Barricas de carvalho tornam o vinho irresistível
Diário da Manhã
Publicado em 13 de junho de 2018 às 23:57 | Atualizado há 4 meses
Qual a influência que a madeira exerce no vinho? São três características: o tamanho do barril, sua idade e a origem da madeira da qual ele é feito. Comecemos pela madeira: o carvalho é apreciado por unanimidade em razão de suas propriedades físicas e de sua contribuição aromática. Os polifenóis (substâncias antioxidantes, abundantes na alimentação) contidos nas células de carvalho constituem o acréscimo aromático que é buscado para certos vinhos; até hoje foram identificados mais de 60, entre os quais 18 fenóis diferentes, sendo a baunilha o mais importante. Os taninos de carvalho são diferentes daqueles que são transmitidos ao vinho pelas cascas e pelos engaços das uvas. Elas adicionam adstrigência ao vinho e reforçam sua estrutura. A imagem de fileiras intermináveis de barris de carvalho, gentilmente alocados em caves escuras, é reconfortante para a maioria dos amantes de vinho. Enquanto isso, para os enólogos, este tipo de maturação ou envelhecimento tem muitas implicações históricas e comerciais, que pode influenciar no seu uso e na qualidade do produto final.
BARRIL NOVO
O barril novo é, com certeza, o que transmitirá mais compostos aromáticos ao vinho. Quando o barril é utilizado para uma vindima, os taninos e outras substâncias contidas no vinho, assim como os cristais de tártaro (é o sal ácido de potássio), onde se deposita o tártaro, nas paredes e, principalmente no fundo, em forma de cristais. Com o passar do tempo, o barril perderá essas características, passando a liberar uma quantidade cada vez menor de compostos aromáticos.
A madeira nova respira melhor que o barril velho: seus poros não estão entupidos pelos depósitos do vinho, e assim o oxigênio penetra mais facilmente. O carvalho novo acrescenta mais tanino e substâncias mais doces provenientes da celulose da madeira, além de uma maior quantidade de aroma de baunilha, que é bem característico da madeira nova.
Depois de um ano de uso o carvalho começa a perder estas características, e passa a liberar mais compostos aromáticos. Os barris não são indispensáveis para que se obtenha o gosto de carvalho. A presença da madeira por si só já é suficiente. Algumas vinícolas do Novo Mundo utilizam lascas de carvalho em infusão nas cubas de aço inox para dar ao vinho esse gosto tão especial. No Velho Mundo (Europa), entretanto, essa prática é não é usual e é tida como pouco ortodoxa.
CARVALHO
Recipientes de madeira são usados desde a antiguidade para armazenar e transportar o vinho. Mas que tipo de madeira é a mais usada? A resposta é fácil: o carvalho. Por quê? Madeiras como cerejeira, castanho e muitas outras foram testadas ao longo dos séculos como recipientes para o vinho, no entanto, o carvalho provou ser o mais resistente, leve, maleável, impermeável e cujo “sabor” tem maior afinidade com a bebida.
VINHO SEM CONTATO COM A MADEIRA
Existem muitos vinhos que não passam nem perto da madeira, mas praticamente todos os grandes tintos do mundo têm algum tipo de contato com ela, sem falar de brancos, fortificados, vinhos de sobremesa e até espumantes.
BARRIS NOVOS
Eles colaboram com compostos, como a vanilina e os taninos, aumentando a complexidade dos vinhos. À medida que são reutilizados, a quantidade de compostos extraída é reduzida gradualmente e, após cinco ou mais reutilizações, passam a ser utilizados apenas para o estoque dos vinhos, pois permitem uma oxigenação lenta e controlada do produto.
AROMAS
Outro ponto muito importante a ser considerado é o equilíbrio dos aromas de carvalho e como irão influenciar no buquê do produto final, tarefa reservada para um enólogo qualificado. Afinal de contas, excesso de carvalho pode conferir notas torradas que vão envolver os aromas frutados de um vinho, resultando em um produto grosseiro. Além disso, o tempo de contato e a complexidade do carvalho ainda colaboram com a carga de compostos carreada da madeira para o vinho, que, adicionados aos compostos naturalmente presentes, ditarão a velocidade das reações de oxidação do produto ao longo do seu armazenamento.
