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Resenha

Blitz tira público do chão no Bolshoi em show bem-humorado

Você pode levar seus filhos a um show do grupo carioca. E, acredite, não tem erro: vão curtir a estética musical

Blitz: banda começou nos anos 80 - Foto: Divulgação Blitz: banda começou nos anos 80 - Foto: Divulgação

Eram 23h quando o cantor Evandro Mesquita apareceu em cena no Bolshoi Pub. Ao longo de quase duas horas, a casa noturna virou a casa da Blitz, velha conhecida do pub goianiense. Foi divertido e dançante, por assim dizer. Duas backings vocal se mexiam, iam de um lado ao outro, adicionando um sabor a mais ao som que saia da caixa. Belíssimas mulheres situadas cada qual num lado de Evandro. O show - como se sabe desde os anos 80 - é mega teatralizado: há performance cênica, rolam caras e bocas e espalha-se bom-humor.

Você pode levar seus filhos a um show da Blitz. E, acredite, não tem erro: vão se atirar aos pés do grupo. Os adultos também, claro, mas esses mais pelos sentimentos guardados na memória. Assim que a banda tocou a infalível “Você Não Soube me Amar”, gravada no disco “As Aventuras da Blitz I” (1982), os fãs pediram bis. E eu, posicionado próximo ao bar que indicava a porta de saída, contei algumas centenas delas. Difícil se movimentar em frente ao palco. Ali os fãs disputavam os poucos centímetros de espaço ainda disponíveis.

Dono absoluto das atenções, Evandro vestia camiseta colorida e usava óculos escuros de aro arredondado. A energia foi escalando aos poucos e, quando o vocalista pegou o violão para tocar a balada “A Dois Passos do Paraíso”, o público parece ter tido sua energia eletrificada. Essa canção tem indiscutível vocação para ser tocada ao vivo, pois sua levada reggae parece ser injetada em nossas artérias. Aqui, com toda justiça, tem-se de destacar ainda o balanço do guitarrista Rogério Meanda, responsável por pavimentar a estrada rítmica da banda.

Eu me lembrei de Bob Marley, óbvio. Encontrei também um quê de Peter Tosh. Na mesma toada, a música “Saquarema” se provou fortaleza de “Supernova”, disco que acaba de entrar nas plataformas de streaming. A linha de baixo construída por Alana Alberg costura o vocal de Evandro, num arranjo que a faz conversar com Andréa Coutinho e Nicole Cyrne, as duas vozes de apoio que trazem um toque certeiro de rhythm and blues à sonoridade plural da Blitz. “Foi lá onde tudo começou”, disse o vocalista, antes de cantar os primeiros versos.

Se em “Saquarema” o eu-lírico passava para marolar, a banda condensa sentimentos joviais em suas letras. Já são quatro décadas de carreira, mas Evandro e trupe parecem desdenhar desse detalhe temporal. Afinal de contas, a Blitz toca música que se aconchega bem aos nossos ouvidos e nos põe a dançar, a remexer o corpo e nos colocar em êxtase. São hits que ultrapassam limites geracionais, estendendo-se até jovens de vinte e poucos ou trinta anos. Até eles sabem na ponta da língua “Você Não Soube me Amar”, clímax do show no Bolshoi.

Talvez o único pecado da banda tenha sido, de fato, não tocar a música “Agora é a Hora”. Entretanto, houve “O Lado Escuro da Rua”, que abre o novo disco e exibe refrão que martela na cabeça. A faixa possui o pulso rítmico imprimido pela guitarra de Roberto Frejat, como se fosse um coração saudável batendo no peito o compasso da vida. Ao ouvi-la em “Supernova”, fica-se com a sensação de que se trata de composição feita para tocar ao vivo. Tem, por exemplo, progressão de acordes à moda Pete Townshend, característica central do ex-barão desde os tempos em que ele selara parceria frutífera com Cazuza, nos anos 80.

Ao lado do Barão Vermelho, o grupo carioca ajudou a inaugurar o rock brasileiro. Daí não ter sido exatamente uma surpresa a releitura feita pela Blitz de “Bete Balanço”. Uma releitura temperada ao sopro de uma gaita, diga-se. Alguém com um vocabulário mais amplo de blues vê elementos da musicalidade consagrada por Sonny Boy Williamson II, cujo talento se nota, ou melhor, se ouve em “Bye Bye Bird”. Durante o show, Evandro Mesquita dá um show performático: toca guitarra, passa para o violão e mexe com o público.

Em três ou quatro vezes, entre uma música e outra, o artista pergunta como está o som. “Está bom?”, nos indaga. A resposta, evidentemente, é um uníssono “siimmmm”. Do começo ao fim, a banda carioca realiza espetáculo plugado no 220, razão pela qual a plateia - formada em grande medida por pessoas na faixa de 45 a 60 anos - tenha vibrado em “Biquini de Bolinha Amarelinha Tão Pequenino” (“Ana Maria entrou na cabine/ E foi vestir um biquíni legal”) ou “Mais Uma de Amor” (“Essa é mais uma das manjadas/ histórias de amor”). Essa última, inclusive, tirou o público do chão: “geme geme uh! uh!”.

Além do Barão, a Blitz prestou tributo ainda ao Paralamas numa releitura de “Óculos”, Titãs ao interpretar “Sonífera Ilha” e, minutos antes, havia rolado “Preta Pretinha”, composição icônica do disco “Acabou Chorare”, dos Novos Baianos, um dos mais importantes da música brasileira. Há de se destacar a condução certeira de Juba no bumbo e na baqueta. Seu caldeirão que vai do rock ao eletrônico e do blues ao reggae é muito moderno. Sem abrir mão do suingue, a apresentação no Bolshoi mostrou que a Blitz persegue a modernidade. Vá a um show de Evandro e companhia sem medo: é teatral, irreverente e bom.

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