Alquimia de Henrique Pontes
Diário da Manhã
Publicado em 24 de janeiro de 2018 às 22:28 | Atualizado há 4 meses
Henrique Pontes é chef proprietário de um restaurante em Goiânia. Ele graduou em Direito pela UFG e logo iniciou o curso de Gastronomia. Após se formar, teve a oportunidade de conhecer vários lugares do mundo (ao todo, são mais de 50 países), em que pôde explorar a cultura de cada povo por meio da culinária local. Aos 36 anos possui um extenso currículo construído a partir da alta cozinha, assunto que domina muito bem.
O conceito de experiência gastronômica do chef Henrique é que o cliente deve, ao entrar no restaurante, se libertar de preconceitos e estar aberto a experimentar novos sabores, ou sabores já conhecidos, mas usados de maneira inovadora e criativa. Com tanta experiência acumulada, em tão pouco tempo, Henrique –“o chef pra lá de lindo”– foi escolhido para estrelar a coluna Prazeres à Mesa.
COZINHA
A sua maior referência é a cozinha francesa, de onde vem a maioria absoluta das técnicas que ele usa diariamente. Apesar de apresentar uma cozinha contemporânea e inovadora, a culinária clássica o acompanha o tempo todo. Não existe cozinha moderna sem o estudo incessante das técnicas clássicas e, por isso, a gastronomia francesa é um de seus pilares. Outra grande referência que notei é a cozinha italiana. A simplicidade, os excelentes ingredientes e os incríveis sabores dessa escola o inspiram diariamente. A sua cozinha viaja também pela cozinha árabe (Oriente Médio e norte da África) e pelo Sudeste Asiático, sobretudo Tailândia, Vietnã e Índia.
As opiniões na cidade – com respeito à sua mágica da Gastronomia, e sobre sua arte cozinha – era uma verdadeira chapa quente, bastante agitada em relação ao fato do quanto sua cozinha se mostra elegante.
Fiquei muito curiosa para conhecer Henrique, o poderoso, etc e tal, enfim, o chef. Em uma quarta-feira à noite com um céu cheio de estrelas e com a lua cheia iluminando o carro, fui, com uma amiga, ao restaurante onde nos sentamos em um canto numa pequena mesa e pudemos nos deliciar a atmosfera de alto-astral, enfim, um canto diferente e leve, no Setor Marista. Naquele momento me veio à lembrança um passado próximo quando estive em Miami e conheci um italianinho, muito gostoso que fica dentro do Shopping Bal Harbour, com melhores variedades de designers famosos, além de ser muito bonito. Tem um pão italiano quentinho que amo. Parada obrigatória no dia das compras. Eles preparam uma pasta com lagosta de ir ao céu várias vezes. Prepare-se para ver um montão de brasileiros, até o Faustão já esteve lá.
O chamado do garçom, ao apresentar a carta de vinhos, acordou-me de meus pensamentos e recordações. Escolhi, dentre a interminável lista, o tinto leve que me acompanhou no meu primeiro prato, cujo aroma exalava lembranças.
Ao retornar, meio sem jeito, o gentil atendente me fez saber que Henrique tomou a ousadia de chef e resolveu mudar o pedido. Eu, sem entender muito bem, me permiti aventurar ao sabor da alquimia proposta. Veio então um vinho branco, e, duas taças. Então o mestre da bandeja, que, calado, somente exerce sua função, abriu o vinho e serviu na taça, quase que brincando em ser profissional, um show e verdadeiro slow motion, chamando a atenção pelo treinamento a que foi submetido.
Logo em seguida me chega o chef “lindo de morrer, digo, de viver” que, falante, começou a descrever sua cozinha. Em um curto espaço de tempo mergulhei em sua história que me encantou pela técnica com toque de mágica, quando ouvi da atendente, à mesa, se eu teria alguma restrição com relação a algum produto, ao que, de imediato, respondi indagando se ali teria o show gastronômico e, o mais importante, se os produtos eram frescos. A funcionária explanou a rotina do restaurante ao garantir que, ali, todos os produtos chegam, todos os dias, e frescos. Encurtando a história, aquele foi um dos melhores pratos que já provei em toda minha vida de gastrônoma. Naquele nostálgico jantar pude saborear uma das melhores experiências em sabores da minha vida. Fiquei feliz de me deliciar da sua gastronomia refinada e chique.
Em um jantar marcado com minha amiga, Henrique, bastante seguro, dispôs o seu menu degustação. Neste instante, começou a nos descrever todas as suas alquimias. Música lounge no volume exato.
COMIDA E VINHO
À mesa me veio a lembrança de um momento lúdico que tinha vivido, acompanhado por apreciáveis vinhos. Fui acordada pelo aroma do clássico ‘Bombom’ de coração de frango, tipo paté cremoso de origem francesa, acompanhado por um vinho português que acentuou as características do prato simplesmente inesquecível. Logo a seguir, Vieira grelhada com salada de guariroba, jaca e caqui. A harmonização foi perfeita com um Pinot Grigio bem escolhido, um Verdicchio. Foi uma explosão de estrelas no céu. Incrível!
