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Laure Briard lança EP cantado em português

Redação

Publicado em 5 de julho de 2018 às 23:02 | Atualizado há 4 meses

Já se passaram cinco anos desde que a cantora francesa Laure Briard começou a sua jornada musical. Uma jornada fei­ta por pop inspirado nos anos 60 e rock psicodélico e sonhador que colocou a Laure na cena de mú­sica lo-fi francesa.

Essa jornada tomou um rumo inesperado quando, em 2017, en­quanto ela tocava no SXSW, conhe­ceu uma banda brasileira: Booga­rins. Foi amor à primeira vista. Laure e a banda imediatamente se deram bem e chegaram a tocar no México juntos naquele ano. Ben­ke Ferraz, guitarrista do Boogarins, convidou Laure a fazer uma turnê no Brasil no ano passado e nes­te processo todo surgiu a ideia de fazer um disco em português. “Eu tenho uma ligação especial com a música brasileira”, conta a cantora. “A minha língua favorita sempre foi italiano, mas quando descobri os mestres da Bossa Nova, como Vinicius de Moraes, João Gilberto, Astrud e outros, mudou a minha vida. Fiquei impressionada com a sonorização, o calor, o movimen­to. Isso foi crescendo com o passar dos anos com os novos cantores que descobri. Mas nunca pensei em escrever as minhas músicas em uma outra língua além de francês ou inglês, principalmente porque não domino. Mas essa turnê no Brasil me fez sentir algo místico e uma noite decidi tentar”.

Com apoio do Buraeu Export, Laure Briard então voltou para o Bra­sil e iniciou 2018 em Mogi das Cruzes, no Estúdio Mestre Felino, para gravar oEP CoracãoLouco (MidnightSpecial Records). Composto todo em por­tuguês, o trabalho traz uma mistura nada óbvia do “pop épico” dos tra­balhos anteriores de Laure e do que chamou sua atenção no Brasil. A pro­dução e a mixagem, assinadas por Benke, não deixam transparecer de maneira óbvia a influência da músi­ca brasileira no trabalho. Apesar de harmonias e ritmos brasileiros serem notados, o disco segue por caminhos inesperados, com longas improvisa­ções e experimentos eletrônicos.

“Depois de termos gravado Ja­nela durante a turnê que Laure fez no Brasil, ela começou a me en­cher de demos com novas can­ções em português e senti uma boa energia das canções”, conta Benke. “Foi fácil criar gosto pela mistura do pop mais clássico dela com o que ela assimilou do Brasil, seja nos temas ou nas harmonias. Não costumo trabalhar com sons tão diretos e resolvi comprar o de­safio, além de gostar das imagens que ela criava com as letras pouco usuais pra quem fala português”.

A participação dos músicos do Boogarins, Dinho Almeida (violão, guitarra e vozes) e Ynaiã Benthrol­do (bateria e percussão) e de Da­nilo Sevalli (teclas) da Hierofante Púrpura foram fundamentais para a realização do processo segundo Benke: “Conseguimos nos juntar por apenas cinco dias em Mogi pra gravar tudo. Não fosse o entrosa­mento rápido dos três, criando os arranjos de maneira bem instantâ­nea a partir das minhas indicações e de Laure, a coisa não teria acon­tecido tão naturalmente”.

Aclamada por críticos e com um estilo batizado de “Yeyé Psico­délico”, a francesa Laure Briard co­meçou a trabalhar na área musical em 2005. Seu primeiro EP, no en­tanto, veio a ser lançado apenas no ano de 2013, com a ajuda de Julien Barbagallo, do Tame Impala, e pu­blicado pelo selo Tricatel.

Depois daí ela regressou ao es­túdio em 2016, onde trabalhou em seu novo som, Sur La piste de danse (Midnight Special Record/ Burger Records). Foi neste momento que ela viu crescer sua base de fãs e se estabeleceu como artista indepen­dente e reconhecido pela mídia na Europa e no mundo.

 

 

FAIXA A FAIXA

CORAÇÃO LOUCO

Foi a primeira música que escre­vi quando voltei da turnê no Brasil. Eu tinha o título e tive uma ideia de escrever um poema sobre um co­ração louco. Eu estava com tantas emoções guardadas dentro de mim depois que voltei para casa dessa ex­periência. Eu realmente tive uma sensação de que ia ficar louca por­que não sabia como ia lidar com tan­tas emoções, mas sabia que ia des­cobrir uma forma. Eu fui a Paris uns dias depois e passei a tarde com o meu amigo Julien Gasc e falei que tinha umas letras em português e se ele queria fazer uma melodia. De­pois de 20 minutos tínhamos já uma versão com vocal e piano pronta.

