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Dado e Bonfá escolhem Goiânia para dar início à nova turnê

Show é realizado meses após STJ permitir que músicos usem marca Legião Urbana

Dado e Bonfá: instrumentistas comandam projeto que irá homenagear clássicos da discografia legionária - Foto: Divulgação Dado e Bonfá: instrumentistas comandam projeto que irá homenagear clássicos da discografia legionária - Foto: Divulgação

Quando decidiram comemorar os 30 anos do primeiro disco da Legião Urbana, em meados da última década, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá imaginavam que seria uma festa de arromba. Os fãs queriam vê-los nos palcos brasileiros celebrando o poder criativo daquele repertório que abria com “Será”, estendia-se até “Ainda É Cedo”, passava por “Geração Coca-Cola” e, com chave de ouro, encerrava-se em “Por Enquanto”. Só que houve o inesperado.

Como até as pedras sabem, há uns bons anos, o guitarrista e o baterista travam batalha judicial. Entre idas e vindas, desde o longínquo ano de 2013, os músicos venceram nos tribunais Giuliano Manfredini, filho do vocalista Renato Russo, que tinha pouco mais de sete anos quando o pai morreu, em 1996. Giuliano acha que Dado e Bonfá precisam dividir lucros de turnê com ele, até que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) virou a mesa no ano passado ao declarar que os artistas podem usar a marca Legião Urbana sem consultá-lo.

Dado e Bonfá se mexeram, então, para anunciar a turnê “As V Estações”, que irá abrir hoje, a partir das 19h30, nova temporada do Flamboyant In Concert. Os dois instrumentistas vão subir ao palco acompanhados por uma banda que, na realidade, nada mais é do que união de fãs: André Frateschi (vocal), Lucas Vasconcellos (guitarra), Mauro Berman (baixista) e Pedro Augusto (teclados). Trata-se de formação que lota shows pelo Brasil desde 2015.

O Diário da Manhã assistiu ao concerto-celebração comandado por Dado e Bonfá durante o festival João Rock, em edição realizada em 2019, na qual se homenageava a cena roqueira de Brasília. Aplausos em polvorosa, fãs chorando e casais emocionados. De lá para cá, é verdade, as coisas mudaram, a batalha judicial impediu que série documental da Globoplay sobre Legião fosse lançada, o público se revoltou contra Giuliano, mas - você sabe - fã sonha.

Lá em Ribeirão Preto, é bom dizer, o que se viu foi um tributo dos mais bonitos: o ponto alto da homenagem à turma brasiliense (Plebe Rude, Capital Inicial) aconteceu com o Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá tocam Legião Urbana. Embalado por “Eduardo e Mônica”, “Tempo Perdido”, “Quase Sem Querer” e “Faroeste Caboclo”, os presentes cantaram em coro com o vocalista André Frateschi. “Perfeição”, de fato, foi um grito de revolta política.

“Em 2015, quando nos juntamos para essa celebração dos 30 anos de lançamento dos álbuns da Legião Urbana, o projeto previa algo em torno de 20 shows. Agiu, então, a lei do encontro; formamos uma banda que criou raízes e assim foram - até agora - sete anos, duas turnês e centenas de apresentações. E, agora, estamos prontos para embarcar numa próxima estação ‘As V Estações’”, afirmou Bonfá, em post publicado em suas redes sociais.

Repertório

Lançada no disco “O Descobrimento do Brasil”, de 1993, há chance de “Perfeição” ser deixada de lado no show em Goiânia. Mas não custa sonhar, não é? A base da apresentação no Flamboyant será os discos “As Quatro Estações”, 1989, “V”, 1991, duas das obras-primas da discografia legionária. Os dois elepês fabricaram hits matadores, como “Meninos e Meninas”, “Pais e Filhos”, “Metal Contra as Nuvens” e “Vento no Litoral” - para citar os mais famosos, porque ainda têm “Há Tempos” e “Eu Era um Lobisomem Juvenil”.

Essas integram o repertório de “As Quatro…”, tema de livro publicado pelo crítico Mariano Marovatto, em 2015. O álbum duplo apresenta músicas espiritualistas, razão pela qual legionários, de diferentes gerações ou idades, colocaram-no no topo da discografia criada pela banda. É mais ou menos, em grau de hierarquia, o que ocorre com “V”, este marcado por uma sonoridade, digamos, que se pretende progressista, na qual há estética do tédio e do marasmo morando na alma das músicas: Renato Russo estava profundamente introspectivo.

“Ih, tem umas coisas medievais, uns instrumentais. O primeiro lado é uma viagem. Vão dizer assim: ‘Legião repete fórmula e lança disco progressivo”, ironizou o cantor e compositor, numa entrevista concedida à imprensa para divulgar o álbum. À primeira audição, todavia, já cai por terra o que presumia Renato, pois “V” é retrato musical dos anos Collor, do medo em ter perdido o amigo Cazuza para a Aids e do alcoolismo já dando sinais de que a Legião era uma banda de estúdio, por causa da incompatibilidade com os palcos.

Em razão disso, nasceram obras emblemáticas, como as que serão celebradas hoje pelo público no inédito e aguardado show em Goiânia. É certo que Renato sempre foi o centro criativo da banda até morrer precocemente, aos 36 anos, em 1996. No entanto, não é isso que fazem Dado e Bonfá inferiores àquele que é considerado o principal poeta do BRock, ao lado de Cazuza, já que os músicos também tiveram papel fundamental para ajudar a consolidar a Legião na cena brasileira, entre 1982 e 1996. Os ingressos já foram esgotados.

Anote aí

Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá tocando Legião Urbana

Ingressos esgotados

Hoje

19h30

Deck Parking Sul, no Piso 1

Shopping Flamboyant

Av. Dep. Jamel Cecílio, 3300 - Jardim Goiás

Classificação etária: livre

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