Entretenimento

O Baco e a Mulher

Redação DM

Publicado em 29 de março de 2018 às 01:48 | Atualizado há 5 meses

Um de meus leitores me suge­riu um assunto, que é exata­mente saber por que cada mulher tem uma preferência por tal vinho, e principalmente o que elas gostam de beber. Bem, eu cer­tamente não tenho a resposta defi­nitiva para essa pergunta, mas vou tentar responder. A alma de uma mulher é antiga, infinita e cheia de segredos. Ela é como o vinho. Não queira decifrá-la toda em todos os seus gostos e sensações porque vai surpreender-se sempre!

As mulheres definitivamen­te não têm um paladar suave como muitos acreditam. Em­bora ela geralmente tenha de porta de entrada vinhos mais suaves, qualquer mulher pode estabelecer uma linha crescen­te na complexidade dos vinhos.

Portanto, alguns aspectos refe­rentes à mulher e ao vinho devem ser abordados de forma diferencia­da. As opções de escolha são mui­tas, como por exemplo, em rela­ção à idade (jovens ou maduros), apresentação (brancos, rosados e/ou tintos). Estas características mudam os compostos presentes em cada classe de vinho, entre as quais a uva (terroir), o processo de elaboração (tecnologia), o contato com a madeira (reações de oxida­ção) e o tempo de garrafa (reações de redução). Por isto, o vinho pos­sui estrutura complexa e viva, em constante evolução nos diferentes momentos de sua jornada.

HISTÓRIA

No império romano, era veda­do, às mulheres, o prazer do vi­nho. Acredita? O excesso de vinho era desaprovado, para as mulhe­res, porque acreditava-se que sob o efeito do vinho a mulher ficava me­nos virtuosa, e mais indecorosa. Ela ficaria mais propensa, por exemplo, a cometer adultério. Vale lembrar que o adultério não era uma prá­tica tão incomum, uma vez que os casamentos aconteciam por inte­resses políticos ou econômicos, e não por amor ou escolha pessoal.

Pobres romanos. Ficariam em pânico se soubessem que hoje, fe­lizmente, o mundo é muito dife­rente, ainda que esteja longe de ser perfeito. Felizmente vivemos em um mundo com menos crenças e mais saberes. Em um mundo onde, além de enófilas (apreciadoras de vinho), existe também muita som­melière e muita enóloga, esbanjan­do seus talentos por aí!

PALADAR FEMININO

Em belíssimo artigo, publicado na revista Gourmet Life, a somme­lière paulista Sônia Denicol é mui­to feliz quando afirma que “a deli­cadeza de gestos e traços inerentes ao gênero feminino em nada sig­nifica que sua orientação seja para vinhos leves, suaves e adocicados. Com uma sensibilidade mais apu­rada, é possível para as mulheres perceber mais profundamente to­das as nuances do vinho, orientan­do-as na busca de qualidade, ele­gância, equilíbrio e expressão, sem nunca perder de vista o prazer que o vinho proporciona. Quando pro­dutoras, além de qualidade, balizam o objetivo da elaboração de seus vi­nhos também pelo prazer que irão proporcionar aos apreciadores”.

É falso afirmar que as mulhe­res preferem vinhos brancos e es­pumantes. Em uma pesquisa rea­lizada em Nova Iorque, 57% das mulheres consultadas preferiram o vinho tinto, somente 30% prefe­riram o branco e 6% elegeram o espumante. Em uma entrevista, a escritora chilena Isabel Allende, diante da colocação de preferência da mulher por vinho branco e ser este o feminino, disse: “Non me di­gas! Y a mí que me gusta el tinto.”

CRÍTICAS DE VINHO E LIVROS

Falando em escritoras, não há como deixar de reconhecer que en­tre os críticos de vinho e livros mais lidos sobre essa temática estão os de Jancis Robinson, Serena Sutcliffe, Joanna Simon e Fiona Beckett. Es­tariam em mesmo nível dos dois escritores e críticos de vinho mais consagrados no mundo, o norte­-americano Robert Parker e o in­glês Hugh Johnson.

A participação feminina, nos cursos de degustação, nas jorna­das e viagens enológicas é outra realidade cada vez mais visível. De maneira crescente vemos a forma­ção de confrarias idealizadas e for­madas apenas por mulheres. Isso é muito bom, pois em geral ela é de­talhista e mais apaixonada do que o homem nas coisas que faz. O vi­nho necessita dessa dedicação para iniciar a descoberta de seus valores porque a mulher é um vinho gene­roso para os espíritos nobres. Difi­cilmente uma mulher sofisticada ignoraria um bom vinho.

Não há como deixar de esque­cer uma parte do fantástico fil­me O Carteiro e o Poeta quando Neruda interpela o carteiro que usa um de seus poemas para se­duzir uma mulher dizendo que ele não deveria usar já que não era dele, este (carteiro) coloca muito bem que “o poema não de quem o fez, e sim de quem precisa dele” e de minha parte, posso dizer que preciso muito de poesia e de vinho para viver, ain­da mais, neste momento da vida tão sem amor nas pessoas. “Se vi­nhos são mesmo vivos como se costuma dizer, então é uma alma feminina que habita dentro deles e enfeitiça todo aquele que toca uma taça de vinho como se fos­se num beijo”, diz Sônia Denicol. Eu concordo com ela.

Sou mulher meiga e sensível. Porém forte, valente, sei enfrentar a dor, sei desistir do amor quan­do não é mais possível, mas não desisto de um bom vinho e de um sorriso. E, assim me comemoro mulher! Degustando-me no vi­nho de mim mesma.

