Nova montagem de 5X Comédia, chega a Goiânia
Redação
Publicado em 25 de agosto de 2018 às 03:09 | Atualizado há 4 meses
Após um hiato de quase 20 anos, o 5 X Comédia, uma das grandes sensações do teatro brasileiro da década de 90 – concebido por Sylvia Gardenberg, produzido pela Dueto e visto por mais de 450 mil espectadores –, voltou repaginado a partir de 2016 com temporadas de sucesso no Rio de Janeiro, Brasília, Belém, Curitiba, São Paulo, Recife, Belo Horizonte, Salvador, Ribeirão Preto, Fortaleza, Campinas, Porto Alegre, Natal e Palmas. A nova montagem, dirigida por Monique Gardenberg e Hamilton Vaz Pereira, agora chega a Goiânia, onde fica em cartaz no Teatro Sesi, nos dias 25 e 26 de agosto, com cinco esquetes escritos e interpretados por alguns dos mais incensados nomes do humor e da nova dramaturgia do País. Os ingressos estarão à venda no site www. compreingressos.com e nos pontos de venda citados no serviço abaixo.
Nesta versão do século XXI, Bruno Mazzeo, Debora Lamm e Lucio Mauro Filho têm a incumbência de dar vida aos personagens criados, respectivamente, porAntonioPrata, Julia Spadaccini e Gregório Duvivier, enquanto Marcelo Médici e Luis Mirandaencenamtextosdeautoriaprópria. O espetáculo tem cenário de Daniela Thomas e Camila Schmidt, iluminaçãodeManecoQuinderéefigurinode Cassio Brasil. A BB Seguros, empresa que concentra as operações de seguros, previdência privada, capitalização e planos odontológicos do Banco do Brasil, apresentaepatrocinaoprojeto.
MAIS UMA VEZ CINCO
Uma auxiliar de limpeza do teatro conta sua hilária história de vida enquanto varre o palco antes do início do espetáculo Percebendo-se ultrapassada pelas princesas contemporâneas, uma Branca de Neve à base de rivotril lê Simone de Beauvoir na tentativa de construir uma nova mulher. VindadaFrançaparaumapalestrasobresofisticaçãoeelegância, uma impagável e afetada socialite dá dicas de lugares, moda, comidas e drinks para um grupo seleto de convidados. Um pai de primeira viagem recorre a medidasextremasapósmesesdeprivação de sono e precisa se explicar na delegacia. Flavio tenta estabelecer regras para uma suruba que começa a rolar durante uma festa no apartamento emprestado da mãe.
Marco do teatro carioca dos anos 1990, o espetáculo 5X Comédia está de volta pelas mãos de Hamilton Vaz Pereira, diretor-geral das três versões anteriores, e Monique Gardenberg, produtora da montagem original. Dezoito anos depois da última encenação, umanovageraçãoentraemcena: Antonio Prata, Julia Spadaccini e Gregório Duvivier são os autores dos textos interpretados, respectivamente, por Bruno Mazzeo, Debora Lamm e Lucio Mauro Filho, enquanto Marcelo Médici e Luis Miranda apresentam monólogosescritosporelesmesmos. Desta vez, Hamilton e Monique dirigem juntos as cinco cenas.
Assistidaspormaisde450milpessoas em dezenas de cidades brasileiras, as versões de 1993, 1995 e 1999 celebrizaram-se por fichas técnicas cujas vidas se entrelaçavam desde a década de 1970, ora no grupo de teatroAsdrúbalTrouxeoTrombone– capitaneado, não por acaso, por Hamilton –, ora no programa TV Pirata, que foi ao ar na Rede Globo de 1988 a 1990 e voltou à grade em 1992. Os quadros e os atores foram se revezando nos palcos. Quinze quadros. Doze atores: Andréa Beltrão, Denise Fraga, Diogo Vilela, Pedro Cardoso, Luiz Fernando Guimarães, Débora Bloch, Fernanda Torres, Miguel Magno, Cláudia Raia, Patrycia Travassos, Evandro Mesquita, Totia Meireles.
