Idosos não se alimentam bem
Diário da Manhã
Publicado em 2 de junho de 2018 às 02:17 | Atualizado há 7 anos
O percentual de idosos que possuem problemas relacionados à alimentação atinge mais de 32% na América Latina. Uma revista científica informou que 60,3% admitem ter dieta pobre em vitaminas e só 6,8% cuidam dos que alimentos que ingerem. Entretanto, ao serem questionados sobre a prática de atividades físicas, 35,6% afirmou que faz exercícios pelo menos três vezes por semana, o que é considerado uma média boa, mas ainda assim baixo do ideal. Apesar de terem muitos problemas corriqueiros à faixa etária, é comum de se deparar com os que não perderam a vontade de viver e dispensam o rótulo de “terceira idade”.
A autônoma Sebastiana Alves Barcellos, 71, procura tomar cuidado com a alimentação. Adepta da prática de exercícios físicos, ela opta por uma refeição mais pesada durante a manhã e, nos outros períodos do dia, dá “uma diminuída” e escolhe algo que não lhe deixe com “a barriga pesada”. De acordo com Sebastiana, que é conhecida pelas amigas como ‘Tiana’, o segredo é ingerir bastante proteínas, como carne branca, frutas e legumes. “Carne vermelha é apenas duas vezes por semana, porque em grande quantidade ela faz mal à saúde”, relata ela, que também faz pilates, ioga e enaltece que nunca adoeceu física e psicologicamente. “O segredo é ser alegre e de bem consigo mesma”, completa.
Por sua vez, a aposentada Marli Juraci Machinski, 72, segue os passos de Sebastiana. Ambas não se conhecem, mas têm praticamente as mesmas preocupações em relação à alimentação. Para Marli, que é pedagoga aposentada e ingere grande quantidade de medicamentos por dia, a dieta necessita de ser rica em proteínas para poder “ter energia para viver mais alguns anos”. “Evito bebidas alcoólicas”, declara. Segundo ela, o segredo para a qualidade de vida está em produtos naturais. “Como sou obesa, há alimentos que não posso comer”, frisa. Outro ponto crucial, de acordo com aposentada, é a ingestão de líquidos – naturais, de preferência. “Ajuda a fazer os rins trabalharem”, garante.
Conhecida de Marli, a aposentada Laeti de Souza Tavares, 67, também preocupa-se com os alimentos e procura sempre manter suas refeições com bastante proteínas. De acordo com ela, a alimentação conta muito “sobre nós” e, por isso, é essencial “atentar-se para o que comemos”. “Raramente eu como alimentos que contém gordura”, explica ela, que quase não tem problemas de saúde. Alimentar-se com consciência, para Laeti, é o principal fator para a “longevidade e qualidade de vida”. “O psicológico também é um dos fatores primordiais para uma melhor qualidade de vida e, por isso, procuro deixar minha saúde mental boa”, pondera, acrescentando: “A alimentação diz tudo sobre quem você é”.
NUTRIÇÃO
Muitos idosos de fato acabam deixando de lado a vontade de viver e nem sequer tomam cuidado para ter mais alguns anos de vida. De acordo com a nutricionista Paulianne Corrêa Moreira, é normal se deparar com pessoas acima dos 60 anos que enfrentam problemas alimentares e, como consequência, abdicam da vida. “Há algumas coisas bem comuns em idosos que levam a baixa alimentação, como a quantidade de medicamentos que eles ingerem”, explica a Moreira. Para ela, que atende tanto pacientes vaidosos e outros que “já perderam a alegria de viver”, a ingestão excessiva de medicamentos é prejudicial à saúde, e acaba por afetar “o paladar” do idoso.
De acordo com a Paulinne, além dos cuidados serem essenciais à saúde, ingerir água também é indispensável. “Frequentemente, os idosos se esquecem de bebê-la, e isso afeta o bem-estar deles”, frisa a nutricionista. Mas outro ponto fundamental para que eles tenham qualidade de vida é ter boas horas de sono. “Dormir bem ter uma boa qualidade de sono, cuidar dos dentes para ingerir uma boa mastigação são cruciais para quem está na terceira idade”, recomenda. “Condimentos naturais, como são, orégano, alho, cebola e limão também são importantes”, finaliza.
Raramente eu como alimentos que contém gordura”Laeti de Souza Tavares, aposentada
Há algumas coisas bem comuns em idosos que levam a baixa alimentação, como a quantidade de medicamentos que eles ingerem”
Paulinne Corrêa Moreira
Sabedoria, mas também dores
“Todos nasceram velhos – desconfio/ Em casas mais velhas que a velhice/ em ruas que existiram sempre – sempre/ assim como estão hoje”, escreveu Carlos Drummond de Andrade, em “O velho”, poema publicado em livro de 1986, quando ele tinha 86 anos. Se, na poesia, todos nasceram velhos, na vida o mesmo não se aplica. Idosos ouvidos pelo Diário da Manhã durante a última semana queixaram-se de que a terceira idade traz sabedoria, mas também há seu peso, que muitas vezes vem acompanhado dores e uma série de preocupações.
A redução da atividade sexual está ligada questões biológicas e sociais, mas é indispensável manter hábitos alimentares saudáveis em dia para ter uma atividade sexual ativa na terceira idade. Na menopausa, por exemplo, a mulher deixa de produzir hormônios responsáveis pela lubrificação da vagina, o que pode provocar dor durante as relações sexuais. Já entre homens, há uma queda na produção de testosterona, hormônio responsável pelo desejo sexual. Mas a boa alimentação é um dos fatores que podem auxiliar na volta da libido.