foi recebida com entusiasmo por Ce­cília Meireles e Jorge de Lima, de quem era leitora. Aos 22, formou­-se em Direito pela Universidade de São Paulo, onde conheceu a es­critora Lygia Fagundes Telles, com quem manteve laço duradouro. Após a formatura, viajou pela Gré­cia,Itália e França.

Contava que, após a leitura de Carta a El Greco, de Nikos Ka­zantzákis, desejou abandonar tudo para entregar-se em tem­po integral ao ofício de escritora, o que a fez deixar a advocacia e uma vida social intensa para vi­ver perto da natureza. Em 1966, passou a residir na Casa do Sol, uma chácara que construiu em Campinas, no interior de São Paulo, cercada de árvores e bi­chos, para servir como espaço de estudos e criação artística

Foi casada com o escultor Dan­te Casarini e não teve filhos. Dis­tante dos grandes centros recebia para temporadas breves e longas artistas e escritores, como Mora Fuentes e Caio Fernando Abreu.

FLIP 2018

Além da programação em ho­menagem a Hilda Hist, a progra­mação deste ano conta com di­versos outros eventos na cidade durante o festival. Basta circular entre as pedras do centro históri­co de Paraty e ir descobrindo qual debate ou apresentação mais lhe agrada. Nas ruas de Paraty, nas calçadas e na praia, a literatura é celebrada sem nenhum tipo de se­gregação. Viva Hilda, viva a Flip

Tags

Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias