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Na França, a história conta do turismo

Diário da Manhã

Publicado em 1 de fevereiro de 2018 às 00:44 | Atualizado há 4 meses

Ao visitar a revolucioná­ria França, berço dos direitos cidadãos esta­belecidos para o mundo mo­derno, fui conhecer Bordeaux que aparece assim, sem avisar, imersa que se encontra no uni­verso delimitado no romantis­mo e liberdade do amor.

É uma cidade que conta com mais de 250 mil habitantes, situ­ada na região dos vinhos e tem uma área geográfica onírica, to­talmente rural, coalhada de vi­nhedos, pastos e bosques. Em direção oposta, a cultura daque­la cidade está em plena erupção, Bordeaux é uma cidade gran­de, bonita e jovem, destaca-se em sua efervescente vida turís­tica e bucolismo, além de exce­lente centro de compras e vida culturalmente rica e latente. Ali existem também grifes reco­nhecidas internacionalmente e que o turista ama e consome, expostos e disponibilizados no mercado sob grifes da elegância tais como Hermès, Louis Vuit­ton, Longchamp e Anne Fontai­ne, além, é claro, das excelentes multimarcas rotuladas, como a “Axsum”. Os últimos anos fo­ram fundamentais para que, a que antes conhecida enquanto a Bela Adormecida sob as som­bras de suas incontáveis parrei­ras assumisse o merecido posto de La Belle du Jour.

Segundo um artigo estam­pado no internacional The New York Times, Bordeaux tornou­-se a nova Paris. Embriagada de felicidade por me encontrar, de novo, em Bordeux, da última vez que pisei suas ruas – únicas – só desejei andar pelo centro que pulsa convertido em calçadões para pedestres, sem preocupar com trânsito de veículos auto­motores, ocupando os turistas somente ao olhar atento às vi­trines que movem o capitalismo mundial pelas vias do consumo, tanto de grifes, como de estadias em hotéis, pousadas e hostels, restaurantes maravilhosos que servem pratos e bebidas indes­critíveis a outros sentidos huma­nos incapazes em definir o pra­zer da gustação e olfato.

REGIÃO DE BORDEAUX

Às margens do Rio Garon­ne instala-se, imponente, um grande parque onde os mora­dores correm, pedalam e pas­seiam dezenas de cães e outros animais domesticados pela flo­resta urbanizada. Velhos ar­mazéns metamorfoseados em bares, instalados com discote­cas e lojas de consumo de itens afins. A moda da vez, naquela região é Chartrons, local ímpar onde acontece a feira domini­cal Marché des Quais.

Em 2007, metade da capital do vinho foi tombada em Patri­mônio Universal pela Unesco, reconhecida, passou a somar numa mesma geografia mais de 350 edifícios históricos.

A saga continua quando, atu­almente, as ruas de acesso à be­líssima igreja Saint-Michel – atu­almente em obras –, bem como a fonte da apoteótica Place de la Bourse, uma verdadeira joia rara da coroa em pleno centro – cujos edifícios refletem no es­pelho d’água –, formando uma imagem única, intrigante e su­blime. Para curtir o universo do vinho Bordeaux, sem sair da ca­pital, comece pelos workshops e a partir da degustação dispo­nibilizada no Bar a Vin. Depois, tome um trem regional e via­je pela Região de Bordeaux até à magnífica vila medieval de Sain­t-Émilion, de reconhecida his­toricidade e importância exu­berante. Ao redor da colina que sustenta a cidadezinha, mágica e recomendável, o vinho é produ­zido – desde o domínio do luga­rejo pelo Império Romano –para atender os peregrinos com desti­no incerto ao controverso Cami­nho de Santiago, tema de livros e filmes, verdades e metáforas.

