Cozinha Sensual

Não é de hoje que o homem tenta comprovar que os ali­mentos têm mesmo o poder de despertar os sentidos e incendiar paixões. Fácil de entender por que a comida afrodisíaca, termo derivado de Afrodite, deusa do amor e da be­leza na mitologia grega, seria capaz de reunir dois prazeres literalmente no mesmo prato.

Eu adoro Van Gogh! A forma como ele olha para algo e o faz na magia de seus pincéis retratar a vida acrescentando textura. Considero os “Comedores de Batatas” como o mais bem realizado dos seus qua­dros. Penso muito que a comida que vem da terra ou do oceano para o prato, a elaboração vem através de algum chef ou cozinheiro. Isso me fascina. Adoro, simplesmente, sentir este fluxo, e é esta força que a arte do Van Gogh me faz lembrar o prazer da boa mesa. Ele tornou a sua arte completamente algo dele e é assim que gosto de ver alguém cozinhan­do e preparando delícias.

A cozinha é um teatro onde todos os ingredientes se juntam para formar uma bela ópera de tantos sabores, aromas, textu­ra e cores, transforma todos os alimentos numa obra de arte e, claro, o vinho para harmonizar. Como diz Sophia Loren, o bom é amar a vida e o espaguete.

ALTO PARAÍSO

Fiz uma viagem para Alto Paraí­so com amigos muito especiais. O lugar é poesia, é cultura é sabedo­ria, e autoconhecimento. Mas, fo­cando a gastronomia, o restaurante Rústico é rei. O lugar é uma atmos­fera de energia, gastronomia bem desenvolvida, provei uma farofa de Neston que comi rezando. A noi­te a temperatura cai para 6 graus no Valle de São Jorge. Nos sentáva­mos em volta da fogueira ouvindo jazz, degustando uma boa garrafa de vinho e muita introspecção. No local, vi uma gastronomia requin­tada e cheia de charme, onde ela­bora pratos com técnicas contem­porâneas que possam despertar a memória afetiva do comensal. De­coração que privilegia a cultura lo­cal. Os vegetais são apresentados de diferentes formas, do natural ao gratinado. A cozinha do restaurante alimenta o corpo e a alma. O Rústi­co desperta a sensualidade da gas­tronomia, valoriza e lapida essa vi­vência, e emoldura as lembranças. É saborosamente poético. Me en­treguei nos pensamentos, nos en­cantos do coração, olhando as faís­cas da fogueira, nos sonhos, e nas delícias do chef.

CULINÁRIA DE SEDUÇÃO

A comida deve ser algo belo, romântico e sensual. Cozinhar e seduzir são artes deliciosas que envolvem a cabeça, o corpo e o coração. Os casais são inspirados pela paixão, tal como os grandes chefes de cozinha.

A culinária de sedução, definida pela utilização de receitas de fácil preparação, permite que o cozinhei­ro passe menos tempo na cozinha e mais tempo envolvido no amor. Ex­plorando comidas que puxam pela sensualidade, sabor, cheiro e toque, com certeza, estimula o apetite se­xual do seu parceiro. Através destes menus a experiência do jantar tor­nar-se-á numa orgia culinária.

Lembre-se que a imaginação pode ir longe na arte da sedução, servindo estas comidas sensuais com um ambiente provocante leva qualquer amante ao êxtase. Para, além disso, servir uma refeição se­dutora com um forte sentido de hu­mor e num ambiente de harmonia vai provocar a melhor recompensa. Seja curiosoe experimente coisas novas. Namore, vista-se, dispa-se, não vista nada, provoque, insinua, descubra o amor e a felicidade do momento.

