Fortes emoções nos palcos de Goiânia
Diário da Manhã
Publicado em 21 de fevereiro de 2018 às 00:40 | Atualizado há 4 meses
A programação cultural desta semana está agitada. Além da Paralelo 16 – Mostra de Dança Contemporânea, que acontece até o próximo domingo (25), estarão circulando pela cidade produções teatrais goianas já muito aplaudidas, com preços e locais acessíveis. Um exemplo é a Cia. Teatral Oops!.., que está em andamento com a segunda etapa do projeto “Oops!.. – O Manifesto do Teatro que É!”, e consiste na mostra do repertório de oito espetáculos do grupo.
Este projeto, que tem apoio institucional da Lei Municipal de incentivo à Cultura de Goiânia, chegou para celebrar os 18 anos da fundação do grupo. Para comemorar uma trajetória de sucesso e resistência, este projeto, cuja primeira fase contou com ações formativas, desde a semana passada tem realizado apresentações gratuitas em diferentes pontos da capital.
A intenção, de acordo com a companhia, é difundir e descentralizar o teatro com apresentações em parques, bosques, praças e centros culturais, “levando a arte aonde o povo está”. Com essa pegada, o grupo já apresentou os espetáculos “Olho”, no Espaço Sonhus; “Mateus e Mateusa”, no Parque Flamboyant; “Arruda Com Alecrim”, no Parque Areião, e “Gato Preto”, no Espaços Sonhus.
Hoje será a vez da montagem “Encantos” chegar ao Parque Campininha das Flores, às 18 horas. Com dramaturgia e direção de João Bosco Amaral e no elenco Francisco Nikollay e Sol Silveira, a peça, livremente inspirado no conto A Menina e o Pássaro, de Rubem Alves, conta a história de uma menina que possui um pássaro como seu melhor amigo. Mas este pássaro, diferentemente dos demais, não fica preso em uma gaiola e visita sempre a amiga, trazendo os encantos e as histórias de um mundo desconhecido pela garota e fala de amizade e separação.
Já nesta sexta-feira (23), a Cia. Oops!.. Encena no Teatro Goiânia Ouro, o espetáculo “William Wilson”, um texto de Edgar Allan Poe, que recebeu dramaturgia de João Bosco Amaral e tem concepção e direção de Sol Silveira. Na atuação estão Francisco Nikollay e João Bosco Amaral, que trazem a história de um jovem de descendência nobre que encontra, logo no primeiro dia de escola, um colega com o mesmo nome que o seu. Porém, a maneira protetora com que o homônimo o trata causa-lhe asco e desprezo em seu sósia, fazendo-o fugir da escola. Depois disso, William entra em uma espiral de decadência moral e espiritual, envolvendo-se em festas, traições e jogos de azar, enredando-se cada vez mais neste mundo sombrio.
“Desamor” é outra peça de repertório do grupo de teatro que será encenada no Parque Vaca Brava, neste sábado (24), às 10 horas. Com concepção, direção e preparação de elenco de João Bosco Amaral e dramaturgia de Sandro Freitas, a peça trata do amor do jovem Cândido por Anita. Este sentimento é capaz de fazer o jovem se jogar em uma jornada a um mundo desconhecido. A peça tem no elenco: Sol Silveira, João Bosco Amaral e Francisco Nikollay.
Por fim, no domingo (25), a companhia termina o projeto no Bosque dos Buritis, com a adaptação do clássico O Pequeno Príncipe, às 10 horas. A inspiradora história do best seller de Antoine de Saint-Exupéry é contada com a ajuda de três clowns (João Bosco Amaral, Sol Silveira e Lino Calaça) com muito improviso, gags e música. A adaptação também é de João Bosco Amaral.
NO BREU
Outra oportunidade de conferir um espetáculo aplaudido pela crítica e que sempre surpreende o público, acontece hoje, às 20 horas, no Teatro Sesc, com a encenação do espetáculo “Espécie”. Com direção e concepção de Valéria Braga e atuação de Rodrigo Cunha, o monólogo físico, com o teatro completamente escuro, e iluminado apenas pela luz de um celular, conduz o público às origens, papéis e predestinações da sociedade moderna.
Após ficar em cartaz praticamente quatro semanas no espaço, hoje acontece no local, sua última apresentação. O que não quer dizer que a temporada acaba nesta noite. Antes do fim da série de apresentações, o espetáculo vai chegar ainda ao Centro Cultural UFG e depois à Sala 8 da UFG, na Praça Universitária, onde a temporada encerra.
Em cena, o ator Rodrigo Cunha interpreta um corpo que está em constante transformação e incorporação das três imagens que orientam o roteiro: um velho, uma mulher e um macaco.
“O macaco tem todas questões ligadas ao inconsciente coletivo que marcou na história da humanidade, desde de Darwin até o macaco do zoológico, passando pelas figuras do cinema de ‘King Kong’ ao ‘Planetas dos Macacos’. Mas a grande questão é que no espetáculo ele fica na frente da plateia. Você está na floresta. Está no escuro… E agora? Já a mulher, tem muita força, porque é muito sensível, inteligente. Sou dirigido por uma, fui criado por quatro mulheres incríveis, mas no espetáculo é a Marilyn Monroe, um ícone da beleza, que parece presa… E o velho é onde vamos chegar… Não tem jeito, é o caminho. A beleza acaba uma hora e seu corpo pesa”, argumenta o ator, sobre cada um dos personagens que interpreta em cena.
É preciso dizer ainda que “Espécie” é um capítulo interessante dentro das artes cênicas goianas. Após a estreia, em 2012, rodou o país e até já virou um curta metragem homônimo dirigido por Daniel Calil e Valéria Braga. Coleciona ainda quase 30 prêmios e indicações entre eles, o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz.
O sucesso é resultado de três anos de pesquisa, com apoio da Vivace Escola de Teatro e Dança. Os movimentos e recursos cênicos se concentram nas dinâmicas e particularidades do corpo e suas relações com o espaço, de forma que a memória sensorial do espectador é provocada a todo instante.
“Espécie é uma experiência intimista, em que a luz e o corpo se fundem revelando uma trajetória difusa. As sombras se instauram nas paredes do local e acrescentam ao corpo o seu duplo, em ato cênico. O espetáculo busca instigar novas formas de ver o mundo, as coisas e as pessoas”, comenta a diretora Valéria Braga.
ESPETÁCULO ESPÉCIE
Quando: Hoje, 20h
Local: Teatro Sesc Centro (Rua 15, esquina com a Rua 19, Centro)
Ingressos: a partir de R$ 8 À venda na Central de Atendimentos do Sesc Centro ou através da Bilheteria Digital
Classificação indicativa: 14 anos
Programação – Oops!.. – OManifesto do Teatro que É
HOJE
18h – ENCANTOS, no Parque Campininha das Flores (Censura Livre)
SEXTA-FEIRA (23)
20h – WILLIAM WILSON, no Teatro Goiânia Ouro (Censura 12 anos)
SÁBADO (24)
10h – DESAMOR, no Parque Vaca Brava (Censura Livre)
DOMINGO (25)
10h – PEQUENO PRÍNCIPE, no Bosque dos Buritis (Censura Livre