Beba água, coma salada
Diário da Manhã
Publicado em 12 de fevereiro de 2018 às 22:48 | Atualizado há 4 meses
O consumo de drogas existe, isso não pode ser ignorado. A simples proibição e terror psicológico não inibem o uso de substâncias psicoativas. As escassas políticas e ações de reduções de danos, trabalham com o fato de que os usuários dessas substâncias podem ter um baque menor em sua saúde e diminuir a chance de danos a sociedade com alguns cuidados.
As iniciativas pela redução de anos não são de agora como conta o Centro de Convivência É de lei: “No Brasil a primeira experiência em redução de danos, ocorreu em 1989, na cidade de Santos, com a distribuição de seringas estéreis entre usuários de drogas injetáveis com o objetivo de conter a disseminação do HIV/AIDS, e desde então em muitos estados brasileiros têm sido desenvolvidas ações nesta perspectiva, sejam por instituições públicas ou por organizações da sociedade civil, e com apoio, sobretudo das diretrizes do Ministério da Saúde, por meio dos Programas Nacionais de DST/AIDS, Hepatites Virais e Saúde Mental. Estas ações também se ampliaram para diferentes drogas e diferentes formas de uso de drogas, saindo do foco do usuário de droga injetável”.
Existe uma grande resistência sobre o assunto, a crítica é porque políticas e dicas de redução de danos soam aos ouvidos conservadores como um “Use drogas”, uma interpretação simplista das políticas e campanhas. As ações de redução de danos esbarram em moral religiosa e até no direito penal, pois as leis são duras com o uso e apologia de drogas. O uso de drogas é visto como um problema de segurança pública, bem antes de um problema de saúde pública.
O Centro de Convivência É de lei considera a abordagem do poder público ao assunto como equivocada e prejudicial: “Ressaltamos assim, que a atual política de drogas brasileira e a legislação reguladora da produção, comércio e consumo de substâncias psicoativas não têm respondido de forma eficiente e efetiva a problemática das drogas, e têm sido responsáveis por consequências bastante danosas para usuários de drogas e a sociedade de uma maneira geral.”
ROLÊ SEM VACILO
Durante o carnaval algumas campanhas estão rolando nas redes, devido ao aumento do uso de drogas na ocasião . Muitas pessoas vem compartilhando dicas de saúde e de redução de danos, específicos para os abusos carnavalescos. Afinal não é muito efetivo pedir que os foliões não bebam muito durante o carnaval, como fez o prefeito do Rio Marcelo Crivella.
Na rede foi criada a hashtag “rolê sem vacilo”, que inclui posts de dicas de redução de danos e uma cartilha produzida a respeito do assunto. O slogan da campanha é “Experimente reduzir danos”. O material traz explicações sobre efeitos de drogas, misturas de substância, cuidados com a alimentação antes e após o uso de substâncias psicoativas e lembra a importância da hidratação.
Outras ações voltadas para o assunto também foram organizadas ao longo do mês, como uma conversa promovida pela Plataforma Brasileira de Política de Drogas, que promoveu o debate com o tema: “Drogas, Imprensa e Carnaval”. “O uso e o comércio de drogas são temas recorrentes na cobertura jornalística ao longo do carnaval. A desinformação, sobretudo com relação aos efeitos e à composição das substâncias, é bastante comum, inclusive entre os que as consomem. Em um período como esse, um debate franco sobre o uso de substâncias, lícitas e ilícitas, se mostra urgente” explica a organização do Projeto Respire. Na ocasião eles distribuíram aos presentes o “Guia sobre drogas para jornalistas”.
Tipos de efeitos das substância sobre o sistema nervoso informados pela cartilha:
Estimulantes: Substâncias que aumentam a atividade do SNC e deixam as pessoas mais ativas, como a cafeína, a cocaína e as anfetaminas.
Depressoras: Drogas que diminuem a atividade do SNC e diminuem a capacidade dos neurônios de responder a estímulos, diminuindo o autocontrole e deixando as pessoas sedadas, com sono. Essa categoria inclui o álcool, os opioides e os sedativos.
Perturbadoras: São drogas que, em vez de aumentar ou diminuir a atividade do SNC, alteram a qualidade de seu funcionamento. Ou seja, em vez de afetarem a intensidade da atividade dos neurônios, elas afetam o tipo de atividade deles. Nessa categoria estão substâncias como o LSD, a DMT e, para alguns especialistas, a maconha.