JORGE

A minha declaração de amo por Jorge Ben! Eu me sinto tão bem escu­tando as músicas dele. É como uma cura. Mágica.

TOMADA DE DECISÃO

Eu escrevi essa música em um momento muito especial. Eu fiquei doente depois da turnê e foi um pou­co séria, durou quase dois meses. Na noite que gravei com o meu gravador eu não tinha nenhuma voz, eu esta­va super cansada, mas senti que eu tinha que gravar. Foi realmente mui­to difícil. Eu comecei a escrever letras em francês e traduzi tudo logo em se­guida. Eu queria algo com guitarra e efeitos. Algo muito simples, minima­lista, mas nostálgico. Benke achou que tínhamos que deixar a música assim e achei legal. Dá para escutar os cachorros latindo na música.

NUMA FRIA NOITE

Desde o começo, eu sabia que esta música seria especial. Eu ti­nha uma ideia de um coro repeti­tivo, como algo místico… A grava­ção desta faixa foi uma experiência maravilhosa e louca! Foi feita na im­provisação. No final do dia, o sol es­tava se pondo em Mogi… começa­mos a tocar com Dinho na guitarra, Ynaiã na bateria e Danilo no djem­be e eu na percussão. Benke expli­cou sobre o que ele queria da gente, mas eu estava muito chapada e não entendi nada. Começamos a tocar a música durante 15 minutos e foi tão intenso, todo mundo muito fo­cado, mas com sorrisos nos rostos. Fiquei pensando como era possí­vel estar no outro lado do mundo com músicos tão incríveis e gravar as suas músicas… me senti muito sortuda. E fizemos isso diversas ve­zes. Mas no momento que come­çamos a brincar e comecei a falar besteira em francês, estava muito engraçado e aí perguntei pra Ben­ke se ele queria cortar isso e ele dis­se “de forma alguma”.

JANELA

Eu escrevi e compus a minha pri­meira música em português Janela durante uma noite quente de verão. Foi em agosto, logo antes da turnê para o Brasil. Eu não conseguia dor­mir. Na época eu estava aprendendo a tocar Garota de Ipanema e Medita­ção, de Jobim na guitarra. De repen­te eu falei pra mim mesma que seria muito legal criar uma música meio bossa nova com letras em português só pela diversão. Eu tinha uma mú­sica bem fácil na cabeça e algumas letras, eu nunca aprendi português, mas escutei tanta música brasileira que já estava presa na minha mente. Apenas guitarra e vocal. Eu mandei para a minha banda e eles gostaram e aí ficou séria. Fizemos os arranjos, mais rock e psicodélica, e gravamos em Goiânia, no Complexo Studio.

CRAVADO

A música foi um presente para mim. Um presente sagrado. Escu­tei Dinho tocar a música na guitar­ra e na mesma hora me apaixonei. A música é da irmã dele, Flávia Ca­rolina, da banda AveEva. E ele sim­plesmente disse que poderia me dar para gravar. A letra fala muito o que estava sentindo no momento. É muito especial quando uma com­positora lê os seus pensamentos e faz uma música, apesar dela não me conhecer.

 

FICHA TÉCNICA

MÚSICAS

1) Coração Louco

2) Jorge

3) Tomada De Decisão

4) Numa Fria Noite

5) Janela

6) Cravado

Todas as faixas escritas e compos­tas por Laure Briard exceto faixa 1 (música de Julien Gasc) 4 (música de Vincent Guyot) e 6 (música de Flávia Carolina Almeida).

Fernando Almeida : guitarra 2, 4, 6

Benke Ferraz: guitarra 1, 3

Danilo Sevali: teclado, djembe, e guitarr 4

Ynaiã Benthroldo: bateria, pan­deiro

Laure Briard: vocais e percussão

gravado por Helena Duarte no Studio Mestre Felino, Mogi Das Cruzes, Fevereiro 2018

Exceto Janela gravado no Comple­xo Studio, Goiânia, Setembro 2017

Guitarras : Patricio Gonzalez and Marius Duflot

Baixo: Victor Peynichou

Bateria: Rodrigo Martinez

Teclado, percussão e vocal: Lau­re Briard

Todos os arranjos de Benke Fer­raz, Ynaiã Benthroldo, Fernando Almeida e Danilo Sevali

Produzido e mixado por Benke Ferraz

Masterizado por Mathieu Bameulle

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