Como diz Craig Claiborne, Cozi­nhar é simultaneamente uma brin­cadeira de crianças e um prazer de adultos. Cozinhar com zelo é um ato de amor. Preparar uma refeição é como tecer um delicado manto de aromas, cores, sabores, texturas. Um manto divino que se deitará sobre o paladar de alguém sempre especial.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade. Comece consciente­mente e deliberadamente a remo­delar a sua experiência diária de vida. Sem liberdade, as pessoas su­focam seu prazer. Sem sabedoria, humor e com ingredientes de dife­rentes pimentas, nos tornamos má­quinas de trabalhar.

Quando estou chateada, procu­ro algo para me fazer relaxar, ou vou escrever ou cozinhar, adoro cozi­nhar! É, realmente cozinhar me faz relaxar. Mas confesso que minha caçarola não faz nada de especial, é bem saudável, com vegetais gre­lhados, peixe grelhado, pouco sal, faço um espaguete que amo com to­mates frescos italianos e manjericão que repito sempre. Enfim, não gos­to de comida pesada. Mas não per­co quando sei que algum amigo que ama cozinha vai preparar algo espe­cial. E não me pergunta o que que­ro comer, gosto da surpresa. Adoro sentar-me em torno de uma mesa com os meus amigos ou um amor, meu programa favorito.

Só sei que escrever é uma arte, vi­ver é uma arte, ler é uma arte, cozi­nhar é uma arte, pensar é uma arte. O bom cozinheiro é aquele que é ca­paz de transformar todos os ingre­dientes em sentimentos de amor e gratidão. É um ato de servir: com humildade e dedicação. Cozinhar é paixão, é tentar, é queimar, é salgar, é errar, é acertar no ponto fazendo uma bela poesia para abraçar o ou­tro por dentro.

PANELAS, SABOR E AMOR

Seduza, provoque, toque, sin­ta, delire, se esbalde em seu jan­tar. Comece com morangos com mel e espumante Moscatel, não esqueça a pick-up com músicas de bom gosto e pelo amor de Deus, de forma alguma, coloque sertane­jo! Este som acaba com tudo. Um horror! Insuportável! Não combi­na. Depois provoque convidando o seu par para participar do jan­tar e comece a brincar, use o sen­so de humor porque sorrir é a me­lhor maneira de animar, seduzir. Faça da sua noite algo memorável.

O segundo prato, abra um bom vinho, troque as taças e baila o doce da ternura, o aroma da pai­xão, o toque de beleza e o poder de sedução! Faça uma massa casei­ra, e brinque com a farinha de tri­go pintando o rosto e dance como um filme, troque beijos e abraços afetuosos. Provoque com a doçu­ra da cereja quando colocada na boca do outro, para o apaixona­do encostar e fechar o círculo vi­cioso do amor.

A sobremesa é o toque magis­tral da noite, o doce de leite escor­re nos lábios com o doce vinho late haverst, que faça crer que essa não será só mais uma história, mas um amor com seus 15 minutos, meia hora, ou uma hora de amor e to­ques na cama e com muito cho­colate bis por favor.

Trocando em miúdos, preparar um jantar com segundas intenções exige capricho na apresentação dos pratos, que devem ser leves e deli­cados. E pitadas de ousadia na es­colha da bebida. Com inteligência na medida, e pequeno ar de leve­za e felicidade, além do charme, desenvoltura, sorriso bonito e um tom de despreocupação, é puro en­canto. Use e abuse disso. E quando você perceber que dominou o jan­tar, não é mais possível disfarçar, o brilho do olhar é revelador, o me­lhor no doce prazer é se entregar nas delícias da vida.

CAÇAROLAS E VINHOS

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL INFANTIL

Amilcar Azevedo é chef de cozi­nha especializado em gastronomia in­fantil, pai de dois filhos, e está à frente do Gourmetzinho (fábrica de comidi­nhas saudáveis infantis). Preocupado com alimentação dos filhos, o chef co­meçou a fazer papinhas em casa, so­mente com a pretensão dos pequenos não consumirem alimentos industriali­zados, mas fez tanto sucesso entre ami­gos e conhecidos que também com­partilhavam do problema e viu ali uma oportunidade de negócio. Todo o menu é montado por Amilcar, sob a supervi­são de nutricionais e pediatras, que ga­rantem todos os nutrientes e vitaminas necessárias para os bebês e crianças.