Deixo uma reflexão a todos que tentam entender as diferentes fa­ces da alma feminina, com uma citação da poeta gaúcha Caroline Salcides: “A alma de uma mulher é antiga, infinita e cheia de segredos. Sorva-a aos poucos, como o vinho. E não queira decifrá-la toda, em todos os seus gostos e sensações. Deixe um pouco para amanhã. E surpreenda-se, sempre”. Brinde­mos a nós. Tim-tim!

 

CAÇAROLA DA SEMANA

 

SOMMELIER ITINERANTE

As sommelières Daniela Bravin e Cassia Campos estão oferecendo um serviço de curadoria de vinhos, entregues em uma caixa de seis gar­rafas, por R$ 480.

A seleção é feita semanalmen­te. “Como provamos muitos vinhos para os nossos projetos, bolamos a caixa, que é uma curadoria de rótu­los bacanas, do que realmente reco­mendamos”, diz Bravin.

Os rótulos não se repetem e vão para o cliente às cegas. “Porque que­remos que a pessoa abra os horizon­tes, mas depois sempre escrevo per­guntando o que ela achou e se fizer alguma observação, não mandamos mais aquele estilo.”

As caixas podem ter temas como “Portugal” ou “Para matar a sede”. “No calor, caprichamos nos bran­cos e em tintos mais leves… O assun­to é vasto e vão pintar muitas cam­panhas.” Acompanham as garrafas fichas técnicas com informações so­bre o estilo do vinho e sugestões de harmonização.

Não há taxa de entrega na ca­pital e, em breve, a operação deve ser ampliada para todo o país. Ainda bem!

VINHOS E ESPUMANTES BRASILEIROS ARREMATAM MEDALHAS NO BACCHUS

O XVI Concurso Internacional de Vinhos – Bacchus 2018 da Espanha, amplia o ranking de medalhas dos vinhos e espumantes brasileiros. Fo­ram duas Medalhas de Ouro e três de Prata, num universo de 1.740 amos­tras de 20 países, avaliadas por 82 de­gustadores. O concurso foi realizado de 8 a 12 de março, em Madri.

O diretor da Associação Brasilei­ra do Enologia (ABE), enólogo Mi­chel Zignani, representou o Brasil no júri. Segundo ele, o Bacchus é o concurso de referência dos vinhos espanhóis, embora haja uma gran­de diversidade de países participan­tes. “É um concurso muito técnico, com um quadro de jurados multidis­ciplinar nas áreas do vinho, formado por enólogos, jornalistas especializa­dos, master of wine e coordenadores de outros concursos internacionais. O nível de exigência é bastante alto. Percebe-se que é priorizado a ele­gância e a fineza dos vinhos em de­trimento da potência”, relata.

PREMIAÇÕES

Medalha de Ouro

Garibaldi Espumante Moscatel – Cooperativa Vinícola Garibaldi

Casa Valduga Gran Leopoldina Chardonnay DO 2017

Medalha de Prata

Casa Valduga Identidade Gran Corte 2012

Aurora Reserva Chardonnay 2017

Miolo Terranova Brut

 

 

Vinhos

Preparei uma lista com cinco vinhos chilenos que você precisa provar. São vinhos simples, ligeiros, e alguns, mais complexos. Explore-os.

Casillero del Diablo Este vinho é pro­duzido na vinícola Concha Y Toro tra­ta-se de um dos vinhos chilenos prefe­ridos dos brasileiros. Entre os motivos para tanto sucesso está o custo/bene­fício do produto, já que pelo fato dele ser produzido em grande escala, além da qualidade excelente o preço é bas­tante acessível.

MONTES CABERNET SAUVIGNON RESERVA

O vinho é produzido nas conceitua­das vinícolas de Aurélio Montes e é re­conhecida por sua elegância. Este tinto é repleto de fruta, tem estilo redondo e presença marcante na boca proporcio­nado pela robustez da bebida.

A vinícola Montes, costuma fazer vi­nhos honestos, gostosos e de bom custo benefício. Ao se deparar com um exem­plar, vale a pena a aposta.

TABALÍ RESERVA ESPECIAL PINOT NOIR

Produzido na região de Limarí, este vinho é um dos mais recomendados pelos chilenos. Trata-se de uma bebi­da fresca e bastante aromatizada com frutas como cerejas, morangos e espe­ciarias. O Pinot Noir da Tabalí chama atenção por lembrar grandes Pinots frescos da região da Patagônia Argen­tina, como o Saurus. Produz excelen­tes vinhos. Leves, prontos para beber, despretensioso, mas com custo bene­fício atraente.

SANTA RITA 120 CABERNET SAUVIGNON

Com um vermelho intenso, mesclan­do uvas e especiarias, ele possui um aroma elegante e suave com sabor fres­co e frutado. O 120 pode ser encontra­do em diversas redes de supermerca­dos no Brasil. Muito conhecido pelo bom custo benefício.

EMILIANA COYAM

Este vinho consiste numa saboro­sa mistura entre diversas variedades de uvas. Ele é produzido por uma das maiores vinícolas do mundo, a Emilia­na Organic Vineyards. Tem a proposta diferente de vinhos orgânicos, que vêm ganhando notoriedade em sua produ­ção. A Redação do Vem da Uva vem ex­perimentando alguns vinhos orgânicos para um especial e vêm percebendo a grande qualidade que apresentam.


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