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As marcas da obesidade

Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2018 às 00:05 | Atualizado há 4 meses

No Brasil, segundo da­dos do IBGE, 15% das crian­ças entre 5 e 9 anos e 25% dos adolescentes, têm sobrepeso ou obesidade. Sendo que em 95% dos casos, a origem da obesidade está ligada ao des­mame precoce, sedentaris­mo, alimentação inadequada e problemas familiares.

Segundo a psicóloga Ghi­na Machado, vivenciar a obe­sidade em idade tão precoce traz diversos impactos, tanto sociais como psicológicos. “A obesidade afeta a autoestima devido ao estigma de ser obeso. Frases como “só é gordo quem quer”, “falta força de vontade”, “come demais porque não tem vergonha na cara”, são alguns exemplos que reforçam o es­tigma da obesidade. O precon­ceito em relação aos obesos é muito comum e pode deixar marcas para a vida toda quan­do acontece na infância ou adolescência”.

Outro fator importante é a aceitação da autoimagem. “A aceitação da imagem corporal é essencial para o adolescen­te se sentir seguro no conví­vio entre seus amigos e na so­ciedade em geral. Quando isso não acontece, pode gerar pro­blemas nas relações sociais, no processo de formação da iden­tidade e, claro, na autoestima. O adolescente obeso também pode sofrer por se sentir “fra­cassado”, seja em relação à per­da de peso ou pelo fato de ser obeso, o que também leva a um sentimento de inferiorida­de constante”, comenta Ghina.

BULLYING: UM CAPÍTULO À PARTE

Um estudo mostrou que no Brasil cerca de 50% dos adolescentes obesos sofrem bullying. “Este tipo de agres­são sempre existiu, apesar da nomenclatura ser relativa­mente nova. O que ficou mais claro nos últimos anos é que as agressões durante a vida escolar ou adolescência, a dor carregada dentro si, as humi­lhações e os constrangimen­tos podem levar ao isolamen­to social, depressão, entre outros problemas que são le­vados para a vida adulta”, ex­plica a especialista.

Apenas 5% dos casos de obesidade tem relação com al­guma outra doença. A maioria das pessoas desenvolve a obe­sidade devido aos maus há­bitos de vida, principalmente comer demais e praticar ati­vidade física de menos. En­tretanto, há um componente emocional muito importante na comida: o conforto emo­cional. E é justamente por isso que a maioria das dietas fracassa, ou seja, para perder peso e mantê-lo, muitas vezes, é preciso entender, com a aju­da da psicoterapia, porque se come tanto, quais sentimen­tos e pensamentos estão en­volvidos e como melhorar a re­lação com a comida.

PADRÃO FAMILIAR

“Há casos em que os pais têm maus hábitos e, por isso, são obesos e perpetuam este padrão. Os pais podem ter dificuldade de aceitar a pró­pria obesidade. Isso quer di­zer que se não conseguem olhar para si próprios, não poderão olhar para a obesi­dade dos filhos e buscar tra­tamento”, reflete a psicóloga.

Para Ghina, há também os pais que não conseguem ne­gar o alimento para os filhos, sabotando a dieta. Além dis­so, há crianças e adolescentes que recorrem à comida para enfrentar problemas que não sabem solucionar ou ainda para se autoconfortar, prin­cipalmente quando há pouca atenção ou afeto dos pais.

A obesidade tem um com­ponente emocional muito importante. Por isso, seu tra­tamento deve envolver, além de nutricionista eou endo­crinologista, o acompanha­mento com um psicólogo, principalmente para crian­ças e adolescentes. Os pais também precisam se envol­ver no tratamento, pois mui­tas vezes a causa da obesida­de está na dinâmica familiar e todos precisam se engajar para alcançar o sucesso.

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