COMIDINHAS DELICIOSAS EM SÃO PAULO

Os dias mais friozinhos do inverno de São Paulo são especiais para desfrutar da vista incrível do rooftop do Shopping Cidade Jardim. Para garantir que a ex­periência seja completa, alguns restau­rantes prepararam um cardápio exclusi­vo para a estação. É possível se deliciar com os pratos quentes e reconfortan­tes da Bráz Trattoria, que conta inclusi­ve com opção vegana, como o Ravioli di Zucca. Outra boa opção é se esquentar com um fondue de queijo, que é servi­do nesta época do ano pelo Parigi Bis­trot e Le Pain Quotidien. As sopas e cho­colate quente da Pati Piva são servidos o ano inteiro, mas ficam ainda mais de­liciosos nos dias frios.

CAPITAL BRASILEIRA DO VINHO SEDIA 1º ENCONTRO NACIONAL DE CONFRARIAS DO VINHO

O vinho é um produto cultural, cheio de histórias e carregado de valores que estão muito além da taça. Seu universo nasce na terra, se transforma e evolui com a mão do homem, e com ele en­contra o prazer a cada gole. Tirar a rolha, encher a taça, brindar e dar o primei­ro gole são rituais milenares que conti­nuam aproximando as pessoas, fazen­do amigos. É justamente esta a proposta do 1º Encontro Nacional de Confrarias do Vinho, que acontece dia 28 de julho, em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, numa promoção do Bento Convention Bureau (BCB). O evento é aberto ao pú­blico interessado em vinhos.

 VINHOS

Os vinhos por­tugueses cada vez mais e melhores. Ao longo do ano foram lançados no mercado inú­meros vinhos dos mais variados ti­pos e estilos, mui­to bem feitos, sempre. Rece­bi alguns e-mails me pedindo para indicar alguns vi­nhos portugue­ses que já provei. A lista que se se­gue serve de re­gisto de alguns dos vinhos que fi­caram na minha memória.

PAI ABEL BAIRRADA TINTO 2011

Duas castas, Baga (80%) e Touriga (20%), para um vinho perfeito, obra-prima que honra a Bairra­da e o País. Con­centradonacor, intenso e com­plexo no aroma com notas de frutos silvestres, de especiarias e balsâmicas, muito elegan­te na boca, en­fim, modelar na frescura, po­der e equilíbrio. Não cabe em palavras.

CROCHET DOURO TINTO 2014

É a quarta colheita do Crochet e provavel­mente a melhor, por­que deu um vinho portentoso. Feito de uvas das cas­tas Touriga Fran­ca e Touriga Na­cional, estagiou 18 meses em bar­ricas de carvalho francês e tem cor vermelha muito carregada, aroma fino e concentrado com fruta madura, paladar elegante com estrutura fir­me e taninos sua­ves, tudo na me­lhor harmonia.

PALÁCIO DA BACALHÔA 2014

Resulta de uma se­leção dos melhores vinhos do célebre Quinta da Baca­lhôa, também com base na casta Cabernet Sauvignon, mas com mais Merlot e um pouco de Petit Verdot. Cor vermelha, aro­ma concentra­do de frutos ma­duros com notas de especiarias, paladar elegan­te, cheio, fresco, complexo, vinho harmonioso de grande categoria.

FONTE DO OURO TOURIGA NACIONAL ESPECIAL 2015

Exclusivamente da cas­ta Touriga Nacional, a que no Dão deve boa parte da fama dos seus vi­nhos distintos e aro­máticos. Fermentou com longa e suave maceração para ex­trair o máximo de potencial da casta e está perfeito: cor rubi carregada, aroma floral a vio­letas e bergamota, bem casado com a madeira, paladar elegante com tani­nos robustos, mas suaves, final muito suave e persistente.