Após meia hora de viagem, desfrutada em meio a bosques e campos cobertos de flores pe­renes, amarelas, desembarquei em pleno vinhedo, numa esta­ção, hoje, desativada. Simples como um sonho bom, Saint-É­milion tem a maior igreja mo­nolítica do continente da Eu­ropa, talhada a partir do século IX. As pedras calcárias, extra­ídas do próprio solo, para a construção da cidade, resulta­ram em 200 quilômetros de tú­neis subterrâneos e catacum­bas, muitos deles, aproveitados na condição de caves. Nos vila­rejos Margaux e Pauillac, duas das inúmeras e pequenas gran­des coisas de Médoc, a mais fa­mosa das sub-regiões dos vi­nhedos que cercam a cidade, onde tudo é muito perto e lugar destinado à produção do Mar­gaux, ícone da excelência do vi­nho Bordeaux. Além de criar o tinto número um em termos de pompa, aquela vinícola é uma das que, de fato, instalaram­-se em seu próprio castelo para chamar de sede. A propriedade quase não recebe os turistas, a não ser a partir de reservas.

O discurso sobre as proprie­dades do vinho, particularmen­te, são uma chatice. Quando acontece na casa de um amigo que entende ser um conhecedor da bebida, torna-se desagradá­vel tolerar o exibicionismo, dis­cutindo as notas de cereja ou sua textura aveludada, que ali­ás, fazem sentido em alguns lu­gares como Château na mencio­nada Região de Bourdeux, onde a taça às mãos, e, na companhia de alguns dos grandes enólogos, nada é absolutamente prazero­so como degustar um bom vi­nho, acompanhado de um “bai­ta contexto”. Indico aos leitores de Prazeres à Mesa viajarem para Bordeaux entre os meses de junho e agosto. Agora é a hora certa e o tempo certo, ao lado da companhia certa, aquele para­íso proporciona as vistas mais bonitas, das plantações muito verdes, carregadas em uva pre­matura e perene.

VINÍCOLAS

Em toda a região da Gran­de Bordeaux existem diversas vinícolas, abertas à visitação, onde o viajante turista deverá escolher qual a localidade ou sub-região lhe será interessante e fazer da reserva – diretamente com o Château – um destino de prazer imensurável. No Pome­rol, eu amei visitar os famosos Château Pétrus, Château Le Pin e o Vieux Château Certan, pois nessa sub-região, existe a felici­dade e probabilidade de ser re­cebido no Le Pin, considerado um dos vinhos mais finos e per­feitos do planeta.

Na Região do Médoc, a dica é tentar visitar o Château Du Tertre, que produz um vinho considerado muito bom, com a conveniência de ser mais acessível do que os reconheci­díssimos e famosos Châteaux Lafite-Rothschild, Mouton­-Rothschild, Château Latour e Château Margaux. Observan­do, é claro, que conseguir visi­tar algum desses estrelados é tarefa que torna a experiência turística em oportunidade de vida que definitivamente não será a última, mas a única.

A França é e será sempre o sinônimo da alta gastronomia, e, é justamente isso que eu en­contrei nas regiões de Bordeaux e Saint-Émilion, onde estive vi­sitando e deliciei alguns restau­rantes incríveis, com destaque para dois lugares que – enquan­to sommelier – indico para ir vi­sitar e “se comer rezando”, ou melhor, tomando muito vinho. O restaurante gastronômico do Hotel Hostellerie de Plaisan­ce possui duas estrelas no Guia Michelin, comandado pelo re­nomado chef francês Philippe Etchebest. Sua cozinha con­temporânea destaca-se sob o tempero equilibrado de uma leve influência asiática.

GASTRONOMIA

Jantar no La Cape Restaurant, instalado numa cidadezinha, próxima ao Aeroporto de Borde­aux, a reconhecida Cenon, res­taurante que possui uma estrela no Guia Michelin é indispensá­vel, pois sua cozinha, inventiva e moderna, revela uma verda­deira experiência gastronômica de prazer e saciedade proporcio­nados pelos pratos deliciosos de apresentação impecável. Ali o pão, dos deuses e inesquecível, traz o sabor e a textura no pon­to, enfim, o melhor pão a se de­gustar na França das revoluções e do turismo. Comece com uma entrada de cogumelos servidos com mousse de batatas, depois, ordene o peixe branco com as­pargos frescos, tudo devida­mente harmonizado com uma garrafa de vinho estampada com rótulo local.

