HQ Medieval
Diário da Manhã
Publicado em 8 de dezembro de 2017 às 21:16 | Atualizado há 4 meses
Uma saga medieval repleta de vingança, magia e história. Esta é a tônica de Insurreição, terceira HQ do jornalista e quadrinista Francisco Costa, que será lançada amanhã, dentro da Trash – Mostra Internacional De Cinema Fantástico, no Shopping Bougainville. O evento vai começar às 18h45, com direito à sessão de autógrafos com o autor.
A obra, que foi viabilizada graças à colaboração dos leitores no site de financiamento coletivo Catarse, foi produzida a mão (e colorida digitalmente por Dirceu Sousa). O roteiro e arte foram assinados por Francisco Costa, que, apesar de já ter escrito e lançado outras duas HQs – A Última Fábula e Louis de Dampierre –, Insurreição marca a estreia do jornalista na arte.
“É a primeira vez que me senti seguro para desenhar uma história minha. Eu sempre gostei de desenhar e sempre tive este sonho. Amigos do ramo, como Rodrigo Spiga, Thiago Dornelas, Ronaldo Zaharijs e meu irmão, Dirceu Sousa (o colorista) foram alguns incentivadores. E, claro, tive o apoio da minha esposa, Ludmilla Arruda, que acha que eu sou artista”, disse Francisco, entre risos.
Insurreição, acompanha a saga de Lara, uma camponesa queimada viva com a família, que busca vingar de seus algozes a todo custo, até mesmo depois da morte. Toda história é ambientada na França, na Revolta dos Jacques de 1358, durante Guerra dos Cem Anos, que envolveu os reinos da França e da Inglaterra nos anos de 1337 a 1453.
A Guerra dos Cem Anos é, aliás, uma das grandes influências na obra de Francisco até agora. “Esta HQ faz parte do universo do meu quadrinho A Última Fábula, que também se passa durante a Guerra dos Cem Anos. Sou fascinado por Idade Média e a Guerra dos Cem Anos é um dos momentos mais emblemáticos deste período”, explica.
Para inspirar na criação de sagas fantásticas medievais, além de um grande conhecimento da história mundial, o jornalista conta ainda com o que chama de “mistura de bagagem”, um combo poderoso de cultura nerd. A bagagem engloba desde quadrinhos, como Os Companheiros do Crepúsculo, a games a exemplo de Demon’s Souls e livros do calibre de O Senhor dos Anéis e até bandas de rock, como a Genesis.
Fora do entretenimento, Francisco também tem em mente uma personagem real, que certamente foi um modelo para a sua personagem Lara. “Acho que também é difícil não pensar em Joana D’Arc, que foi uma mulher símbolo desse período”, acrescenta o autor.
DESAFIOS
Ávido leitor de quadrinhos, Francisco tem como inspiração nomes norte-americanos das HQs, como os roteiristas Neil Gaiman e Mike Mignola e os artistas Frank Quiteley, J.H. Williams III e Paul Pope. “Mas tem uma galera nacional sensacional, como Rafael Albuquerque, Ivan Reis, Danilo Beyruth. Impossível citar todas as pessoas que me inspiram”, admite.
Talvez foram até os nomes brasileiros dos quadrinhos que incentivaram o jornalista a concretizar o desejo antigo e latente de se tornar mais que um consumidor de HQs. E no ano passado deu o primeiro passo no que ele chama de “caminho das pedras”, partindo de vez para o mundo das publicações independentes. Apesar de desafiante, ele afirma que o plano é seguir sempre em frente. “Pretendo lançar pelo menos um título por ano”, revela.
Sobre as HQs locais, Francisco Costa diz avistar um cenário crescente e artistas de qualidade. No entanto, assim como todo lugar do Brasil, a independência cobra um preço alto, ainda mais no universo dos quadrinhos, em que a impressão cara, produção trabalhosa e o material desvalorizado comercialmente.
“O melhor jeito de divulgar o trabalho e ‘despachar’ os produtos é por meio de feiras, como a CCXP, em São Paulo. Infelizmente, não temos tantos eventos assim na região. Mas é isso. Estamos e estaremos na luta. Boa parte dos quadrinistas independentes está nessa pela arte, uma vez que é muito difícil viver disso. Tomara que mude, mas se não mudar ainda faremos quadrinhos”, decreta Francisco, que na próxima sexta-feira (15), às 20h, lança o livro na Mandrake Comic Shop juntamente com Tiago Holsi, que irá apresentar a HQ Floresta Morta
Confira também os livros que serão lançados hoje e domingo na Mostra Trash:
HOJE – ÀS 21H15
THTRU
Realizada no Brasil, Índia, Hong Kong e Alemanha, THTRU reúne a poesia do artista indiano Amit Desai, que ganha vida em uma viagem alucinante por sonhos e pesadelos ilustrados pelo mestre dos Quadrinhos Rodolfo Zalla, em seu último grande trabalho.
Oráculos
Álbum que compila 10 HQs poético-filosóficas criadas por Edgar Franco, ao longo de 20 anos, usando o I Ching e o Tarô como fontes de inspiração.
AMANHÃ – ÀS 18H45
O Museu dos Horrores
Com roteiro de Paulo Biscaia Filho e belíssima arte de José Aguiar, a partir de argumento do lendário escritor Rubens Francisco Lucchetti, O Museu dos Horrores é um passeio pelo clichês do horror, com direito aos maiores monstros do gênero.
Insurreição
Com roteiro e arte de Francisco Costa, a obra acompanha Lara, uma camponesa queimada viva com a família durante a Revolta dos Jacques na França, durante a Guerra dos Cem Anos. Porém, seu ódio arde mais que a própria morte e ela não é capaz de se manter no descanso eterno.