Agora, sublinha Monique, não é muito diferente. “São atores-criadores que se uniram para a produção de um novo humor, como foi o caso da série Cilada, que ficou no ar durante seis temporadas, do filme Muita calma nessa hor‘, ou do programa Junto e Misturado”, ela situa. Hamilton classificaanovamontagemde“corajosa”: “Quem viu lá atrás pode querer comparar, e isso é um perigo. Mas a nova versão não se amedronta, é o que se percebe nos textos que recebemos e na vitalidade que está sendo mostrada por cada intérprete.”
Retornar ao 5X Comédia era um desejo antigo que só ganhou corpo quando Monique se aproximou de BrunoMazzeo por intermédiodeAugusto Casé, que produz os filmes de ambos. Se em 1993 a peça foi concebida por Sylvia Gardenberg, irmã de Monique, a partir de um encontro com Pedro Cardoso, Bruno foi o catalisador da nova montagem. “Vi nele, esse cara multitalentoso que eu admiravadelonge, oparceiroqueprecisava para me ajudar a trazer a peça de volta, assimcomooPedroajudouaSylvinhaa escalar autores, atores, diretores”, diz a diretora. “Isso aqui é, também, uma homenagem a ela”.
Bruno fala da alegria que é participar de um projeto que sempre teve como referência: “O 5X Comédia foi montado por pessoas que fizeram a minha cabeça desde sempre. Quando Monique ligou eu topei mesmo semsaberoqueera, porquetrabalhar com ela já era desejo antigo.
Quando soube o que era, meus olhos brilharam. Dividir o palco com amigos queridoseparceirosdeoutros carnavais, trazendo de volta um espetáculoquemarcouumageração, epoder mostrá-lo para as novas gerações é um dos pontos mais charmosos da minha carreira até agora.”
Debora Lamm, que se lembra de sair de uma sessão de 5X Comédia noCanecãocomasbochechasdoendo de tanto rir, ressalta que a união entre os atores faz a força nesta nova versão, assim como no passado. “Nós também somos uma turma, já trabalhamos juntos diversas vezes e temos uma afinidade, que é justamente o que faz com que continuemos trabalhando juntos”, avalia.
Gregorio Duvivier não tinha idade paraassistiràsprimeirasencarnações do espetáculo, mas lembra de detalhes – a professora de inglês de Débora Bloch, o fumante de Miguel Magno – contados na época pelos pais. Escrito especialmente para Lucio Mauro Filho, seu esquete se constrói em torno deumsujeitoàsvoltascomaspróprias obsessões enquanto recebe amigos de sua mulher para uma orgia. “Queria falar da dificuldade de libertar seu amor para viver outros amores. Existe algum amor livre ou só existe amor livre? Queria falar dessa contradição: àsvezes, abrirarelaçãopareceimpossível, mas não abrir também parece. Longe de ter uma resposta para essa angústia, a cena trata da comicidade desse impasse”, resume o autor.
Unidosesteticamentepelocenário deDanielaThomaseCamilaSchmidt, pelaluzdeManecoQuinderéepelofigurino de Cassio Brasil, os cinco quadrostambémdialogamnoquetrazem de mais atual. Temas e citações se repetem aqui e ali: o novo feminismo, a intolerânciaqueborraoslimitesentre civilidade e barbárie, o desenho animado PeppaPig, ascorruptelasdavez – caso do ubíquo “miga”: “Miga, cê tá bem?”, pergunta a Branca de Neve do esquetedeJuliaSpadacciniaoencontrar Alice deprimida na cama.
Hamilton louva o fato de o espetáculo captar, ao mesmo tempo, um novo momento e uma nova maneira de produzir o riso – “Um riso com conteúdo, graça, que tenha o espírito de um povo, de uma idade” –, embora confesse que às vezes se perde entre uma ou outra referência mais recente. Para Monique, “é uma turma que busca alternativas, novos canais para existir, e é nesse encontro mais livre que surgem ideias surpreendentes, que apontam para um humor irreverente, antenado”.
No esquete “Cleusa”, Marcelo Médici interpretaa personagem homônima, uma auxiliar de limpeza do teatro quecontasuahiláriahistóriadevidae critica todas as peças e atores em cartaz, enquanto varre o palco antes do início do espetáculo.
Em “Branca de Neve”, de Julia Spadaccini, a personagem vivida por Debora Lamm luta para se desapegar da vida de princesa: “Dizem que o mundo mudou, que eu não me adequo mais, que sou antiquada, careta, casada. Mas gente, ser casada agora é um problema? Queriam o quê? Uma princesadivorciada? VivendopelaLei do Concubinato? Solteira aos 40 fazendo fertilização in vitro, barriga de aluguel, colhendo sêmen em banco de esperma alemão?”