Reacendendo mais estas lembranças de inúmeras via­gens, percebi o quanto é preci­so carregar a mochila, esquecer momentaneamente os proble­mas, simplesmente ver o tempo passar. Dar gargalhadas, deitar na grama com os pés descalços apontados para o céu, trazer à lembrança as besteiras sinceras do tempo de criança, sentar-se à mesa com amigos sensíveis, verdadeiros, que falam boba­gens importantes, apreciar o vi­nho na taça da sabedoria e apre­ciar as belezas desse gigantesco e intrigante universo!

Se como disse Mário Quinta­na: “Viajar é mudar a roupa da alma!”, então, que viva Paris!

 

 

O que vestir para viajar para a Região de Bordeaux, na França

Vou dar algumas dicas sobre como usar roupas de frio em sua viagem para curtir um bom vinho na região bordeaux. Uma forma de trazer mais charme ao seu visual de inverno é investir em peças com as cores da estação. Neste quesito, as rou­pas de frio nos tons vinhos se tornam pe­ças curingas. Além de serem super chics, são cores de muito bom gosto e que per­mitem montar destes visuais mais bási­cos, à opções elegantes e ousadas.

Para muitos dos viajantes, combinar este tom com outras cores parece difícil. Como se trata de uma cor dominante, o bordeaux parace chamar mais a aten­ção que as demais cores, e com muitas outras ele já não possui sintonia. Mas fazer as combinações é simples, só pre­cisamos abrir nossa cabeça para as pos­sibilidades e adquirir um pouquinho de prática! Para nos aventurarmos neste mundo pouco explorado de combina­ções de bordeaux com outras cores, vou começar com as cores mais fáceis até chegar nas estampas e misturas de cores mais ousadas. Vamos lá, viajantes!

O preto é a opção que logo vem em minha lembrança, para combinar com o vinho, e realmente não tem erro. Ado­ro estilo rock glam combinando com bo­tas com correntes e fivelas, cachecóis. Também pode se tornar um look chique e elegante se as peças forem mais clássi­cas! O chapéu dá um encanto a mais.

 

Vinhos de Bordeaux

Vou começar pensando na fama que Bordeaux tem: vinhos elegantes, estruturados, bem fei­tos. Talvez os mais “franceses” da França. Comprar um Bor­deaux é, na maioria das vezes, a certeza de um vinho correto, de um vinho que vai evoluir na guarda, de um vinho complexo, a cara do Velho Mundo.

Isso não quer dizer que não dá para se decepcionar com um Bordeaux. Tampou­co quer dizer que não existam rótulos mais simples e bara­tos. Muitos acham que só exis­te vinhos caros na região. Não se preocupe, seu lugar existe e é em Graves, lar dos vinhos mais em conta de Bordeaux.

É da mistura entre cascalho e quartzo que o solo dos me­lhores châteaux de Graves são compostos. O próprio nome da apelação deriva da palavra francesa “gravier”, que signifi­ca cascalho. Além da Cabernet Sauvignon, variedade que do­mina a região, Merlot e Caber­net Franc são usadas com bas­tante frequência. Os tintos de Graves são famosos por seus aromas de frutas vermelhas, e pela sua estrutura complexa e rica em taninos. São vinhos ro­bustos e encorpados, que com­binam muito bem com me­dalhões de carne bovina, com carne de porco, e também de pato.E preste atenção, pois es­tamos falando de uma das úni­cas partes de Bordeaux que fa­zem tanto vinhos tintos como brancos. Em se tratando destes, a maioria resulta do corte de Sé­millon e Sauvignon Blanc.

Em Graves vamos encontrar o único “premier cru classé” que faz parte da classificação de 1855 que se situa fora do Médoc, o grande Château Haut-Brion. Outros grandes vinhos dessas regiões: Château Carbonnieux, Ch. La Mission-Haut Brion, Ch. Fieuzal, Ch. Pape-Clement, Ch. Smith-Haut-Lafitte.


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