GARRAFA
A garrafa de vidro é quase tão importante para o vinho quanto a rolha. O vidro é um material inerte e inalterável. Até o final do século XVIII, as garrafas eram esféricas, e portanto difíceis de guardar deitadas. Fabricavam jarras de cerâmica nas quais o vinho era conservado e transportado. Com a evolução surgiu a garrafa alta com laterais paralelas, fácil de guardar deitada, mantendo a rolha em contato com o vinho. Isso foi essencial para os vinhos finos, porque acabou oferecendo a eles melhores condições de envelhecimento.
Sabe-se há séculos que os barris de carvalho influenciam o gosto do vinho e que a qualidade da madeira tem sua importância, mas apenas estamos começando a compreender por que os vinhos reagem de modo diferente segundo o tempo que passam envelhecendo. Essa etapa na evolução do vinho, entre a fermentação e o consumo, chama-se amadurecimento. Muitos vinhos medíocres foram prejudicados por barris sujos ou por falta de cuidado na adega. Por isso, antes de comprar um vinho, tenha o cuidado de adquirir o vinho de uma vinícola respeitável no mercado. Mas hoje se compreende melhor a bioquímica do vinho, e a maioria dos incidentes é evitada graças a um melhor conhecimento das regras de amadurecimento do vinho.
Após o engarrafamento, o vinho pode também sofrer com tratamentos inadequados, como transporte, diferenças de temperatura, vibrações e luz. A garrafa fica bem em ambiente calmo, a uma temperatura fresca e constante, para que os elementos sólidos em suspensão no líquido possam depositar-se lentamente, por gravidade. Os princípios de conservação devem ser observados até a hora que o vinho chega na taça.
É incrível como o vinho é complexo, não? São tantas etapas até ele chegar até você. Por isso ele é mágico, misterioso e admiradamente interessante. Naõ é fácil combinar e exaltar sabores e aromas para tentar dar a um vinho toda sua expressão, sua personalidade. É uma arte!
CAÇAROLAS E VINHOS
TAJI JAPANESE CUISINE
Goiânia vai ganhar uma opção diferenciada de restaurante japonês. O Taji Japanese Cuisine inaugura no dia 15 de junho, no Setor Bueno, trazendo uma experiência inovadora em gastronomia japonesa contemporânea. A novidade, que será o primeiro Sushi Lounge da capital, é fruto da parceria de três jovens empreendedores goianos.
VINHOS
Quero deixar claro que não existem vinhos de inverno ou de verão. Sou defensora da tese de que vinho é bom em qualquer ocasião e vai tão bem à beira da piscina como em frente à lareira. Mas o fato é que determinados vinhos ficam melhores quando o mercúrio dos termômetros desce, outros parecem feitos sob medida para os dias quentes.
E é por isso que resolvi apresentar na Coluna Prazeres à Mesa uma seleção de tintos brancos, espumantes, fortificados – e até um rosé – que combinam com o clima frio. Em comum, eles têm algumas características: são encorpados, alcoólicos, aromáticos e complexos.
Alfredo Roca Bonarda e Sangiovese
Este vinho argentino é simples, porém agradável corte de Bonarda e Sangiovese é perfeito para o dia a dia. É seco, com taninos finos, tem boa acidez e equilíbrio.
7 NAVAS ROBLE (CASTILLA Y LEÓN, ESPANHA)
Este varietal de Garnacha tem aromas intensos de frutas vermelhas (framboesa principalmente), toques florais, tabaco e especiarias doces.
PÊRA GRAVE 2013 (ALENTEJO, PORTUGAL)
Encorpado e denso, este tinto, que vem da famosa Quinta São José de Peramanca, em Évora, traz aromas de frutas negras maduras e um toque mineral.