Mostra GiroDança celebra brasilidade no Teatro Goiânia

Referência no Centro-Oeste, GiroDança promove iniciativa gratuita — com intérprete em Libras e acessibilidade

Marcus Vinícius Beck

O Teatro Goiânia vira, nesta terça (26/08), às 19h30, meca da dança com a oitava edição da Mostra GiroDança. Com o tema “Brasilidades”, o evento celebra a diversidade cultural.

Dessa vez, a Mostra GiroDança movimenta a capital goiana em dois momentos. Nesta primeira etapa, entre amanhã e o próximo sábado, 30, serão realizadas a mostra profissional de dança, a mostra escola e também serão oferecidas oficinas gratuitas.

Em janeiro do próximo ano, o evento retorna ao calendário cultural de Goiânia. Até lá, o público assistirá a coreografias que dialogam com temas sociais. Da pesquisa à direção, os espetáculos estimulam reflexões embaladas por movimentos, cores e formas.

Referência na dança contemporânea no Centro-Oeste, a GiroDança promove uma iniciativa gratuita e acessível, com intérpretes de Libras, espaços adaptados para PCDs e assentos reservados para idosos. Os ingressos devem ser retirados na plataforma Sympla.

“Depois de várias edições trazendo grupos internacionais, nesta oitava edição focamos em fomentar e investir nos grupos brasileiros”, diz a diretora da Mostra, Joisy Amorim, que possui o título de mestre em Artes da Cena pela Universidade Federal de Goiás (UFG).

Para Amorim, trata-se de uma oportunidade para os participantes vivenciarem trocas com profissionais. “Ao focarmos em grupos nacionais, promovemos encontros que podem inspirar estes estudantes a entender, conhecer, seguir e respeitar a profissão de artista.”

Amorim é a força que projeta a GiroDança no cenário nacional. Não apenas a idealizou — o que já seria algo destacável —, mas a moldou para ter uma linguagem própria. A partir daí, alcançou as raízes da cultura e identidade brasileiras, tornando-se referência em dança.

Sem competição, a mostra artística profissional leva ao Teatro Goiânia espetáculos sobre o Brasil. Com isso, afirma a diretora, cria-se um ambiente de troca entre artistas e público. 

Abertura

A abertura será às 19h30, nesta terça (26/08), com o espetáculo “A Arte de Duncan”, do grupo Contemporânea Ensemble (BA). Na obra, os dançarinos revisitam trabalhos criados pela bailarina norte-americana Isadora Duncan (1877–1927), considerada à frente de seu tempo.

Mãe da dança moderna, Duncan foi relevante tanto nas artes quanto na história. Defendia a noção de espírito livre aliado aos ideais da Grécia Antiga: beleza, filosofia e humanidade. Ao romper com os padrões clássicos, virou sensação nos palcos dos EUA e da Europa.

Segundo a bailarina, a evolução da dança ocorreu de forma natural. Era uma redescoberta, para ela, dos princípios de beleza, movimento e forma. Ou seja, nascia do impulso de abraçar os desafios da vida, vendo o destino de frente em sua jornada de tragédia e êxtase.

Assim que terminar “A Arte de Duncan”, a GiroDança entra em cena com “Começaria Tudo Outra Vez”, que retrata e festeja a essência do amor. A filosofia de Sócrates, Platão e Aristóteles, bem como discussões e conceitos contemporâneos, é a base do espetáculo.

Na trilha sonora, músicas e poesias interpretadas pela cantora Maria Bethânia salientam as nuances do amor em suas manifestações de Eros, Filia e Ágape. O papel, protagonista cenográfico, não é apenas metáfora da escrita, mas também da delicadeza do sentimento.

A GiroDança retorna na quarta-feira, 27, ao Teatro Goiânia. Dessa vez, apresenta “Sr. Will”, com início previsto às 19h30. O espetáculo reflete sobre as relações humanas e suas modificações em uma sociedade moldada por máquinas, preconceitos e desejos.

Conforme a GiroDança, a ideia é dar voz ao desejo, deixar-se levar por ele, sem amarras ou preconceitos, experimentando o que é proibido. “Sentir gostos, sentir cheiros, sentir toques. Tocar e se assustar com o diferente! Esvaziar-se, libertar-se de tudo que faz mal”, diz.

Em seguida, a Cia de Teatro Alberto Maranhão, de Natal (RN), monta “Gonzagando”, no qual homenageia a cultura popular nordestina e o cantor Luiz Gonzaga. A premissa é a sanfona do rei do baião, o chamego do sertão, a crença na Ave Maria, a Asa Branca.

A noite fecha com apresentação da Mostra Escola, a partir das 21h15. Os espetáculos agitam o Teatro Goiânia até sexta, 29. Também haverá a Mostra Kids. “Escolhemos o Parque Mutirama por ser um espaço de lazer acessível”, explica a diretora Joisy Amorim.