Carta de vinho, o que escolher?
Diário da Manhã
Publicado em 20 de setembro de 2018 às 03:00 | Atualizado há 4 meses
As cartas de vinhos podem ser um território confuso e até mesmo assustador para os clientes, especialmente porque as bebidas alcoólicas sempre representam uma boa porcentagem da conta do restaurante. Você reconhece a maioria das garrafas em um cardápio de coquetéis; com os vinhos, a história é outra, e todos sabem que os selecionados invariavelmente custam pelo menos 200 por cento a mais.
Entretanto, é de ponderar como os sommeliers compõem as suas cartas de vinhos, não acha? Isso porque ele deve saber não apenas quais rótulos caem como uma luva naquele local, mas uma série de outros aspectos – como o próprio conhecimento a respeito do perfil das pessoas que vão ao seu estabelecimento.
CARTA DE VINHO
O que compõe uma boa carta de vinho? O custo benefício da bebida, a harmonização com os pratos da casa e a qualidade do vinho. As melhores cartas de vinho possuem um diferencial, saber o ponto principal da criação da carta é aquilo que o cliente quer tomar. Qual vinho ele tomaria? E se aquela bebida faz jus ao preço.
O profissional deve se preocupar com diversos aspectos-chave para conferir mais credibilidade à adega de vinhos da casa. E, para mantê-la com alta rotatividade, dou uma dica: invista nos vinhos mais procurados. Afinal de contas, não adianta ter vinhos de locais não muito conhecidos do público. Criar uma carta só com vinhos tradicionais também não funciona. O público brasileiro costuma gostar mais de Cabernet Chileno e Malbec Argentino. Ficar sempre atento nas tendências que mais têm movimentado o mercado de vinhos.
ESCOLHER UM VINHO
Por favor, não pergunte: “O que você sugere.” A carta de vinhos é a sugestão. No entanto, se o sommelier disser: “Você provavelmente gostaria de começar com um branco”, esta é uma indicação. Se isso se transformar em uma longa conversa sobre um enochato que jura que o cabernet de Napa com ostras é uma ótima harmonização, aí terão uma longa noite pela frente.
Não conte todos os excelentes vinhos que você tomou nos últimos seis meses na mesa do restaurante. Ostentar é sempre desagradável, chato e é especialmente desagradável em relação a vinhos, principalmente se para os seus convidados tanto faz. Além disso, seja honesto. Não escolha um vinho para impressionar alguém, muito menos os seus amigos. Não diga que você quer um Brunello di Montalcino quando você realmente gostaria era de um reserva Cabernet Sauvignon do Chile.
Assim que a carta lhe for entregue, analise-a com calma. Pense no que vão comer e no que seu acompanhante (ou acompanhantes) gosta de beber. Não hesite em requisitar informações extras sobre os vinhos da carta para o sommelier, mas não transforme isso em reunião, pois ele tem que atender outras mesas. Não tenha medo de pedir indicações para melhor combinar com os pratos ou com seu gosto. Bons restaurantes possuem sommeliers para isso: ajudar o cliente a escolher. Em Goiânia, felizmente, estão surgindo restaurantes que têm se preocupado em colocar um profissional de vinho e treinar seus garçons. São jovens antenados, que estudam gastronomia e sabem a importância de cativar um cliente. Graças a Deus!
SERVIÇO À MESA
Feita a escolha, o sommelier oferecerá água para acompanhar o vinho. Com ou sem gás, não faz diferença. Se não quiser nenhuma das duas, tudo bem também. Vai do gosto do freguês. Contudo, nunca peça um refrigerante ou um suco para acompanhar o vinho. Se quiser bebê-los antes ou depois, tudo bem, mas nunca acompanhando.
Em seguida, o sommelier trará a garrafa para a mesa. Antes de abrir, ele lhe mostrará o rótulo para você verificar se aquele é mesmo o vinho que você escolheu. Verifique o nome e a safra para se certificar. Só isso.
Na etapa seguinte, o profissional vai retirar a rolha e colocá-la na mesa, a seu lado. Nesse momento, verifique apenas se ela não está ressecada demais ou quebradiça. Isso indica que o vinho pode apresentar algum problema ou que ficou guardado de maneira inadequada. Servirá uma pequena quantidade de vinho em sua taça. Aí sim começa o seu papel neste ritual. Você deve cheirar e provar o vinho antes de dar a ordem para o sommelier continuar servindo aos outros ou, caso verifique algum problema com a bebida, recusá-la.
– No olfato, sinta apenas se não há aromas estranhos, como de ovo podre ou vinagre, por exemplo. Na boca, a mesma coisa. Gosto e cheiro de “papelão molhado” significam que o vinho está bouchonée (foi afetado por um fungo que pode ser encontrado na rolha e libera uma substância que causa cheiro ruim e também altera o sabor, embora não faça mal à saúde). Se detectar algum desses problemas, diga ao sommelier e peça para que ele troque a garrafa (sem custo adicional).
