O balzaquiano Último Tipo
Redação
Publicado em 15 de abril de 2018 às 01:18 | Atualizado há 7 anos
Conheci o talentoso Último Tipo, quando da sua formação, na segunda metade da década de 1980, participando dos concursos de poesia falada e de apresentações musicais. Para a minha alegria e de muita gente que conhece e admira esse grupo que há muito enriquece a historiografia das artes em Goiás, deparei no face book, com uma crônica bem-produzida do assessor de imprensa e Mestre de Cerimônias do 6º Juriti – Festival de Música e Poesia Encenada, Carlos Pereira, que rememora a trajetória do Último Tipo, reproduzida a seguir:
Foi um dia muito especial pra mim e pra muita gente que viveu a efervescência cultural da década de 80 em Goiânia. Conheci os meninos do Último Tipo, os chamo ainda assim hoje, quando começamos a nossa história de amizade há 30 anos. Cursava Comunicação Social na UFG e a colega de curso Marisa Damas (primeira vocalista do grupo e autora de algumas músicas junto com Jara e Déo Pit, entre elas a doce e lúdica Goiânia) me convidou pra assistir um show intitulado Ovo Novo lá na Faculdade de Direito da UFG na Praça Universitária (onde Jara estudava e pretendia ainda ser um futuro advogado). Já tinha deixado o futebol de lado e me enfiei no mundo das artes influenciado pelo mano Léo Pereira que fazia teatro com o grupo Opinião do Sesc – Goiás na época. Fui e me encantei de cara com a moçada do Ovo Novo.
Deste Ovo nasceu o Último Tipo. Aí, começando a aparecer na cena cultural, já com a Lora Brito nos vocais, resolveram fazer um show no Centro Cultural Martim Cererê e me convidaram para auxiliar na produção e divulgação. Tinham convidado o meu amigo e grande diretor de teatro Samuel Baldani, que estava começando a carreira, pra dirigir o show. Baldani não pode comparecer. Aí entramos num processo de direção coletiva daqueles mágicos onde todo mundo dava pitaco e o show Caryocar Cuneaton (nome científico do Pequi) foi se moldando. Eu, a poeta Fernanda Cruz, Delgado Filho na iluminação, os meninos do Último Tipo e amigos artistas, que não me vem à velha memória agora, se desdobraram e mergulharam na concepção, direção e produção do espetáculo. Foi lindo gente!
Nunca vou me esquecer daquele dia quando o Caryocar Cuneaton estreou. Era energia bruta pura e mágica. 30 anos depois, de terem crescido suas asas e voarem pra São Paulo, tive o prazer de chamá-los ao palco pra fazer um show no Festival Juriti de Música e Poesia Encenada do qual, em 1993, Jara Carvalho e Velú, ainda Ávilis, integrantes do Último Tipo, participaram da 1ª edição do Festival que meu mano Ricardo Crimeia, junto com outros jovens, inventaram para dar lugar a um praça vazia de sentimentos e emoções por causa do fim do campo de terrão do Criméia Leste, bairro da Região Norte de Goiânia onde moro até hoje e onde fazemos questão de fazer pelo menos a abertura do Festival que vem alçando voos mais altos a cada edição, e já não cabe mais só no bairro, infelizmente, ou felizmente sei lá. Vamos voar. Voar é preciso.
O Juriti voou e pousou já na 6ª edição com um voo ainda mais bonito. Foi lindo reviver canções autorais daquele show da década de 80, entre elas: Goiânia, Monjolo do Seu Lindorfo e Alice. Outra autorais daquele show como Música Maldita, Maria Vai, Palhaço, Trajes Íntimos e Quermesse ficaram só na memória de quem viveu à época. As releituras de grandes clássicos da MPB como a impagável Rubens e, principalmente, Ponta de Areia, presentes naquele show dos anos 80, transformaram o lúdico espaço do Sonhus em um trem do passado com olhares de futuro. Assim como o Juriti, os meninos cresceram na grande São Paulo e seu repertório também. Releituras de Magrelinha, Marvada Pinga, entre outras, também só ficaram na memória de quem viveu à época porque o show tinha que acabar. Voa meninos do Último Tipo. Voa Juriti e pousa no nosso coração. Encantamento. Alegria. Paz e Luz. Foi o que respiramos naquela noite. E que noite. Evoé!