Primeirotextodoescritoreroteirista Antonio Prata para o teatro, “Nana, Nenê” retrata o desespero do clarinetista Rodrigo (Bruno Mazzeo), um pai enlouquecidoentreescolasdemamada ede métodosparafazero bebê dormir: “Vocês acreditam nisso? Acreditam que não tem Alô Bebê 24 horas?! Seexistealguma coisaquefunciona24 horas neste mundo é um bebê! Nada é mais 24 horas que um bebê! E não tem nenhuma Alô, Bebê 24 horas! Se eu quiser comprar uma máquina de lavarlouçaagora, eucompro! Seeuquiser comprar falafel agora, eu compro! Se eu quiser sexo ou drogas ou rock ‘n’ roll, eu compro! Não que eu vá comprar, mas tem!”
Em “Madame Sheila”, esquete escrito e encenado por Luis Miranda, uma socialite vinda da França faz uma palestra sobre sofisticação e elegância, com dicas de lugares, moda, comidas e drinks para um grupo seleto de convidados. Avessa ao calor do Brasil, ela enaltece os prazeres de uma vida na Europa.
“Regras de Convivência”, contribuição de Gregorio Duvivier, nos leva a um ensaio frustrado de sexo grupal protagonizado por Lucio Mauro Filho: “Posso só pedir uma coisa? Gostariaqueoscônjugessemantivessem fora do campo visual do seu respectivocônjuge. Não, Heitor, sevocêquiser oseumaridopodeficarnoseucampo visual. Olha, eu tô falando mais especificamente da Marcia. Seria legal se a Marcia ficasse fora do meu campo visual. Pode ser, Marcia?”
Desde que o espetáculo foi idealizado – e apresentado em apenas três sessões na primeira encarnação, para comemorar os cinco anos do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) –, 11 autores passaram pelo programa: Luis Fernando Verissimo, Mauro Rasi, Vicente Pereira, Pedro Cardoso, Hamilton Vaz Pereira, Miguel Magno, Ricardo Almeida, Felipe Pinheiro, Miguel Falabella, Patrycia Travassos, Regiana Antonini. Na lista de diretores dos esquetes até agora estavam Hamilton, Mauro Rasi, Marcus Alvisi, Pedro Cardoso, Miguel Magno, Miguel Falabella e Regiana Antonini.
O comando da cena dividido irmãmente entre Monique e Hamilton é, portanto, uma novidade. “O encaixe tem sido perfeito, porque o Hamilton se liga na coisa espacial da encenação, já eu gosto do detalhe da atuação”, conta Monique. O parceiro corrobora: “São duas frentes complementares que se conectam, uma vai precisar da outra”.
Outra singularidade está no processo mais participativo do que nas encenações passadas. “Todos estão conversando sobre as cenas de todos, estamos valorizando o potencial de cada quadro coletivamente. Antes cada um cuidava do seu e eu visitava todo mundo para ver como estava indo, havia uma independência mais radical”, compara Hamilton. “Agora não, tudo junto misturado, com toda a liberdade”, conclui Monique.
SERVIÇO
5X COMÉDIA
Datas: 25 e 26 agosto
Sábado, às 21h
Domingo, às 17h30 e 20h
Local: TEATRO SESI
Av. João Leite, 1013 Setor Santa Genoveva
Telefone: 3269-0800
PONTOS DE VENDA (APENAS EM DINHEIRO):
1) Bilheteria do Teatro Sesi
Apenas na semana do espetáculo, de 20 a 26 de agosto
Horário de funcionamento:
Segunda a Sexta das 8h às 17h
Sábado e domingo, das 9h até o início da apresentação
2) KOMIKETO
Av. T-4, 6000 – Setor Serrinha
Horário de funcionamento: das 11h a 0h
VENDAS ONLINE:
INGRESSOS:
Plateia Inferior: R$ 100/ R$ 50
Plateia Superior:
Filas, P. Q e R R$ 60/R$ 30
Filas S, T e U R$ 40/R$ 20
Classificação: 14 anos
Gênero: Comédia
Duração: 90 min