Vale a pena enfatizar a razão pela qual os frutos do mar e o vinho tinto não se dão bem. O principal responsável pelo desentendimento é o iodo. O terceiro prato foi Arroz de rapa de chorizo camarão grelhado com maionese de pequi e pimenta de Espelette. Trata-se evidentemente de um prato multidimensional que exige um vinho igualmente complexo. Sendo assim, preferi ir para o grupo dos aromáticos, mais especificamente o Riesling. Foi de comer rezando. Maravilhoso! O terceiro prato foi um Magret de pato com gnocchi de mandioquinha, mangaba, roti de mutamba e baunilha do cerrado, capuchinha e café, pedi um vinho mais sofisticado, complexo e de certa evolução, com aromas terciários, o Syrah do Rhône. Se preferir, peça vinhos do novo mundo de varietais, como Merlot, Shiraz e Malbec. Este prato me levou ao paraíso do amor. A cocção do Magret estava no ponto, a baunilha do cerrado deu um toque especial ao prato. Para finalizar, Mousse de buriti com gel de hibiscos, damasco, chocolate branco, sorbet de iogurte de leite cru e granola de sapucaia. Para harmonizar, escolhi o vinho colheita tardia Santa Carolina Late Harvest. Este prato traz um roti com toque da granola de sapucaia trazendo jovialidade, além da elegância das especiarias.
O belíssimo trabalho do chef rendeu o cardápio especial que é um “ponto fora da curva” apoiado numa paleta de preparações tradicionais e criações equilibradas com certa ousadia, mistura que define muito bem o perfil de Henrique. Ele preencheu uma lacuna expressiva no ramo da gastronomia na cidade.
Minha amiga e eu, que também é uma conhecedora da alta gastronomia, e cozinha bem, saímos do restaurante com aquele gostinho de queremos mais. Para finalizar, digo que o chef que sabe dominar os convidados num jantar pode dominar o mundo. O futuro pertence aos requintados e elegantes. Foi simplesmente um jantar inesquecível!
A ROUPA ADEQUADA PARA JANTARES EM RESTAURANTES
Para se vestir de forma adequada para ir a um restaurante deve ter em conta que para se vestir de forma elegante não é necessário complicar a escolha de têxteis, o simples e natural estão relacionados com a elegância. Devemos fugir de roupas ou vestidos com linhas e estampados vanguardistas que rompem com as tendências mais clássicas e fugir de cores mais chamativas.
Como é um restaurante sofisticado e não é uma festa, a maquiagem tem de ser leve.
Opte por um vestido preto, mais casual, com uma roupa bonita, com ou sem brilho, mas não se esqueça que vai ficar sentada, por isso vá com uma roupa confortável. Nada mais desagradável do que ter que se preocupar com a fenda da saia ou com a cintura baixa da calça que deixa a calcinha aparecendo e que é um horror. A bolsa é sempre menor do que as usadas no dia a dia. Tire as joias para fora do armário em ocasiões como esta, mas evite exageros. O salto alto à noite é sempre mais elegante e deixa a mulher mais sexy. Adoro o uso de xale e é ótima opção para jantares em restaurantes, pois protege do frio do ar-condicionado.
Dicas de Vinhos
Quais são os melhores vinhos chilenos? Não é fácil responder a essa pergunta. A resposta envolve diversos fatores, tais como: ‘melhor para quem?’; ‘de qual preço?’; ‘de qual região?’ ‘vinhos leves ou mais encorpados? Selecionei quatro vinhos chilenos das listas de melhores vinhos chilenos publicados em 2017 por reconhecidas revistas especializadas e vinhos que já provei.
CASAS DEL BOSQUE GRAN RESERVA SYRAH 2011
Um tributo à elegância e complexidade, caracterizada por aromas intensos que revelem as maiores riquezas da uva. Vinhos encorpados, de grande concentração e perfeitamente integrados à madeira, cúmplices indiscutíveis que evoluem de forma harmoniosa na garrafa.
CASA MARÍN, SYRAH, MIRAMAR VINEYARD 2010
Um dos cinquenta melhores vinhos do mundo para a Revista Decanter em 2014, e como o melhor Syrah do mundo para o Guía Descorchados, o Casa Marin Syrah Miramar é uma unanimidade dentre a imprensa especializada. O volume e a fruta madura são equilibrados por uma acidez viva e grande complexidade aromática, com notas defumadas e terrosas. A melhor porta de entrada para conhecer as sutilezas dos vinhos da família Marin.
SANTA CAROLINA SPECIALTIES TINTO MALBEC 2013
O vinho Santa Carolina Reserva de Família Cabernet Sauvignon tinto Chileno possui cor violeta médio com aroma de frutas escuras maduras, como cerejas, e chocolate amargo. Em boca é seco, encorpado, possui boa acidez, taninos aveludados e final equilibrado.
CONCHA Y TORO TERRUNYO LOTE 1 2013
Varietal. Terrunyo Carménère é estruturado, volumoso, levemente mineral, com aporte de grafite e fruta madura, de taninos maduros e intensos. Essa linha é tida como uma das ‘menina dos olhos’ da Viña Concha y Toro.