Cultura

Exposição celebra 30 anos do Goiânia Noise na Vila Cultural

DM Redação

Publicado em 17 de agosto de 2025 às 18:38 | Atualizado há 5 horas

Tropicalista Gilberto Gil divide palco com banda Macaco Bong, na 16ª edição do Noise - Foto: Monstro Discos/ Divulgação
Tropicalista Gilberto Gil divide palco com banda Macaco Bong, na 16ª edição do Noise - Foto: Monstro Discos/ Divulgação

Abertura acontece nesta quinta-feira, 21, às 19h, e permanece em cartaz até 13 de setembro

Marcus Vinícius Beck

Tradicionalíssimo no cenário alternativo brasileiro, o festival Goiânia Noise celebra três décadas de rock’n’roll e resistência com exposição que reúne parte de sua memória imagética. A abertura acontece nesta quinta-feira (21/08), às 19h, na Vila Cultural Cora Coralina.

Goiânia Noise Festival – 30 anos: a História em Imagens” exibe cartazes e fotografias inesquecíveis, oferecendo ao público um lugar cativo nessa odisseia que caminha ao redor do udigrudi. Afinal, quem toca guitarra em terra de caubói é, digamos assim, meio doidão.

Ou, então, é doido varrido. Veja: o sertanejo, aqui, aglutina milhares de pessoas. Em certo sentido, fazer um festival de rock numa cidade dominada por chapeludos corneados é tarefa sujeita ao fracasso, dadas as circunstâncias mercadológicas, mas tem aí um quê insubmisso.

Esteticamente, o Noise melhorou demais a vida cultural em Goiânia. Sonoramente, o Noise inventou um espaço libertário para a juventude urbana. A música, ali, sempre soou como um esporro — som alto, tímpanos em fúria, ritmo forte, barulhento. O rock fibrilava.

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Era a música como comportamento, consciência despertada e determinada, sopapo desferido nos caretas — underground estremecido. De repente, descobriu-se que havia uma geração trabalhada no proto-punk do The Stooges. O Noise, portanto, capitaneou o novo.

Mas, é claro, sempre houve rock independente em Goiás antes da Monstro e seu festival. “No começo dos anos 90 tem uma virada. Tem uma nova leva de bandas aparecendo em Goiânia. E eram bandas bem legais”, contextualiza Márcio Jr., no doc “Goiânia Rock City”.

Memórias visuais que testemunham o crescimento da cena. Sim, o Noise e seu público caloroso documentados em imagens, registros agora alforriados dos arquivos da Monstro Discos, produtora do festival goianiense, bem como de artistas, produtores e do público.

Realizada pelo fotógrafo João Paulo Alves, o Jotape, a seleção de registros estéticos e históricos se revela uma dádiva para o udigrudi goiano: “Goiânia Noise Festival – 30 anos” mostra o calor do público, a intensidade dos bastidores, os músicos mandando ver.

É possível apreciar Gilberto Gil e seus dedilhados no violão com Macaco Bong, a banda japonesa Guitar Wolf quebrando tudo com seu “jet rock’n’roll” ou Los Hermanos fazendo um show histórico no Martim Cererê, em 2002. Revive-se também a apresentação do Helmet.

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Na verdade, o Noise viu muitas performances arrebatadoras. Mechanics, é óbvio, tocou em todas as edições: caos, criticidade, criatividade. Odair José com três guitarras fazendo blues, country e rock à la Rolling Stones no Cererê? E o Camisa de Vênus botando pra fudê no Clube Jaó? Ou o Mundo Livre S/A engrossando o caldo numa sexta-feira no Jóquei Club?

Foram espetáculos memoráveis. O festival, realmente, caiu nas graças dos roqueiros pela sua identidade visual, um capítulo à parte — pois ganharam as formas e os traços de artistas plásticos e designers de alta notoriedade artística. Vale a pena, só por isso, ir à mostra.

Dentre os nomes que assinaram essas peças, Marcelo Solá, MZK e Bicicleta Sem Freio. Além deles, como indica a exposição comemorativa, os cartazes contam com a inventividade de Maurício Mota, Nitrocorpz, Marcatti, Aleixo Leite e Kim Noise — para citar só alguns.

“Goiânia Noise Festival” traz ainda registros fotográficos que acompanharam o festival nos últimos 30 anos. Por meio dessas imagens, os shows se transformaram em memória visual. Esses cliques nasceram a partir das lentes atentas de Anderson Brito e Renato Vital, Marina Marques e Noêmia Elisa, Ketlen Lomazzi e Luís Dutra, Angelo Henrike e Leo Iran.

De acordo com a Monstro Discos, a exposição terá ainda espaço dedicado a fotos feitas pelo próprio público — “fãs e frequentadores que, com seus olhares únicos, eternizaram momentos marcantes diretamente da plateia”, afirma a produtora, em comunicado.

Criado em 1995, o Goiânia Noise se tornou referência ao valorizar a música independente. A ideia, segundo a Monstro, é abrir espaço para bandas de todo o país. A trigésima edição já tem data para rolar: de 4 a 7 de setembro. Vida longa a esse patrimônio do underground.

NOISE 30 ANOS

Abre na quinta, 21

A partir das 19h

Vila Cultural

Rua 3, Centro

Entrada franca

Fotos: Monstro Discos/ Divulgação


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