Com responsabilidade é mais gostoso
Diário da Manhã
Publicado em 6 de fevereiro de 2018 às 22:44 | Atualizado há 4 meses
Estamos às vésperas do decreto de carnaval, então é aquele ditado: pode tudo meus nobres confrades. Mas calma lá jovem folião desavisado, tudo é permitido na festa da carne, sob as leis universais de consentimento e proteção. Ou seja, pode se for consensual e não pode deixar de lado a proteção.
Várias pesquisas no Brasil e no mundo indicam que essa geração de jovens adultos e adolescentes, pessoas entre 15 e 29 anos, tem cometido grandes vacilos a respeito de sexo seguro. Tem sido observado pelos órgãos de saúde um grande aumento de doenças, como sífilis, gonorreia e clamídia.
É de suma importância avaliar o aumento de casos de infecção por bactérias ou vírus, as chamadas Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e da necessidade de métodos de prevenção como uso de preservativos também se torna imprescindível. Várias ISTs, que estavam sob controle, têm tido aumento de casos em Goiânia.
Como exemplo deste aumento temos a sífilis. De acordo com o boletim epidemiológico da sífilis, o número dos casos da doença em gestantes notificados ao Sinan teve um aumento de 300% entre os anos de 2007 e 2016. A região goiana com índices mais elevados foi a central, com 27% das ocorrências. A doença preocupa, pois em seu estágio mais avançado pode atingir o sistema neurológico e, quando atinge mulheres grávidas, pode contaminar a criança mesmo antes de nascer.
E, apesar da tendência de queda da contaminação do vírus HIV no Estado, a doença ainda continua sendo disseminada. De acordo com o boletim epidemiológico da doença emitido pela Secretaria do Estado de Saúde, foram 5390 casos de HIV no Estado de Goiás entre 2007 e 30 de junho de 2017. A doença já matou 5.353 óbitos entre 1984 até o ano de 2015.
O QUE SÃO ISTS?
De acordo com informações da enfermeira do trabalho Rayane Brandão, as ISTs são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos e são transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de preservativo masculino ou feminino, com uma pessoa que esteja infectada. A transmissão de uma IST pode acontecer, ainda, da mãe para o feto durante a gestação, parto ou amamentação.
O tratamento das pessoas com IST melhora a qualidade de vida e interrompe a cadeia de transmissão dessas infecções. O atendimento e o tratamento são gratuitos nos serviços de saúde do SUS.
“A terminologia Infecções Sexualmente Transmissí veis (IST) passa a ser adotada em substituição à expressão Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), porque destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas”, explica Rayane.
MENOS CAMISINHA, MAIS IST
Dados do Target Group Index da Kantar Ibope Media mostram que nos últimos cinco anos houve queda na compra (-21%) e no uso do preservativo (-9%) entre brasileiros maiores de 18 anos. Os números são ainda mais alarmantes entre o público jovem: na faixa etária entre 18 e 24 anos, a compra da camisinha diminuiu 25% e o uso do preservativo em novos relacionamentos caiu 11%.
Os números de contaminação, por IST, no país ainda são obscuros, pois apenas os casos de HIV e sífilis em bebês e gestantes são obrigatoriamente notificados ao Ministério da Saúde. A Secretaria de Saúde de São Paulo, a maior cidade do País, apresentou dados preocupantes que apontam um aumento de mais de 600% nos casos de sífilis em seis anos.
Em oito anos, que compreendem de 2005 a 2013, os casos de grávidas com infecção de sífilis foram de 1.863 para 21.382, um aumento de mais de 1000%. A doença, assim como outras DST’s, pode ser transmitida de mãe para filho, gerando a sífilis congênita. No mesmo período, os episódios desta infecção tiveram um crescimento de 135%. A sífilis lidera o ranking das DSTs no país, com 1,9 milhão de novos casos por ano.