Quando o sommelier for servir, ele certamente começará pelas mulheres para depois passar aos homens e, por fim, completará a sua taça. Ele provavelmente servirá o líquido até chegar a um terço da taça, dando espaço para o vinho respirar. Mesmo que você tenha calculado mal, um sommelier bem treinado vai servir a mesma quantidade de vinho por pessoa, para que haja bebida em todas as taças da mesa.
– Assim que a garrafa terminar, o sommelier perguntará se você aceita outra. Caso sim, ele trará uma nova e repetirá todo o ritual de serviço. Caso você queira optar por outro rótulo, ele trará a carta novamente, aguardará sua escolha e trocará as taças. Caso isso não ocorra, peça para que troquem as taças.
FINAL
O vinho é uma bebida fascinante. Mas é apenas uma bebida. Não precisamos estudar muito para desfrutá-la. Precisamos apenas beber. E, se possível, com um pouquinho de atenção. Ou seja, degustar.
ELEGÂNCIA NO LOOK DO SOMMELIER
Recebi um e-mail recentemente de uma jovem que está entrando para o mundo profissional do vinho.
Com que roupa vou trabalhar de sommelier/sommeliére? Devemos nos vestir de que forma?
Minhas escolhas não são unânimes e você pode usar a criatividade para se vestir! Ah, também se tiver bottons de cursos de vinhos, sommelier ou gastronomia não deixe de utilizá-los! Ajuda muito as pessoas a identificarem o seu grau de conhecimento.
Procure usar roupas que estão entre as principais tendências. Afinal, para ficar bonita e bem arrumada você não precisa usar a moda ditada pelas passarelas. Você deve escolher as peças do seu guarda-roupa de acordo com o seu estilo. Para as mulheres (sommeliére) use roupas mais comportadas, já que não pensam em seguir um padrão de moda.
Uma peça que você pode incluir nos seus looks comportados é a t-shirts com blaser. Essas peças são versáteis e estão na moda e não tem nenhuma restrição de uso, além de ser comportada. É possível encontrar modelos que vão do básico ao fashion, para você escolher de acordo com cada ocasião e seu estilo pessoal.
Para os homens (sommelier) indico camisas sociais justas são as mais elegantes, as melhores opções são as camisas de cores azul-ciano ou azul-royal. Calça social e blaser justos cinza claro. Fica chique!
VILA OPERÁRIA, O SAMBA, FAZ 50 ANOS
Há 50 anos, os compositores Renato Castelo e Antônio Siqueira lançaram o samba Vila Operária, uma ode ao bairro onde moraram goianos que tiveram projeção nacional, como o ator Stepan Nercessian e os cantores – à época meninos – Zezé Di Camargo e Luciano. O local, rebatizado de Setor Centro-Oeste, era uma espécie de refúgio, onde os intelectuais protestavam contra a ditadura, num bar chamado Liberdade, localizado na Rua do Comércio, o epicentro do enredo de Renato e Siqueira, gravado também pelo cantor Marcelo Barra. Para comemorar a data (os 50 anos da música), o conselheiro, empresário – e também músico – Wander Arantes recebe os compositores e amigos no food park Serendipity Comer e Beber, nesta sexta-feira, 21, a partir das 19 horas. Eles vão relembrar os velhos tempos em um imperdível show e também aproveitam para lançar novo CD. Os convidados terão à disposição comidas variadas, vendidas no espaço e podem levar as suas bebidas – não se paga rolha pelo vinho.
VINHOS
Para que a escolha da bebida não seja um parto e você consiga sempre adquirir um vinho de qualidade, listei aqui alguns vinhos que você deveria avaliar.
BARON DE BAUSSAC
Encontrar bons vinhos franceses e com preços convidativos é uma tarefa bem difícil. Mas não tão difícil quando falamos da região de Languedoc-Roussillon. Por lá, produzem-se tintos encorpados e cheios de fruta com um excelente custo benefício, muitos classificados como “Pays d’Oc” – uma espécie de ‘vinho regional’ do Languedoc.
Eu provei um vinho excelente neste carnaval e que muito me surpreendeu: Baron de Baussac Cabernet Sauvignon 2013 – Languedoc-Roussillon, França
TERRA DOS LOBOS
Cada vez mais tenho gostado muito de vinhos roses. Para o nosso clima, é ótimo. Provei o português Terra de Lobos é uma linha de vinhos frescos e jovens elaborada pela tradicional Quinta do Casal Branco, que há mais de 200 anos está envolvida com a agricultura e vitivinicultura na célebre região de vinhos do Tejo, em Portugal. O vinho é elaborado com 60% Touriga Nacional e 40% Syrah, sem passagem por madeira, mantendo-o fresco, delicado e deixando intactos seus intensos aromas primários.
ANGHEBEN BARBERA
È um vinho elaborado unicamente de uvas da variedade Barbera (Piemonte). Casta de origem Italiana da região do Piemonte que encontrou em Encruzilhada do Sul um ambiente extremamente favorável, gerando um vinho muito macio, fácil de beber devido a seus taninos “redondos”, com grande intensidade aromática, equilibrado e muito envolvente. Este vinho me surpreendeu!