Entretenimento

Maria Bonita: A quadrilha

Redação

Publicado em 6 de junho de 2018 às 01:05 | Atualizado há 7 anos

Um arraiá subver­sivo para comemorar os 5 anos de junho de 2013. Comidas típicas, bebidas, música boa, shows e uma “interven­ção junina” (quadrilha aberta a todos que qui­serem participar).

Entre os meses de maio e junho de 2013, uma onda de protestos, em diversas cidades e ca­pitais, com milhares de pessoas nas ruas, na sua maioria jovens. A pauta desses movimentos, que abarcou comunistas, anarquistas e autonomistas, em uma plura­lidade de grupos de esquerda e, em certa altura alcançando até mesmo a direita reacionária, foi o preço da passagem do transporte coletivo. Goiânia foi um dos prin­cipais palcos das chamadas “Jor­nadas de junho”, com manifes­tações marcadas pela violência policial, onde o contexto e o de­senrolar dos fatos passou por mo­mentos de metamorfose.

O levante popular abalou o idealismo do contexto político da época e tem sua áurea cons­tantemente resgatada no pre­sente por conta do complexo e desastroso cenário político, em especial no pós-Golpe. Mas, como é ordinário dizer, levan­tes populares não são nenhuma novidade na história do mundo, muito menos do Brasil. Quilom­bos, Canudos e Revolta da Va­cina são alguns exemplos. Mo­vimentos que, assim como as Jornadas de junho, deixaram marcas políticas e simbólicas. Um grande exemplo disso foi o Cangaço, uma forma de protes­to contra as injustiças sociais que atingiam (e ainda atingem) as re­giões mais esquecidas do país, em especial o Nordeste depois que a então capital do país foi transferida para o Rio de Janeiro.

Figura marcante desse perío­do da história nacional foi Lam­pião. Figura tão importante quan­to, mas menos reconhecida nessa sociedade patriarcal na qual vive­mos, foi Maria Bonita. Criada no sertão da Bahia, obrigada a se ca­sar aos 15 anos, tendo um casa­mento conturbado e violento, se separando algum tempo depois numa época em que a separação era algo inaceitável, ela se tornou a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros. Uma mulher à frente de seu tempo, que encontrou no cangaço cer­ta liberdade, que escolheu pegar em armas e enfrentar os opresso­res. Com a entrada de Maria Boni­ta para o grupo de Lampião, abriu­-se a oportunidade para a entrada de outras mulheres, coisa até en­tão proibida. Exemplo incógnito é Sérgia da Silva, a Dadá, que além de ser a responsável pela estética das roupas dos cangaceiros como as conhecemos hoje, com moeda e estrela, era a única cangaceira que carregava um revólver calibre 38 e ajudava na defesa e nos ata­ques do grupo de Lampião.

Com quase uma década de atuação no chamado “banditis­mo social”, Maria Bonita e o res­tante de seu grupo foram cap­turados pela polícia, mortos e decapitados (com as cabeças sendo expostas ao público como forma de “exemplo”).

Entre passado e presente, Jornadas e Cangaço, uma mes­ma linha de conexão: a luta popular contra o Estado. Cla­ro que, internamente, o movi­mento cangaceiro acabava por reproduzir em certa medida problemas de gênero, como a determinação de papeis espe­cíficos para homens e mulhe­res. Mas, o resgate da simbolo­gia em torno de Maria Bonita e seus feitos acaba sendo tam­bém uma forma de resistência, seja de classe via o banditismo ou frente ao machismo, com sua postura contra a sociedade da época. Por isso o coletivo Me­tamorfose, em comemoração aos 5 anos de junho de 2013, traz para vocês “Maria Bonita: a quadrilha”, o arraiá mais revolu­cionário que essa Goiânia verá.

PROGRAMAÇÃO:

22h Heitor Volta-Seca (disco­tecagem)

23h Retalha Vento (banda)

00h Intervenção Junina (qua­drilha aberta a todos)

01h Cocada Coral (banda)

02h Monike Goyana (discote­cagem)

MARIA BONITA–A QUADRILHA

Data: sexta, dia 22/06

Horário: 22h

Local: Cabaret Voltaire–rua 8 quadra 51 lote 07, conjunto Itatiaia, 74690-340 Goiânia

Entrada: 10 reais (sujeito a alterações)

 


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