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Menos preconceito, mais atenção

Diário da Manhã

Publicado em 19 de janeiro de 2018 às 21:39 | Atualizado há 4 meses

A hanseníase é uma do­ença que historica­mente causou em suas vítimas chagas muito além de suas peles, mas também mo­rais. As pessoas contaminadas eram estigmatizadas, a hanse­níase ou lepra, era considerada mais que uma doença, uma es­pécie de castigo divino. Os pre­juízos morais iam dos julga­mentos ao isolamento social nos chamados lazarentos.

Hoje, a doença já tem tra­tamento conhecido, portanto não causa mais o impacto so­bre as pessoas de outrora. Po­rém a hanseníase não está tão distante como podíamos ima­ginar. O Brasil é um dos pio­res países no controle de casos novos, mostrando que os pro­gramas de saúde implantados não são tão eficazes.

Segundo o Sistema de In­formação de Agravos de No­tificação do Ministério da Saúde (Sinan), Mato Grosso registra as maiores taxas de detecção de hanseníase do país. Em 2016, foram detecta­dos 2.658 casos novos, o que equivale a 80,4 registros para cada 100 mil habitantes.

O diagnóstico da hansení­ase é essencialmente clínico, por meio do exame dermato­neurológico. Quando a única manifestação clínica for neu­ral – espessamento e/ou per­da de sensibilidade, e/ou al­teração motora (forma neural pura), o diagnóstico deverá ser feito e confirmado pelo serviço de referência.

ATENÇÃO E TRATAMENTO

A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa cau­sada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen e que evolui de forma lenta e progressiva. É importante ficar atento aos primeiros sinais da doença que podem surgir com manchas esbranquiçadas ou em tons mais claros (quase da cor da pele) e perda da sensibili­dade nesses locais.

As manchas são pouco evi­dentes e com sensação de anes­tesia ou parestesia, ou seja a pessoa infectada não sente estí­mulos no local, são a forma ini­cial da hanseníase e devem ser tratadas o quanto antes evitando a evolução do caso. Devido a suti­leza dos primeiros sinais, a aten­ção com o corpo é fundamental para identificar já no começo e iniciar o tratamento.

O tratamento para Hanse­níase é fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) gratui­tamente e é eficaz. Dependen­do do caso, pode demorar até um ano a cura total da doença. Por isso, a melhor forma de pre­venção contra a Hanseníase é o diagnóstico precoce e o trata­mento adequado. Desta forma, a cadeia de transmissão da do­ença pode ser interrompida.

A transmissão de uma pessoa para outra se dá por conta do con­tato com gotículas de saliva ou se­creção do nariz da pessoa infec­tada. Diferente do que a maioria das pessoas pensa: tocar a pele do paciente não transmite a han­seníase. O período de incubação (tempo entre a aquisição e a ma­nifestação dos sintomas) varia de seis meses a cinco anos.

 

Critérios para diagnóstico. Consi­dera-se um caso de hanseníase a pes­soa que apresenta uma ou mais ca­racterísticas a seguir, com ou sem história epidemiológica, e requer tra­tamento específico:

  • Lesões ou áreas da pele com alteração ou diminuição de sensibilidade;
  • Acometimento de nervo(s) periférico(s) com ou sem espessamento, associado a alte­rações sensitivas e/ ou motoras e/ ou autonô­micas, e
  • Baciloscopia positiva para Mycobacte­rium leprae.

Exame clínico para a detecção da hanseníase

Os principais sinais e sintomas dermato­lógicos são:

  • Manchas esbranquiçadas, acastanha­das ou avermelhadas, com alterações de sensibilidade (formigamentos, choques e câimbras que evoluem para dormência – se queima ou se machuca sem perceber);
  • Pápulas, infiltrações, tubérculos e nódu­los, normalmente sem sintomas;
  • Diminuição ou queda de pêlos, localiza­da ou difusa, especialmente sobrancelhas;
  • Falta ou ausência de sudorese local – pele seca. Outros sinais e sintomas:
  • Dor e/ ou espessamento de nervos peri­féricos;
  • Diminuição e/ ou perda de sensibili­dade nas áreas dos nervos afetados, princi­palmente nos olhos, mãos e pés;
  • Diminuição e/ ou perda de força nos músculos inervados por estes nervos, principalmente nos membros superiores e inferiores e por vezes, pálpebras; • Ede­ma de mãos e pés;
  • Febre e artralgia;
  • Entupimento, feridas e ressecamento do nariz;
  • Nódulos eritematosos dolorosos;
  • Mal estar geral;
  • Ressecamento dos olhos.

 

 

 A CHEGADA DA HANSENÍASE NO BRASIL

A hanseníase não exis­tia entre os nativos, os po­vos que anteriormente ha­bitavam a América. Assim como outras doenças en­trou no Brasil, por vários pontos do litoral, com os primeiros colonizadores portugueses. Alguns auto­res defendem que provavel­mente os escravos não par­ticiparam da introdução da hanseníase no Brasil, pois era difícil a negociação de africanos que apresentas­sem lesões cutâneas.

No Brasil, os primeiros casos da doença foram no­tificados no ano de 1600, na cidade do Rio de Janeiro, onde, anos mais tarde, se­ria criado o primeiro lazare­to ou leprosário, local desti­nado a abrigar os doentes de Lázaro, ou leprosos.

Após os primeiros casos no Rio de Janeiro, outros fo­cos da doença foram iden­tificados, principalmen­te na Bahia e no Pará. Tal fato, conforme Ministério da Saúde (Brasil, 1989), le­vou as autoridades da época a solicitarem providências a Portugal, mas não obti­veram resposta do Império Português. De acordo com a expansão territorial, reali­zada pelos colonizadores, as localidades com a presença da doença crescia e o núme­ro de vítimas também.

 

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