Dior produz desfile Croisière com referência às escaramuzas mexicanas
Diário da Manhã
Publicado em 23 de junho de 2018 às 00:49 | Atualizado há 5 meses
E m um início de noite chuvoso, Aconteceu no Estábulo do Castelo de Chantilly, hoje o Museu do Cavalo Vivo, o desfile de verão da Dior, uma hora e meia de distância de Paris. Maria Grazia Chiuri, diretora criativa da marca, escolheu justamente este lugar do palácio para fazer referência às escaramuzas, que são as peãs que vem reivindicando o direito de participar do evento chamado Charreada, que é uma espécie de rodeio mexicano cultural e tradicional inspirados em manobras militares de cavalarias, o qual só homens participavam. Outra inspiração criativa da estilista foi o primeiro livro da autora chilena Isabel Allende “A Casa dos Espíritos”, fortificando a recorrente tendência de Maria Grazia fazer coleções baseadas em escritoras latinas que tem um trabalho embasado no feminismo.
O desfile, iniciou com uma cavalaria de mulheres vestidas com chapelão e vestidos rodados brancos, as mesmas que fizeram Paris Jackson, a filha de Michael Jackson que iria desfilar, deixar o desfile por ser publicamente contra esse tipo de evento, há bastante tempo. As montadoras, estavam fazendo uma performance da própria charreada, de forma mais light, em teor de apresentação.
Os looks iniciam com roupas da alfaiataria da cavalaria francesa, estampadas com o toile de jouy, criada no século 18 em Jouy en Josas, pacata cidade próxima a versailles, como uma espécie de papel de parede de algodão.
Os vestidos compridos, em sua maioria tomara-que-caia, com cintos grossos, em várias texturas e estampas os quais se assemelhavam a selas de cavalos, chamados por monsieur Christian Dior de “Cintos drapeados”, feitos para acentuar a cintura fina.
Também fora apresentado uma espécie de tailleur mais andrógino (baseado no estilo militar, que remete a ideia inicial da charreada) para dar ênfase no empoderamento da mulher, se reinventando no ambiente masculinizado por anos. Nele, também é possível ver em outras combinações a adaptação da calzonera, a calça utilizada para montaria nos cavalos debaixo do saiote, junto com botas, ora militares, ora de rodeio.
As cores utilizadas foram quentes, indo do branco até inúmeros tons amarronzados, como bege, ocre e marrom escuro, sendo assim tons terrosos.
Sobre as Escaramuzas e a Charreada
O início das Charreadas começaram com a conquista da América, com a trazida dos cavalos da Europa para o novo continente, mais exatamente no México, e dando o início quando indígenas utilizavam para trabalhar em fazendas. O legado das escaramuzas hoje é considerado um legado que se passam de pai para filho e de mãe para filha, porém a entrada da mulher iniciou-se apenas em 1953, com elas sentadas com as pernas de lado, e depois a sentar como é de costume fazendo todos os passos e coreografias convencionais ao evento, inclusive utilizar as calzoneras. A performance tem referências também do militarismo, pós Revolução Mexicana. Hoje, esse esporte é considerado cultura imaterial latino-americana pela UNESCO.