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Carne Doce apresenta Tônus

Redação

Publicado em 20 de julho de 2018 às 21:33 | Atualizado há 4 meses

Carne Doce lançou na úl­tima terça-feira, dia 17 de julho, Tônus, o terceiro ál­bum de estúdio da carreira. O tra­balho está disponível em todas as plataformas digitais. A banda goia­na é formada por Salma Jô (voz), Macloys Aquino (guitarras), João Victor Santana (guitarras e sinte­tizadores), Ricardo Machado (ba­teria) e Anderson Maia (baixo).

O novo trabalho do grupo su­cede o elogiado Princesa, de 2016. Tônus foi produzido pelo guitar­rista João Victor Santana, e con­ta com a colaboração do músico Fernando Almeida Filho (Booga­rins) em duas composições. O re­gistro das 10 faixas mostra a bus­ca do quinteto pela produção de um material essencialmente in­timista, com um cuidado que se reflete na composição dos arran­jos e versos.

O projeto foi selecionado pelo Natura Musical por meio do edital 2017 com o apoio da Lei Rouanet. “O Natura Musical sempre acredi­tou na força da música para mobi­lizar as pessoas. Para refletir esse propósito e dar espaço a diferen­tes vozes, a plataforma apoia ar­tistas e bandas capazes de ampli­ficar debates contemporâneos. Além de entreter, eles também usam a arte como um meio de questionamento e transformação. É o que ouvimos no novo trabalho de Carne Doce”, diz Fernanda Pai­va, gerente de Marketing Institu­cional da Natura.

Para comemorar o lançamen­to do novo álbum, a banda de­sembarca em São Paulo e faz uma apresentação gratuita hoje, 21 de julho, às 19h, no Centro Cultural São Paulo. Quem abre o show é Bruna Mendez, conter­rânea de Carne Doce, com can­ções de O Mesmo Mar que Nega a Terra Cede à Sua Calma. A par­tir das 17h, a bilheteria do espa­ço distribuirá um par de ingres­so por pessoa.

 

Intimista, Tônus mostra a busca do Carne Doce por novas possibilidades

 

 POR CLEBER FACCHI

A vulnerabilidade talvez seja a principal marca do terceiro e mais recente álbum de estúdio do Car­ne Doce, Tônus. Do momento em que tem início, em Comida Amar­ga (“Eu cato as sobras / Dos teus sinais / Eu sou a sobra / Junto com as sobras”), passando pela constru­ção de faixas como Nova Nova (“Te deixando apaixonado / Te deixan­do só a dor / E aí você vai entender / E aí, enfim, se vê em mim”), cada fragmento do registro reflete com naturalidade a entrega e melancó­lica exposição do eu lírico, concei­to que vem sendo aprimorado pelo grupo goiano desde a estreia com o homônimo disco de 2014.

A diferença em relação aos de­mais trabalhos da banda, princi­palmente o último, o provocati­vo Princesa (2016), está na forma como o grupo parece lidar com menos. Da bateria econômica de Ricardo Machado, passando pelo baixo pontual de Aderson Maia, às guitarras de Macloys Aquino e João Victor Santana, também responsá­vel pelos sintetizadores cósmicos que recheiam o disco, tudo se pro­jeta de forma contida. Movimentos sempre calculados revelam a deli­cada veste instrumental que pro­tege e cerca os poemas assinados pela vocalista Salma Jô.

Mesmo nesse parcial recolhi­mento, Tônus cresce como um tra­balho grandioso no significado de suas canções. Da poesia lasciva de Amor Distrai (Durin) (“Porque eu só gozo assim / Em alto e bom som”), parceria com Fernando Almeida Fi­lho, o Dinho, da Boogarins, ao canto amargo de Ossos (“Os cachorros dos outros não são tão divertidos / Já os nossos ex são todos iguais / Quase todos os pais vão direto pro inferno / E muito poucas mães não são san­tas normais”), poucas vezes antes Jô pareceu tão honesta e entregue na composição dos versos.

Livre de imediatismos e com­posições talvez catárticas, como Falo e Cetapensâno, do álbum an­terior, Tônus é um trabalho que exi­ge tempo até ser totalmente absor­vido pelo ouvinte. São camadas instrumentais e poéticas que se re­velam em pequenas doses, como se o grupo goiano delicadamente ocultasse informações. São sinte­tizadores e guitarras psicodélicas que flutuam por entre as brechas de Irmãs; e que se dissolvem de vez em Brincadeira, um flerte com Co­nan Mockasin; além do romantis­mo agridoce em Já Passou, com­posição de base acústica, a única do disco com violão, gravado em casa com celular, que captura ben­tivis e ruídos de um fim de tarde em Goiânia.

A propositada mudança de dire­ção, no entanto, não impede o surgi­mento de músicas enérgicas, por ve­zes íntimas do material entregue no álbum anterior. É o caso da faixa-tí­tulo do disco. Enquanto a voz de Jô cresce desmedida (“Um corpo jo­vem / Aquele tônus / Aquele brilho / Um corpo pronto pro verão / É ofen­sivo ao coração”), batidas e guitar­ras se projetam de forma crescente, sempre acompanhadas pela linha de baixo destacada de Maia. A pró­pria faixa de encerramento do traba­lho, Golpista, ganha forma aos pou­cos, se espalhando em meio a temas percussivos que rompem com qual­quer traço de morosidade.

Passo seguro em relação aos antigos trabalhos da banda, Tônus mostra o esforço do Carne Doce em se reinventar dentro de estúdio. Em um território sombrio, como um olhar curioso para a própria alma, versos e melodias se entrela­çam sem pressa, revelando as an­gústias, medos e o isolamento do indivíduo. Trata-se de uma obra guiada pela completa minúcia de seus atos, cuidado que se reflete em cada poema ou fração instrumen­tal e segue até a imagem de capa do disco, uma fotografia intimista produzida em conjunto pelo casal Salma Jô e Macloys Aquino.

SOBRE NATURA MUSICAL

Natura Musical é a principal pla­taforma de patrocínio da marca Na­tura. Desde seu lançamento, em 2005, o programa investiu R$ 132 milhões no patrocínio de 367 pro­jetos – entre CDs, DVDs, shows, li­vros, acervos digitais e filmes. O úl­timo edital do programa em 2017 selecionou 33 projetos em todo o Brasil. Os trabalhos artísticos reno­vam o repertório musical do país e são reconhecidos em listas e pre­miações nacionais e internacionais.

A plataforma digital do progra­ma leva conteúdo inédito sobre mú­sica e comportamento para mais de meio milhão de seguidores nas re­des sociais. Em São Paulo, a Casa Natura Musical se tornou uma vi­trine permanente para a rica e pul­sante produção musical brasileira.

SERVIÇO:

Carne Doce apresenta Tônus no Centro Cultural São Paulo

Data: 21 de julho

Horário: 19h

Local: Centro Cultural São Paulo – Rua Vergueiro, 1.000, Liberdade – São Paulo – SP

Ingressos: Gratuito – A retirada de ingressos (máximo de um par por pessoa) ocorre na bilheteria do CCSP, a partir das 17h

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